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Política

Agosto Verde: Campanha oportuniza debate sobre saúde mental de adolescentes

Adolescentes estão entre os mais vulneráveis aos impactos dos problemas da atualidade na saúde mental

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Tristeza profunda e sem causa aparente, desânimo, ansiedade, pânico, irritação… Esses são alguns sentimentos partilhados por diversos adolescentes e agravados neste tempo de crise. Metade deles já sentiram necessidade de pedir ajuda em relação à saúde mental. A discussão desse problema é oportuna e necessária neste mês em que é realizada a campanha Agosto Verde. Aprovada há cinco anos pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), a campanha foi instituída pela Lei 5.088/2017.

Walkes: “Os jovens são os mais afetados neste período de crise”

(Foto: Arquivo pessoal)

O Agosto Verde, conforme estabelece a lei, é dedicado a “ações preventivas à integridade da pessoa, combatendo e prevenindo depressão, prostração ou desânimo, abatimento, esgotamento, estresse, tristeza, melancolia, ansiedade e outras doenças”. Esses sintomas, que atingem pessoas de quaisquer idades, podem ser, em época de crise, mais frequentes em grupos vulneráveis, como jovens e adolescentes.

“Vivemos hoje um período de crise política, econômica e sanitária. Também é crescente o retrocesso de investimento nas políticas públicas e o crescimento das desigualdades sociais. Diante disso, os adolescentes e jovens são as populações mais afetadas, por estarem condicionados ao desemprego, ao subemprego, ao trabalho plataformizado ou ao risco de morte (seja pela Covid, pela violência ou mesmo pela fome)”, alerta o psicólogo Walkes Jacques Vargas.

Para o psicólogo, é importante discutir esse assunto durante o Agosto Verde. “Trazer esse tema para o centro do debate durante o mês de agosto é propor que políticas de promoção à saúde e atenção psicossocial sejam direcionadas para aqueles que estão em maior situação de vulnerabilidade. Dessa forma, olhamos a saúde mental dos adolescentes e jovens levando em consideração o contexto em que estamos inseridos”, afirmou.

Metade dos adolescentes pensa em pedir ajuda

Arte: Luciana Kawassaki

O cenário crítico mencionado por Vargas também foi verificado em enquete com 3,6 mil brasileiros de 15 a 19 anos, realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela organização da sociedade civil Viração Educomunicação. Conforme o levantamento, 51% dos adolescentes já sentiram necessidade de pedir ajuda relativa à saúde mental.

O retorno das aulas presenciais tornou mais visíveis os problemas provocados ou intensificados pela pandemia. Dos adolescentes que responderam a enquete, 37% disseram que se sentem ansiosos e 9%, deprimidos. Além disso, 12% afirmaram que não estão nada bem e 64% que têm dias bons e dias ruins desde a volta às escolas.

Escola, ambiente especial para proteção da saúde mental

Como os adolescentes passam grande parte do dia nas escolas, esse local se mostra especial para a promoção da saúde mental. E ações nesse sentido têm previsão legal. Walkes Vargas lembra que a Lei Federal 13.935/2019 obriga a inserção de assistentes sociais e psicólogos na rede pública de educação básica. “A presença desses profissionais pode prevenir algumas situações que atualmente têm se tornado constantes nas escolas”, frisa o especialista.

Arte: Luciana Kawassaki

A presença de psicólogos e assistentes sociais nas escolas, conforme estabelece a legislação, ainda não se concretizou. “É preciso que essa lei seja colocada em prática. Diante disso, nós do CRP [Conselho Regional de Psicologia – 14ª Região] em conjunto com o CRESS [Conselho Regional de Serviço Social – 21ª Região] e entidades sindicais, temos acompanhado a implementação dessa lei no Estado e municípios”, afirmou Vargas.

Em Mato Grosso do Sul, o trabalho de atenção psicológica na Educação é desenvolvido pela Coordenadoria de Psicologia Educacional (Coped), vinculada à Superintendência de Políticas Educacionais (Suped). No site da Secretaria de Estado de Educação (SED), são disponibilizados documentos com estudos diversos. elaborados pela Coped, que visam auxiliar a comunidade escolar na promoção de direitos e no enfrentamento da violência e outros problemas sofridos pelos estudantes.

Entre esses materiais, está o manual “Saúde mental e comportamento suicida”. O documento apresenta orientações, com fundamentação científica, que podem ajudar nas “reflexões para a construção, pela escola, de um plano de ação pedagógico de promoção de saúde, com vistas ao processo educativo”. Entre outras informações, a publicação enumera e comenta alguns indícios de sofrimento psíquico em estudantes, tais como os citados na arte ao lado.

Outro material relativo à saúde mental é o manual “Luto e posvenção”, que objetiva instrumentalizar a escola sobre o processo do luto e as possibilidades de ações e intervenções de posvenção no ambiente escolar.

“Eu me sinto mais leve com os problemas”, afirma Cecília, de 13 anos

Cecília tem na dança uma aliada para sua saúde mental

(Foto: Gláucia Jandre)

O cuidado com a saúde mental faz parte do cotidiano de Cecília Jandre Mascarenhas. A menina, de 13 anos, tem conseguido, com ajuda da terapia, lidar melhor com suas emoções e a se relacionar com as pessoas sem grandes tensões. “Antes da terapia, eu me sentia perdida e sem entender muito as emoções. Agora, percebo que tenho um rumo e me sinto um pouco mais leve com os problemas. Noto que meus sentimentos por outras pessoas estão leves e com menos preocupações”, contou a adolescente.

Cecília, que gosta de estar com os amigos, avalia que a volta das aulas presenciais lhe fez bem, não tendo dificuldades quanto à aprendizagem e à sua relação com colegas e professores. Na interação com as outras pessoas, o que lhe entristece é quando alguém não é verdadeiro com ela. “E o que me deixa alegre é me divertir com os meus amigos sem preocupações com a ansiedade”, acrescentou.

Além da terapia e dos momentos com os amigos, Cecília, com apoio da família, tem outros hábitos que contribuem para a melhoria de sua saúde mental. “Eu mantenho tratamento com homeopatia faz muitos anos e procuro focar também nas atividades que me dão alegria, como a dança e estudos bíblicos durante a semana”, disse a menina.

É preciso prestar atenção aos sinais

Práticas benéficas à saúde mental precisam estar presentes no dia a dia de todas as pessoas de modo geral, como orienta Walkes Jacques Vargas. “Na rotina corrida e cansativa, é comum sentirmos angústia, ansiedade, medo, tristeza ou desesperança em alguns episódios da vida. Aliás, todos nós experimentamos uma sensação de melancolia em algum momento. Ninguém é feliz o tempo todo”, observa.

E quando essas sensações cotidianas sinalizam para algo além do aceitável, é preciso intensificar os cuidados. “Devemos ficar alertas quando esses sentimentos que acompanham o nosso cotidiano se transformam em crises de ansiedade, de pânico, agitação, insônia, transtornos alimentares ou mudança repentina no comportamento, por exemplo. A manifestação clínica é um sinal importante de que o corpo está pedindo ajuda, o organismo está sinalizando que esses afetos do dia a dia precisam ser cuidados e a psicoterapia é o principal instrumento para dar atenção a tudo isso”, finaliza o psicólogo.

Leis aprovadas pela ALEMS ajudam na melhoria da saúde mental

No seu papel de defesa e promoção de direitos, a ALEMS tem contribuído na elaboração e aprovação de normativas que auxiliam na melhoria da saúde mental dos sul-mato-grossenses. Além da campanha Agosto Verde, o Parlamento aprovou diversas outras leis relativas à saúde mental.

Assembleia Legislativa aprovou diversas leis em favor da saúde mental

(Foto: Wagner Guimarães)

Na atual legislatura, foram aprovadas quatro leis referentes à saúde mental e que, de alguma forma, relacionam-se a jovens e adolescentes ou ao ambiente escolar. Entre essas normas, está a Lei 5.468/2019, que criou o Dia Estadual em Atenção à Saúde Mental dos Profissionais de Educação. A data estabelecida é 30 de setembro.

Outra lei, a 5.602/2020, instituiu o programa de capacitação para profissionais da Educação para atuação na prevenção ao uso de drogas entre crianças, adolescentes e jovens. A lei determina que as ações sejam coordenadas por educadores, profissionais da Saúde Mental, dos Direitos Humanos, entre outros especialistas.

Também foi aprovada pelos parlamentares da atual legislatura a Lei 5.731/2021 que criou a Política de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome da Depressão em Mato Grosso do Sul. E, diretamente ligada à pandemia, vigora desde junho deste ano a Lei 5.893/2022, que dispõe sobre o atendimento à saúde mental das vítimas da Covid-19.

Normativas nacionais dispoẽm sobre saúde mental de estudantes

Além dessa recente legislação estadual, há normativas nacionais que tratam, de modo geral ou em alguns dispositivos, sobre saúde mental de estudantes e/ou de jovens e adolescentes. É o caso da Lei 13.819, que instituiu a Política Nacional de Prevenção da Prevenção da Mutilação e do Suicídio.

O tema saúde mental também está presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Esse documento elenca como uma competência geral da Educação Básica a seguinte: “conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas”.

Serviço:

Onde buscar ajuda? Confira alguns caminhos:

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) – veja a relação das unidades.

Unidades Básicas de Saúde (UBS) – veja a lista das unidades de Campo Grande.

Centro de Valorização da Vida (CVV) – atendimento gratuito pelo telefone 188.

Grupo Amor Vida (GAV) – oferece apoio emocional de forma gratuita.

Mapa interativo elaborado pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) disponibiliza contatos de locais que prestam atendimento em saúde mental. É possível encontrar, no mapa, endereços de CAPS, clínicas, hospitais, Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS AD), etc.

Atendimento gratuito em universidades:

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Psicologia Unigran Capital.

Clínica-Escola da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

Clínica-Escola do Curso de Psicologia da Uniderp.

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sharethis sharing button(Com assessoria. Fotos: Divulgação)
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Política

Lula cobra agilidade na liberação de recursos para o Rio Grande do Sul

Presidente esteve em solenidade para anunciar nova medidas ao estado

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Em terceira visita ao Rio Grande do Sul desde o início das enchentes que devastaram o estado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (15), que os governos precisam trabalhar com agilidade para dar respostas à população. Lula participou de uma solenidade em São Leopoldo do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, para anunciar novas medidas de socorro à população, incluindo o pagamento de um benefício de R$ 5,1 mil para as famílias afetadas pelas inundações, além de um programa de reconstrução de moradias populares.

“Um apelo aos companheiros prefeitos, pelo amor de Deus, a agilidade de vocês, de apresentar as propostas e projetos, é que vai mostrar, pra gente, se a Caixa Econômica está morosa ou não, se tem burocracia ou não”, disse Lula.

“Se for a burocracia, nós temos que desmontar essa burocracia. Não é possível. Muitas vezes, o tempo de pensar de um cidadão que está com a responsabilidade de liberar um recurso, porque ele é um funcionário estatutário, não é o mesmo tempo do cara que está precisando do dinheiro”, acrescentou o presidente. Lula observou que, desde as enchentes que assolaram o Vale do Taquari, no ano passado, a reconstrução das casas não tinha começado.

A população gaúcha vive a maior catástrofe climática de sua história, desde o dia 29 de abril, com chuvas e enchentes que resultaram na morte de 149 pessoas e deixaram mais de 800 mil fora de suas casas.

Lula ainda alertou que, se a resposta do poder público não for rápida, as instituições perdem credibilidade e abrem caminho para desestabilização política.

“As coisas têm que funcionar, porque senão a gente perde credibilidade, as pessoas passam a desacreditar nas instituições, na democracia, nos governantes. E o que vai acontecer? Uma anarquia, ninguém acredita em ninguém, cada um faz o que bem entende até que o mundo se mate”, reforçou.

Durante a visita, Lula visitou um abrigo em São Leopoldo e conversou com famílias que tiverem que deixar suas casas.

União institucional

A viagem de Lula ao Rio Grande do Sul contou com presença de diversas autoridades, incluindo o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que elogiou o esforço de unidade envolvendo os governos estadual e federal.

“Eu não sou da política, sou do direito, mas é muito importante ressaltar nesse momento a presença do presidente da República e do governador do estado. Acho que isso representa uma elevação de patamar civilizatório, que é a não politização de uma crise humanitária”, afirmou o magistrado.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que acompanhariam a comitiva, acabaram ficando em Brasília para encaminhar o dia de votações no Legislativo. Ambos estiveram com Lula na visita anterior ao estado, há 10 dias.

“Nós estamos aqui para mostrar que não haverá diferenças políticas, não poderá haver diferença ideológica para superar o momento de união que deve ser atender as pessoas que mais precisam, as pessoas que precisam de casa, de abrigo, de atenção, vamos estar junto delas”, enfatizou o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em seu discurso.

Leite ainda lembrou que todos os governadores de todos os estados enviaram equipamentos e equipes de resgate e destacou o fato de milhares de pessoas terem sido salvas, apesar das 149 mortes registradas até agora.

(Fonte: Agência Brasil. Foto:Reprodução)

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Política

MP aponta irregularidades de R$ 164 mil na União da Câmara de Vereadores em MS

Investigação é sobre repasse de recursos pela Câmara Municipal de Paranhos à entidade

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O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) aponta irregularidades em pagamentos de R$ 164 mil da União da Câmara de Vereadores de Mato Grosso do Sul, que se destaca pela realização de seminários para os representantes do Poder Legislativo. A associação passou a ser investigada em outubro de 2021, após denúncia anônima à Ouvidoria do MP.

Em dezembro do ano passado, o inquérito civil foi prorrogado por mais um ano pelo promotor Gevair Ferreira Lima Júnior, titular da 49ª Promotoria de Justiça de Campo Grande (relativo a patrimônio público, fundações e entidades de interesse social).

Contudo, a investigação já resultou em outro procedimento, desta vez em Paranhos. Nesta sexta-feira (dia 10), a promotoria abriu apuração sobre suspeita de irregularidade no repasse de verbas da Câmara Municipal de Paranhos à União das Câmaras de Vereadores de MS.

No inquérito que corre em Campo Grande, o MP a destaca que a entidade não implementou o Portal da Transparência a contento. Já auditoria contábil e financeira das contas apresentadas pela União das Câmaras dos Vereadores de Mato Grosso do Sul (de 2020 até os dias atuais) concluiu pela existência de irregularidades: pagamentos com falhas na comprovação de justificativas, pagamentos para pessoas distintas dos recibos, recibos sem assinaturas.

A soma dos pagamentos com essas irregularidades foi de R$ 164.164,81. A lista inclui valores repassados a pessoas físicas, empresas, igrejas evangélicas, locação de salão da Adepol

O MP também vê fragilidade no controle de pagamento para ressarcir gastos de funcionários.

“Verifica-se que a entidade não possui nenhum formulário de registro e solicitação de reembolso a ser preenchido pelos funcionários, pois várias compras são efetuadas pelos próprios colaboradores e os valores transferidos diretamente da UCVMS para eles. Além disso, os itens constantes nos cupons fiscais apresentados geram estranheza, como por exemplo, a “bebida láctea com whey” inserida na compra de 18/08/2021. Não há qualquer relação com a atividade finalística da instituição, carecendo, portanto de justificativas para a compra de itens como este”.

Valores também são transferidos diretamente da conta da UCVMS para o presidente Jeovani Vieira dos Santos, sem o preenchimento de qualquer formulário ou registro formal.

“Sendo assim, resta evidente que a gestão da entidade em tela possui muitas perguntas a serem respondidas, devendo, inclusive, rever o modelo de gestão com vistas a adequação aos princípios administrativos consagrados no Direito Brasileiro, sobretudo, em se tratando de entidade que recebe recursos do Erário”, apontou o promotor Gevair Ferreira Lima Júnior ao prorrogar o inquérito.

O presidente Associação, Jeovani Vieira dos Santos, afirma que tudo já foi respondido ao Ministério Público e a União acatou a todas as recomendações do órgão estadual. No site da associação estão disponíveis os balancetes de 2021, 2022 e 2023. Já a aba “prestando de contas” apresenta a mensagem: “Estamos cadastrando este conteúdo!”.

“O MP solicitou que colocássemos as informações no portal da transparência e está lá no portal da União”, exemplifica. Quando ao pagamento, ele afirma que não há irregularidades, pois “recibo tem validade jurídica”.

Paranhos – Em Paranhos, a 462 km de Campo Grande e na fronteira com o Paraguai, a apuração é sobre repasse de recursos pela Câmara Municipal, que é filiada à entidade. O maior valor foi em 2018: R$ 10.860.

Atualmente, conforme comunicação do presidente da Câmara de Vereadores, o valor mensal de contribuição à UCVMS é de R$ 350, totalizando R$ 4.200,00 anuais.

“Para a exata apuração dos fatos, será promovida a coleta de informações, depoimentos, certidões, e outras diligências que se fizerem necessárias para posterior recomendação, tomada de compromisso de ajustamento, conversão em Inquérito Civil, ajuizamento de ação cabível, ou arquivamento do procedimento, nos termos da lei”, afirma o promotor Leonardo Dumont Palmerston, que atua em substituição legal.

A presidente da Câmara Municipal de Paranhos, a vereadora Elisabeth Brites Benites (PSDB), afirmou que não tem conhecimento da investigação e do valor repassado à associação. “Temos que fazer levantamento dessa informação”, disse.

(Fonte: CampoGrandeNews. Foto: Divulgação)

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Política

Governo anuncia R$ 50,9 bilhões em medidas para o Rio Grande do Sul

Lula garantiu que burocracia não irá atrapalhar urgência das ações

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O governo federal anunciou, nesta quinta-feira (9), um conjunto de medidas que deve injetar quase R$ 50,945 bilhões na economia do Rio Grande do Sul, estado que enfrenta a maior tragédia de sua história, após ser atingido por chuvas e enchentes nos últimos dias. A antecipação de benefícios, a estruturação de projetos de logística e infraestrutura e, principalmente, o aporte de recursos para alavancar e subvencionar o crédito estão entre as ações.

Em apresentação no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicou que esses são recursos iniciais. “Isso não termina aqui. Eu tenho dito aos ministros que nós temos que nos preparar porque a gente vai ter o tamanho da grandeza dos problemas quando a água baixar e quando os rios voltarem à normalidade”, disse Lula.

“Vamos ter que, agora, começar a pensar como que a gente vai atender as pessoas. Porque eu já sofri enchente, deu 1,5 metro dentro da minha casa e quando a água vai embora a desgraça é muito feia […]. Você não tem a quantidade de lama que fica, a quantidade de sanguessuga, de bactérias, de baratas mortas, é um negócio do inferno. E essa gente perdeu aqueles bens, muita gente acha que uma televisão é uma pequena coisa, que não tem muita importância, mas para uma pessoa mais humilde, a televisão é um patrimônio. O fogão é um baita de um patrimônio, a geladeira, então, nem se fala. E uma máquina de lavar roupa é uma coisa muito importante para as mulheres que estão sobrevivendo a um verdadeiro sofrimento e martírio com essa chuva”, argumentou o presidente.

Lula garantiu ainda que o governo federal está empenhado para que nenhuma burocracia atrapalhe a urgência das ações que vêm sendo anunciadas.

Público atendido

Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, as medidas e recursos anunciados hoje vão beneficiar trabalhadores assalariados, beneficiários de programas sociais, estado e municípios, empresas e produtores rurais.

“É um conjunto amplo de medidas, cada uma com um instrumento específico, para atender esse conjunto de atores que vão ter que, nos próximos dias, começar a reconstruir suas vidas. Assim que a água baixar, esse sistema tem que estar pronto para ser ativado na ponta, para que o povo gaúcho tenha o atendimento o mais rápido possível”, disse. “É uma primeira medida que vai garantir um fluxo de recursos importante nesse primeiro momento, até que tenhamos um apanhado maior da situação, que pode exigir medidas adicionais”, explicou Haddad.

De acordo com o ministro, o impacto primário das medidas é de R$ 7,695 bilhões e não afetará as ações e programas executados ordinariamente pelo governo federal em outras regiões do país. “É um recurso em proveito do povo gaúcho, que conta com o decreto de calamidade  para sua execução”, disse.

Adicionalmente, cada ministério está elaborando seu plano de ação para o Rio Grande do Sul. Além disso, na próxima segunda-feira (13), o Ministério da Fazenda deve anunciar o resultado das negociações em torno da dívida do estado com a União. O governador Eduardo Leite pede a suspensão das parcelas dos débitos com o governo federal para liberar cerca de R$ 3,5 bilhões do caixa do estado.

Os anúncios feitos hoje estão em medida provisória assinada por Lula, que será encaminhada ao Congresso Nacional. Durante o evento, Banco do Brasil, Caixa e BNDES também anunciaram medidas adicionais para atender a população do Rio Grande do Sul. Os bancos públicos anunciaram a suspensão do pagamento de dívidas e do FGTS por parte das empresas.

Os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, estiveram presentes no evento de anúncio no Palácio do Planalto.

Trabalhadores assalariados

Para trabalhadores assalariados, haverá a antecipação do pagamento do abono salarial para este mês de maio. Serão R$ 758 milhões destinados a 705 mil trabalhadores com carteira assinada.

Também haverá a liberação de duas parcelas adicionais do seguro-desemprego para os desempregados que já estavam recebendo antes da decretação de calamidade, ao final da última parcela. Serão beneficiados 140 mil trabalhadores formais desempregados e o impacto será de R$ 495 milhões aos cofres públicos.

A Receita Federal também trabalha na priorização no pagamento da restituição do Imposto de Renda para contribuintes do Rio Grande do Sul. O pagamento ocorrerá até junho para até 1,6 milhão de pessoas, no valor de R$ 1 bilhão. “É um valor que é delas, a única coisa que estamos fazendo é antecipando o cronograma para mobilizar recursos para ativar a economia e a reconstrução da vida das pessoas afetadas”, disse o ministro Fernando Haddad.

Beneficiários de programas sociais

O governo federal antecipará os pagamentos do mês de maio do Bolsa Família e do Auxílio-Gás para 583 mil famílias gaúchas que recebem esses benefícios. O impacto imediato será de 380 milhões.

Estado e municípios

Serão aportados R$ 200 milhões para que os fundos de estruturação de projetos dos bancos públicos consigam apoiar e financiar projetos de reconstrução de infraestrutura do estado e dos municípios afetados.

“Estamos falando de pontes, viadutos, estradas, de um conjunto de ativos, logísticos sobretudo, que vão exigir um escritório de projetos para que tenhamos celeridade na contratação e obras. Muitas vezes, você não vai construir a mesma ponte no mesmo lugar, pode ser uma ponte diferente ou deslocar aquele equipamento para outra localidade. Isso vai exigir que tenhamos agilidade para a formatação de projetos que possam ser contratados em regime de urgência”, disse.

“Uma coisa é contratar obras em regime de urgência, outra coisa é não ter o projeto e contratação de obra, você não consegue nem orçar para fazer uma contratação emergencial”, explicou.

O governo federal também fará uma força-tarefa para acelerar a análise de crédito com aval da União para municípios do Rio Grande do Sul. São 14 municípios que estão com operações de crédito em andamento no valor de R$ 1,8 bilhão, sendo R$ 1,5 bilhão em operações externas e R$ 300 milhões em operações internas.

Brasília (DF) 09/04/2024 – Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (c) disrusa durante anuncio de novas medidas de ajuda e apoio ao Rio Grande do Su
Foto: José Cruz/Agência Brasil
Brasília (DF) 09/04/2024 – Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (c) durante anuncio de novas medidas de ajuda e apoio ao Rio Grande do Su Foto: José Cruz/Agência Brasil

Empresas

Para as empresas, haverá o aporte de R$ 4,5 bilhões no Fundo Garantidor de Operações (FGO) para garantias de crédito no âmbito do Programa Nacional de Apoio a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Segundo Haddad, os recursos deverão alavancar R$ 30 bilhões em empréstimos aos empresários.

Além disso, também no âmbito do Pronampe, o governo destinará R$ 1 bilhão para subvenção de juros, até o valor máximo de crédito concedido passível de desconto de R$ 2,5 bilhões. Ou seja, dos R$ 30 bilhões potenciais de crédito, R$ 2,5 bilhões serão concedidos com desconto de juros.

“Muitas vezes, vocês dá a garantia de crédito, mas, mesmo dando a garantia, tem um limite de redução de juros porque temos uma Selic alta, o spred [diferença entre taxa de captação de dinheiro, pelo banco, e a cobrada dos clientes], e o banco, mesmo querendo, não consegue reduzir a patamares que o tomador consiga pagar, sobretudo em uma situação como essa. Então, nós temos que criar linhas de crédito com juros zero, em alguns casos não haverá outra alterativa”, disse o ministro Haddad.

Segundo ele, o Pronampe funcionou durante a pandemia de covid-19 e, recentemente, foi corrigido para permitir a renegociação de dívidas. “Agora, com essa medida, vamos reativar o programa nas bases estabelecidas pelo seu governo [do presidente Lula]. Qualquer ocorrência que venha acontecer daqui um ano, dois anos com o tomadores, ele vai saber que o sistema bancário estará autorizado a reprogramar esses pagamentos, em caso de necessidade”, explicou.

O governo ainda fará o aporte de R$ 500 milhões no Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), do BNDES, para garantir a alavancagem de crédito no Programa Emergencial de Acesso ao Crédito. A medida deve alavancar R$ 5 bilhões em concessão de crédito para microempresários individuais, micro, pequenas e médias empresas.

Também será prorrogado, por no mínimo três meses, os prazos de recolhimento de tributos federais e Simples Nacional. A medida terá impacto de R$ 4,8 bilhões e deverá beneficiar 203 mil empresas.

Produtores rurais

Ainda para empresa e também para produtores rurais, haverá a dispensa da apresentação da Certidão Negativa de Débitos para facilitar o acesso ao crédito, contratações e renegociações em instituições financeiras públicas. A medida valerá por seis meses, de maio a novembro.

Por fim, os produtores rurais também terão R$ 1 bilhão para subvenção de juros ao Pronaf e Pronamp, até o limite global de crédito de R$ 4 bilhões passíveis de desconto de juros. “Isso garante uma entrada de recursos no campo bastante importante para recuperar a capacidade de produção agrícola”, disse o ministro Haddad.

(Fonte: Agência Brasil. Foto:Reprodução)

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