Com a demanda reprimida e a elevação do tíquete médio em Turismo,a procura maior por Serviços e o arrefecimento da pandemia levaram o franchising a registrar rescimento de 17,2% no faturamento no 1º trimestre de 2023 ante igual período de 2022, quando a variante Ômicron da covid estava ativa.
A receita passou de R$ 43,380 bilhões para R$ 50,854 bilhões. Porém, a pressão de custos, o comportamento ainda oscilante dos consumidores e o reequilíbrio de compromissos financeiros da pandemi continuam a ser desafios para o setor. É o que aponta a Pesquisa Trimestral de Desempenho do Franchising realizada pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Na comparação com o primeiro trimestre de 2019 (antes da pandemia), o incremento na receita chega a 22,6%. Já em relação ao faturamento no acumulado de 12 meses, a alta foi de 16,1% – receita que avançou de R$ 188,568 bilhões para R$ 218,962 bilhões. O patamar ficou superior ao período pré-pandemia, com destaque para o montante que ultrapassou a barreira dos 200 bilhões de reais. Os dados da ABF apontam, ainda, que são cinco trimestres seguidos de crescimento do setor.
De acordo com Tom Moreira Leite, presidente da ABF, esse crescimento superior a 17% é a melhor performance já registrada em um primeiro trimestre do ano, marcando mais uma vez trajetória de recuperação do setor de franquias, já destacada nos estudos anteriores.
Ficam sinalizados também os avanços dos players do setor com mais investimentos na digitalização dos negócios, omnicanalidade e em manter ganhos de escala, entre outros fatores. “Mas alguns desafios se mantêm em um mercado mais competitivo e instável, com um consumidor mais exigente, a recuperação do tíquete médio, impactado por descontos para manutenção da demanda, das incertezas no campo macroeconômico, a inflação e juros altos e dificuldade na obtenção de crédito”.
Dentre os fatores que contribuíram para este desempenho no 1º tri, estão a retomada mais forte das atividades presenciais (principalmente viagens, eventos e confraternizações), de novo, o arrefecimento da pandemia, a demanda por serviços e a recuperação mais prolongada de Turismo e Hotelaria.
REDES MANTÉM EXPANSÃO
Os dados da pesquisa revelam que houve aumento de 5% na abertura de unidades, e o encerramento foi de 2,6%, resultando num saldo positivo de 2,4% – número um pouco maior na comparação com o 1° tri de 2022, que foi de 1,8%.
Já os repasses ficaram estáveis, com índice de 1,0% contra 0,8% no período anterior. A variação nestes três primeiros meses representou acréscimo de 10.641 operações de franchising no País em comparação a igual período de 2022, totalizando 184.411 operações.
TODOS OS SEGMENTOS CRESCEM
Os 12 segmentos pesquisados pela ABF cresceram no período pesquisado, e o que apresentou maior variação positiva foi Hotelaria e Turismo, com faturamento 37,5% maior ante o 1° tri de 2022. Após o período de pandemia e o fim do isolamento social, o segmento apresentou um acentuado crescimento com a atendimento da demanda reprimida e o aumento do tíquete médio por transação.
Saúde, Beleza e Bem-estar, com alta de 27%, e Alimentação Food Service, que cresceu 21,2%, vêm em seguida. Esse bom desempenho está relacionado à continuidade da procura por serviços voltados à saúde, satisfação e ao cuidado pessoal, e a combinação de vendas no salão e via delivery no caso de food service. Um denominador comum a estes segmentos é o aumento expressivo do faturamento médio por unidade, a expansão do número de marcas e a abertura de novas operações.
Na sequência, também se destacaram Limpeza e Conservação, com faturamento 19,2% maior ante o 1° tri de 2022, e Alimentação – Comercialização e Distribuição, cuja receita cresceu 18,6%.
LOJAS DE RUA x SHOPPINGS
A pesquisa da ABF indicou também uma predominância das operações de franquias em ruas, com um pouco mais da metade delas neste formato. Segundo o levantamento, houve uma ligeira alta da participação desses pontos de venda, passando de 51,7% para 52,0%. As operações em shopping centers vêm em segundo lugar, também com uma alta, de 20,0% para 22,2%.
Outros formatos apresentaram maiores variações quanto à localização das franquias: Supermercados/Galerias, que saltaram de 2,6% para 4,2%; Terminais de Transporte, de 0,9% para 2,0%; Strip Mall, de 0,4% para 1,7%, e Virtual, de 0,8% para 2,7%.
Já as operações Home Based tiveram um decréscimo na participação em relação aos demais formatos, passando de 14,8% para 10,1%, como um possível reflexo do término do isolamento social. Unidades localizadas em pontos comerciais menos tradicionais, classificados como “Outros” (Prédios comerciais, Postos de combustível – Conveniência –, Condomínios residenciais, Store in Store, Hospitais e Clubes esportivos) também apresentaram redução, passando de 8,7% para 5,2%.
Para o presidente da ABF, flexíveis como são,as redes de franquias se adaptaram rapidamente à realidade imposta pela pandemia, quando houve aumento do número de unidades home based, como demonstrou o levantamento de 2022.
“Agora, o crescimento das operações em pontos físicos, como ruas, shoppings, supermercados e galerias, e também virtuais, revela que as redes permanecem atentas às oportunidades do mercado e estão cada vez mais onde o consumidor está”, afirma.
NOVOS FRANQUEADOS
O estudo da ABF traçou pela segunda vez o perfil dos novos franqueados pela percepção dos franqueadores. “Empresário procurando novas oportunidades” permanece liderando e cresceu, com participação de 34,9% ante 29% no 1º trimestre do ano passado.
O perfil de “Investidor” ficou estável, passando de 17,8% para 17,9%. Já os grupos de empreendedores que buscam uma franquia “Como opção de carreira”, “Complemento de renda ou vendas” e “Alternativa de ocupação ou vendas” tiveram decréscimo, possivelmente um reflexo da recuperação do emprego e da atividade econômical. Já o perfil “Aposentado” teve alta de 1,6% para 2,3%.
(Com assessoria. Foto: Divulgação)