O Festival Internacional do Chamamé, realizado entre os dias 11 e 14 de novembro em Porto Murtinho, foi mais do que um evento de consagração do ritmo fronteiriço apreciado pela maioria da população do Estado, segundo pesquisa. Envolveu a região, levando alegria, divertimento e conhecimento aos murtinhenses, paraguaios e argentinos, deu amplitude à Rota Bioceânica e movimentou a economia local num período de baixa temporada do turismo.
Com extensa programação – 49 shows, oficinas e seminários -, o festival marcou pelo congraçamento entre os chamamezeiros dos três países, numa linguagem universal através da música correntina, e a participação da população fronteiriça. O encontro tomou uma dimensão maior, avançando além da proposta de atrair mais adeptos ao chamamé, principalmente entre os jovens. A repercussão, por meio das redes sociais, ecoou em todo o continente.
“Nossa cidade e os nossos irmãos da fronteira tiveram momentos indescritíveis. A alegria da população, dos artistas e visitantes foi contagiante”, comento o prefeito murtinhense Nelson Cintra. “O festival proporcionou também conhecimento aos jovens, que pouco ou nada sabem da importância do chamamé, através de seminários, e veio em momento importante para a nossa economia, produzindo não só cultura e alegria, mas renda e emprego para as pessoas.”
Transpôs fronteiras
Realizado pela prefeitura de Porto Murtinho, com apoio do Governo do Estado e Fundação de Cultura de MS e direção do Instituto Cultural ChamaméMS, o festival aqueceu o comércio local. Doze hotéis e pousadas, que normalmente não teriam movimento com o fechamento da pesca, comercializaram três mil diárias somente para a organização do evento em quatro dias.
Uma cozinha com dez pessoas foi contratada e serviu duas mil refeições à produção e artistas. Os postos de combustíveis também lucraram, atendendo 17 carretas e caminhões com as estruturas de palco, e 15 veículos e seis vans para locomoção dos artistas e atender ao evento.
“A ideia de adiar o festival para novembro foi um dos pontos positivos, proporcionando um grande ganho para a nossa economia, além da geração de empregos e renda”, avaliou Isabel Froes, secretária municipal de Turismo, Indústria, Comércio e Desenvolvimento.
No aspecto cultural e massificação de uma das essências da música tradicionalista de Mato Grosso do Sul, a abrangência do encontro histórico transpôs fronteiras e se consagrou já na primeira edição como um dos maiores festivais do gênero na América do Sul. “A proposta que se materializa é transformar Porto Murtinho na capital do chamamé latino-americano. É preciso também investimentos, mas avançamos”, disse Orivaldo Mengual, produtor.
Também presidente do Instituto Cultural Chamamé MS e divulgador do chamamé nos meios radiofônicos há 25 anos, Mengual ressaltou que o evento na fronteira deu maior visibilidade aos artistas e o objetivo de elevar o nome de Porto Murtinho como portal da Rota Bioceânica foi alcançado. “Foi um grande desafio organizar um evento dessa magnitude, mas deu tudo certo e o resultado é esse, um sucesso de público, e o sentimento de quero mais”, concluiu.
Marco legal
A diretora artística do evento, Andrea Freire, destacou o critério na composição do festival e a compreensão e visão do poder público na sua concepção. Num segundo ponto, cita a programação, que trouxe a força da cultura fronteiriça com muita qualidade; a expansão do conhecimento e debate da raiz chamamezeira; e o significado da Rota Bioceânica para a região, aliada à cultura, para um público muito especial – moradores, jovens e agentes públicos.
“O festival ganhou uma divulgação ampla, inclusive fora do Estado, com a repercussão por meio da imprensa”, reforça Freire. Para ela, o encontro estabelece um marco legal para a cidade e envolver a população e mais de 40 pessoais moradoras na sua execução. “Um legado importante para a sua continuidade, o pertencimento da cidade, que foi envolvida e depois envolveu o festival, numa via de duas mãos. E quem esteve lá certamente não vai esquecer.”
Para a integrante da organização, o festival nasceu forte e com potencial para crescer e ser uma mola propulsora para o desenvolvimento local (cultura, turismo e economia criativa). “Foi uma ousaria realizar em Porto Murtinho e deixou uma impressão excelente para os visitantes e artistas, criando uma sinergia fundamental para um evento como esse. É um evento exitoso e a gente pode se orgulhar de ter contribuído para que ele se firme e continue”, assinalou.
“Viver com dignidade é direito humano”, esse é o tema da 14ª Mostra Cinema e Direitos Humanos, que acontece em 27 cidades, até 30 de novembro. A ideia é promover o diálogo sobre temas como igualdade, justiça social e respeito à diversidade. E é de graça. Cada uma das produções locais vai ser conduzida por professores-produtores de instituições federais de ensino.
A mostra traz em sua programação mais de 20 filmes, entre curtas e longas-metragens, além de sessões infantis e debates mediados com convidados. A promoção é do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Entre os filmes selecionados, o destaque é para produções que abordam temas como identidade, justiça social, inclusão e direitos humanos.
Em Brasília, o festival vai ser aberto nesta quarta-feira (20), no Cine Brasília, às sete horas da noite, com apresentação cultural e a presença de representantes do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, e da homenageada desta edição, a montadora Cristina Amaral. A mostra vai ser exibida até próximo sábado, dia 23,na capital federal.
Mato Grosso do Sul é rico em cultura e, durante dezembro, uma das principais festas folclóricas é realizada em Porto Murtinho. Então já fica a dica aqui para se programar para um bate e volta prolongado com Toro Candil e a chance de conhecer os atrativos da cidade.
Maracada para os dias 7 e 8 de dezembro, a festa reúne a comunidade pelas ruas. Confira abaixo todos os detalhes.
O que é a festa de Toro Candil?
Patrimônio imaterial e cultural, a festa de Toro Candil é um evento de rua que resgata o folclore, sincretismo e a união entre Brasil e Paraguai. Na prática, há o duelo entre dois touros, uma herança espanhola baseada em uma antiga lenda. Há uma mistura entre dança e teatro.
Além disso, com o cunho religioso, Nossa Senhora de Caacupê é homenageada. Com o preparo começando dias antes, a comunidade se envolve na produção do figurino, com máscaras, e o desenvolvimento dos bois.
No dia da festa, há uma procissão da santa que chega pelo Rio Paraguai. Na caminhada, as devotas da virgem e os personagens mascarados (representando a alegria e a festividade) seguem o trajeto.
E não dá para esquecer da “pelota tatá”, uma brincadeira com bola de fogo.
Como ir até Porto Murtinho?
Saindo de Campo Grande, a empresa Cruzeiro do Sul possui ônibus no terminal rodoviário às 11h30min e às 23h. Em média, são 8 horas de viagem.
Com essa empresa, o valor da passagem custa a partir de R$ 190. Já quem quiser ir com veículo próprio, a viagem leva em torno de 5h20min para cruzar os 440 km entre a Capital e Porto Murtinho.
É claro que tudo depende do movimento do trânsito, então não esqueça de checar as condições das vias e se planejar bem.
O que mais fazer na cidade?
Nas indicações da Prefeitura de Porto Murtinho sobre atrativos, se destaca a natureza. Então, quando estiver na cidade, aproveite para conhecer também:
Morro Pão de Açúcar:
O morro tem cerca de 550 metros de altura e conta com uma trilha para chegar ao topo. Segundo o município, é um dos pontos mais altos da região, sendo um bom mirante para para ver o Pantanal do Nabileque, do Chaco e as áreas que limitam Brasil e Paraguai.
Fecho dos Morros:
Atraindo quem gosta de água, esse é um dos pontos mais altos do Rio Paraguai. Por ali, é possível ter uma vista panorâmica para observar animais silvestres e contemplar a fauna e a flora.
Cachoeira do APA
Localizado no Parque Municipal Cachoeira do Apa, na divisa entre os países. Mas as cachoeiras ficam a 80 quilômetros de Porto Murtinho, então é necessário ter veículo próprio. Além das cachoeiras, há área para camping e trilhas ecológicas.
Cachoeiras do Rio Aquidaban
Mais distante ainda, a 300 km, fica a Fazenda Baía das Garças e é uma das mais antigas do município. Ao todo, são onze cachoeiras e possui visão panorâmica da Serra. O passeio tem um percurso de 800 metros.
Começa nesta terça-feira (19), em Campo Grande, o 25º Encontro do Proler (Programa Nacional de Incentivo à Leitura), que neste ano traz como tema “Literatura, leitura e escrita em tempos de inteligência artificial”. O evento se estende até 30 de novembro, com uma programação repleta de palestras, oficinas e rodas de conversa gratuitas. As atividades serão realizadas na Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaías Paim e no MIS (Museu da Imagem e do Som).
Organizado pelo Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da FCMS (Fundação de Cultura) e Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), em parceria com o Sistema Estadual de Bibliotecas, o Proler atrai profissionais de diversas áreas, como professores, acadêmicos, bibliotecários, escritores e gestores públicos, além de todos os interessados em literatura.
A abertura oficial será nesta terça-feira (19), às 19h, no auditório do MIS, com palestras que discutem as transformações tecnológicas no universo literário. Amanda Justino apresenta “Página virada: Livros físicos vs digitais – Quem conquista seu coração?”, uma análise sobre as diferenças e impactos dos dois formatos. Em seguida, Fernanda B. Riveros Oliveira abordará em “Inteligência Artificial: Será que sabemos menos com ela?” as mudanças no aprendizado e no conhecimento individual causadas pela IA. Fechando a noite, Pablo S. Cavalcante explora a ferramenta ResearchRabbit, destacando como a inteligência artificial pode otimizar pesquisas acadêmicas.
Nos dias seguintes, o Proler contará com atividades como o lançamento do livro “A literatura nas políticas públicas de estado do Brasil e de Mato Grosso do Sul”, de Vanderlei José dos Santos, oficinas práticas de audiodescrição e escrita criativa, e vivência voltada à contação de histórias para a primeira infância.
Para o público interessado em literatura negra, a roda de conversa Escrevivências – a literatura negra e a construção identitária reunirá autores como Maria Carol, Rafael Belo e Alessandra Coelho para discutir a relação entre literatura e identidade. A programação também inclui o Clube de Leitura – Página 60, mediado por Carmem Lúcia, e a oficina de Aldravias, que introduz participantes a essa forma minimalista de poesia brasileira.
Confira aqui a programação completa do 25º Proler. As inscrições para todas as oficinas e palestras podem ser feitas pelo link.