fbpx
Connect with us

Internacional

Entenda o que foi a Nakba, a catástrofe do povo palestino

Palestinos tiveram de viver como refugiados com criação de Israel

Publicado

on

O conflito no Oriente Médio envolvendo palestinos e israelenses tem entre suas raízes a criação do Estado de Israel que – para os palestinos – causou o que eles chamam de Nakba, que em árabe significa “catástrofe” ou “desastre”. Por isso, para compreender a guerra travada na região é preciso entender esse episódio que segue vivo na memória do povo palestino.  

A Nakba é lembrada todo 15 de maio, dia seguinte ao da Independência de Israel. O Estado de Israel foi declarado em 1948, a partir da Resolução 181 das Nações Unidas, que recomendou a partilha da Palestina entre árabes e judeus.

Em consequência, eclodiu o que ficou conhecida como a 1ª guerra “árabe-israelense”, quando Síria, Jordânia, Egito, Líbano e Iraque iniciaram uma ofensiva contra o novo país. Como resultado desse conflito, estima-se que de 700 mil a 800 mil palestinos foram expulsos de suas terras e entre 400 e 500 vilas palestinas foram destruídas, êxodo forçado que passou a ser conhecido como Nakba.

Por isso, seis meses depois, em dezembro de 1948, a Assembleia-Geral da ONU aprovou a Resolução 194, dando direito aos palestinos refugiados voltarem paras suas terras se assim desejassem. Porém, essa resolução nunca foi cumprida.

Segundo a relatora especial das Nações Unidas para a Palestina Ocupada, Francesca Albanese, cerca de 40% dos palestinos da Cisjordânia são refugiados desde 1948 “que fugiram da violência que acompanhou a criação do Estado de Israel”. Além disso, a maioria dos residentes da Faixa de Gaza é de refugiados ou descendentes de refugiados, segundo a especialista da ONU.

Desde 1998, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Yasser Arafat, tornou o Nakba uma data oficial no calendário palestino. Em 2011, o Parlamento israelense aprovou uma lei que permite a suspensão de recursos para instituições que celebram o Nakba.

Para entender como o povo palestino enxerga a criação do Estado de Israel, a Agência Brasil entrevistou dois especialistas sobre o tema.

A primeira é Soraya Misleh, filha de um sobrevivente e refugiado do Nakba, a jornalista palestino-brasileira é mestre e doutora em estudos árabes e diretora do Instituto da Cultura Árabe. O pai de Misleh, Abder Raouf, tinha apenas 13 anos quando foi expulso junto com toda a família da aldeia Qaqun, na Palestina.

O segundo entrevistado é o professor de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), Bernardo Kocher, especialista em história contemporânea.

>> Veja as entrevistas abaixo:

 

Agência Brasil: O que foi a Nakba?

Soraya Misleh: A pedra fundamental da Nakba é a formação do Estado de Israel mediante limpeza étnica planejada. A construção dessa Nakba é um projeto colonial que começou no fim do século 19 com o surgimento do sionismo político moderno e que visava a conquista da terra e do trabalho na Palestina histórica, via o que eles chamavam de transferência populacional. Afinal, no  final do século 19, tinha só 6% de judeus na Palestina.

 

Jornalista palestino-brasileira Soraya Misleh
Jornalista palestino-brasileira Soraya Misleh – Rovena Rosa/Agência Brasil

O que acontecia? Cada vez que eles chegavam lá constituíam um colonato, um assentamento, expulsando os palestinos nativos. Além disso, cada vez que se estabelecia uma fábrica ou um serviço, o trabalho era exclusivo para judeus. Teve várias revoltas contra isso. Em 1947, a ONU recomendou a partilha da Palestina.

A resolução [181 da ONU] foi o sinal verde para que aqueles planos de limpeza étnica fossem executados. Em seguida, começou a fase mais agressiva da expulsão dos palestinos. Teve vários genocídios.

O caso clássico era o que aconteceu com a aldeia da minha família, que tinha 2 mil habitantes e vivia de agricultura de subsistência. Eles cercavam as aldeias por três lados e deixando uma única saída para as pessoas irem embora. Em seguida, bombardeavam o centro da aldeia – que era a praça onde estava a escola, a Mesquita, a vida comunitária – matavam algumas pessoas, também teve casos de estupros. Em consequência, foram 800 mil palestinos expulsos e mais de 500 aldeias destruídas. Desde então, a sociedade está inteiramente fragmentada e se iniciou o problema dos refugiados.

>> Entenda o que é o sionismo, movimento que dá origem ao Estado de Israel

Bernardo Kocher: É um contraponto à felicidade que os israelenses demonstraram ao criar seu Estado nacional. Com a partilha da ONU em maio de 1947, foi declarada a independência de Israel e as terras que os israelenses receberam tinham 50% de árabes. Com isso, os palestinos e o mundo árabe questionaram, como é que pode um Estado judeu criado com a metade da população de não judeus?

A resolução da partilha, da qual o Brasil presidiu com o ministro Oswaldo Aranha, foi um equívoco brutal. Ela deu as melhores terras aos israelenses e, a partir de 1947, os israelenses, que já vinham fazendo isso lentamente, aceleraram o processo de expulsão de palestinos e de invasão de aldeias com massacres e ações terroristas. Portanto, israelenses apresentam isso como um feito e os palestinos, que foram expulsos, começaram a chamar a Independência de Israel como Nakba.

É uma forma de manter essa memória porque muitas matanças foram feitas, aldeias inteiras foram dizimadas. Um dos exemplos mais conhecidos foi o massacre da aldeia de Deyr Yassin por grupos terroristas. Vários desses grupos terroristas depois foram incorporados ao Exército de Israel. A Nakba é a forma dos palestinos chamarem o início de sua diáspora.

 

Agência Brasil: E a comunidade internacional como reagiu a esses fatos?

Soraya Misleh: Infelizmente, o mundo saudou a colonização que resultou na catástrofe palestina. O mundo havia acabado de sair das atrocidades do nazismo na Europa e me parece que os europeus, para expiar sua própria culpa pelo que aconteceu no Holocausto, decidiram que as vidas palestinas não importavam.

Foi uma decisão que não levou em conta a vida dos palestinos. Infelizmente, a cumplicidade internacional em relação ao que acontece com os palestinos é histórica, desde antes de 1948, e continua até hoje.

Kocher: Se não faz nada hoje, você acha que em 1948 que não havia meios de comunicação faria? O silêncio foi ainda maior, porque Israel teve o apoio inclusive da União Soviética, que enxergava o Estado de Israel como uma oposição ao imperialismo inglês.

Os Estados Unidos apoiavam, mas não tinham o poder que têm hoje. A Europa, por causa do problema de consciência do Holocausto, também apoiava; o Brasil apoiou, a América Latina apoiou.

Naquela época, parecia uma coisa progressista. Então, a questão Palestina foi invisibilizada e acabou tratada por países como Egito, a Jordânia e a Síria, que eram os maiores inimigos de Israel. Mas, com o tempo, eles foram neutralizados ou derrotados por Israel. A questão Palestina ficou abandonada até a criação da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), na década de 1960.

 

Agência Brasil: Qual a importância e o significado que o povo palestino dá a Nakba?

Soraya Misleh: Significa o presente na vida dos palestinos. A Nakba não acabou. O passado para os palestinos é o presente. Essa Nakba continua presente todos os dias e é a ameaça de apagamento existencial do futuro. Meu pai contava como era a Palestina antes de 1948. Meu pai é uma vítima e um sobrevivente da Nakba.

Ele falava sempre como eles levavam uma vida simples, mas feliz. Não tinha tranca nas portas e a gente corria por aquele verde, tudo o que a gente precisava a terra dava. Era uma vida muito comunitária.

Kocher: Você já deve ter visto os palestinos portando aquelas grandes chaves antigas. É a chave de casa que eles esperam algum dia voltar. Eles enxergam esse processo de uma forma muito lúcida, sem nenhuma ilusão.

Nós que estamos longe desse conflito, e os europeus que fingem que não veem, olhávamos para a situação de uma forma muito romantizada sobre o que é Israel.

Para os palestinos, não foi dado esse direito de romantizar essa história e todos eles têm uma consciência muito clara do que se passou.

 

Agência Brasil: Acredita que a demanda de retorno dos palestinos expulsos na Nakba inviabiliza um acordo de paz com Israel?

Soraya Misleh: Sim, mas isso é um direito inalienável e inegociável do povo palestino reconhecido pela ONU na sua Resolução 194. Israel não quer a paz. Não existe paz sem justiça para a totalidade do povo palestino. Você tem 6 milhões de palestinos em campos de refugiados, milhares na diáspora, e se você não reconhece o direito humano internacional ao retorno à terra, não há qualquer tipo de acordo.

O historiador israelense Ilan Pappé está falando há muitos anos que essa apregoada solução de dois Estados está morta pela expansão colonial agressiva israelense.

Kocher: Os judeus foram expulsos no século 3 antes de Cristo da Palestina pelos romanos e voltaram 2 mil anos depois. Os palestinos foram expulsos há 75 anos, por que eles não podem voltar? A questão não é o retorno, mas sim que Israel vai ter que abdicar de terras e é um volume de terras muito grande.

A gente está conversando aqui e eles estão ocupando algum pedaço da Cisjordânia ou de Jerusalém Oriental. Como fazer os israelenses pararem e devolverem as terras? Não sei exatamente como isso vai ser feito.

(Fonte: Agência Brasil. Foto:Reprodução)

Internacional

Argentinos buscam alimentos descartados para sobreviver em meio à crise

Milei tem implementado novas medidas como um severo corte de gastos do Estado argentino

Publicado

on

Desde a posse do atual presidente argentino, Javier Milei, o país vem tentando superar a sua pior crise econômica em décadas. Com isso, Milei está lutando para conter a inflação de três dígitos com medidas severas, o que está impulsionando as finanças do Estado, mas também prejudicando a população.

Enfrentando a crise que herdou, o presidente tem implementado novas medidas como um severo corte de gastos do Estado, principalmente de subsídios direcionados aos serviços públicos e transporte. O seu governo desvalorizou a moeda local (Peso) em 50% em dezembro do ano passado, o que aumentou ainda mais a inflação.

Em reportagem para a CNN, uma vendedora de frutas e verduras de Buenos Aires conta que, existem alguns contêineres no fundo de seu estabelecimento onde o lixo é descartado, quando sai com uma caixa para descartar, pessoas vem pedir para levar os restos de comida para casa para poderem se alimentar.

As estimativas para a inflação de fevereiro, que deve ser divulgada nesta terça-feira (12), é de um aumento de 15,3%, abaixo da média dos meses anteriores. Anualmente o índice permanece a cima dos 250%. Para março, o presidente avisa que pode ser um mês complicado. Já que houve queda nas vendas, na atividade e na produção, enquanto as medida reduziram as pensões, os salários do Estado e o investimento público.

Na tentativa de zerar o déficit público, em fevereiro Milei anunciou que o salário mínimo seria ajustado em 30% e o aumento feito por partes. Porém, nesta sexta-feira (16) se recusou a fazer novos ajustes. A CGT, principal central sindical argentina, solicitou ao Conselho do Salário Mínimo um aumento de 85%. “Não acredito que um político possa definir um preço à mão. Nem passa pela minha cabeça. Eu vou emitir um decreto fixando um preço?”, disse Milei.

Nesta segunda-feira (11), o Banco Central da Argentina anunciou a redução da taxa básica de juros do país de 100% para 80% ao ano. A justificativa foi que a situação econômica apresenta sinais visíveis de redução da incerteza macroeconômica e que o país está em uma trajetória de queda da inflação no varejo.

(Fonte: Terra. Foto: Reprodução)

Continue Lendo

Internacional

Milei diz que fará plebiscito caso Congresso recuse pacote de medidas

Sindicatos convocaram protesto para esta quarta-feira

Publicado

on

O presidente argentino, Javier Milei, prometeu convocar um plebiscito caso o pacote de medidas de ajuste fiscal, desregulamentação e diminuição do papel do Estado na economia assinadas por ele seja rejeitado no Congresso. O Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) tem 366 artigos, propõe um plano de estabilização de choque e visa a avançar ainda na privatização de empresas públicas.

Em entrevista ao jornal La Nación, Milei disse: “Se rechaçarem o DNU, chamarei uma consulta popular. Quero que o Congresso me explique por que se põe contra algo que faz bem às pessoas.”

A Associação de Trabalhadores do Estado (ATE) na Argentina e a Confederação Geral do Trabalho (CGT) convocaram uma grande manifestação para a manhã desta quarta-feira (27), em frente ao Palácio da Justiça, na Praça dos Tribunais, em Buenos Aires.

O protesto é reação a um decreto do governo do presidente Javier Milei, publicado nesta terça-feira (26), que determina a não renovação do contrato de servidores públicos incorporados ao longo de 2023.

Além da manifestação na Praça dos Tribunais, chamada de Dia Nacional de Luta, os sindicados organizam atos em outras províncias, como bloqueio de estradas, greves e assembleias.

(Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução)

Continue Lendo

Internacional

Governo francês coloca país em alerta “alto” para gripe aviária

Aviso foi publicado no Diário Oficial do país

Publicado

on

A França elevou o nível de risco da gripe aviária de “moderado” para “alto” nesta terça-feira (5), após detecção de novos casos da doença, forçando as granjas a manter as aves em local fechado para conter a disseminação do vírus altamente contagioso.

A decisão, tomada pelo Ministério da Agricultura, foi publicada no Diário Oficial de hoje.

influenza aviária, comumente conhecida como gripe aviária, levou ao abate de centenas de milhões de aves em todo o mundo nos últimos anos. Ela geralmente ataca durante o outono e o inverno e tem se espalhado em muitos países europeus nas últimas semanas, incluindo Alemanha, Holanda e Bélgica.

A França informou, na semana passada, que havia detectado um primeiro surto da doença em uma fazenda nesta temporada na Bretanha, no noroeste do país.

O nível de risco “alto” implica que todas as aves domésticas devem ser mantidas dentro das fazendas e que medidas adicionais de segurança devem ser tomadas para evitar a disseminação da doença.

Embora a gripe aviária seja inofensiva nos alimentos, sua disseminação é uma preocupação para os governos e para o setor avícola devido à devastação que pode causar nos rebanhos, à possibilidade de restrições comerciais e ao risco de transmissão humana.

Para combater a doença, a França lançou uma campanha de vacinação no início de outubro, inicialmente limitada aos patos, que podem facilmente transmitir o vírus sem apresentar sintomas.

(Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução)

Continue Lendo

Mais Lidas

Copyright © 2021 Pauta 67