Com a segunda maior reserva de calcário do Brasil, Mato Grosso do Sul arrecadou até o quarto trimestre do ano passado, 78% a mais de Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), superando R$ 7,91 milhões. O calcário é utilizado na construção civil, na fabricação de cal e cimento, na indústria de papel, plásticos, química, siderúrgica, na produção de alimentos e higiene, purificação do ar, no tratamento de esgotos e na correção de solos ácidos.
De acordo com o secretário de Estado de Produção, Desenvolvimento Econômico, Meio Ambiente e Agricultura Familiar (Semagro) Jaime Verruck, um dos fatores desta alta na receita é que as mineradoras estão modernizando e ampliando suas estruturas físicas de moagem e de maquinários de extração. “A meta é alcançar a autossuficiência na produção de calcários (calcítico e dolomítico) e atender em 100% da demanda estadual”, salientou.
O município de Bela Vista é o maior produtor de calcário do Estado e arrecadou R$ 5.011.331,74 (2021), ou seja, 57,86% da arrecadação estadual, seguido de Bodoquena com R$ 1.594.255,77, Miranda com R$ 1.156.007,97 e Bonito com R$ 754.961,52.
Conforme o secretário executivo da Cadeia Produtiva de Mineração da Semagro, Eduardo Pereira, atualmente MS importa dos estados do Paraná e Minas Gerais algo em torno de 20% de calcários principalmente o dolomítico. São 11 mineradoras extraindo e moendo calcários como corretivo de solo (Miranda, Bodoquena, Bonito e Bela Vista) e duas indústrias cimenteiras, situadas em Bodoquena e Corumbá. Em 2020 o MS produziu 3,8 milhão de toneladas, e importou do Paraná 344.700/ton., e de Minas Gerais 14.200/ton., totalizando o total de 4.117.000 toneladas consumidas no Estado.
Usos do calcário
O secretário de mineração explica que no caso da agricultura os solos do Estado são em sua maioria, ácidos, principalmente aqueles sob vegetação de Cerrado. “Esse solo é caracterizado por baixos teores de cálcio (Ca), magnésio (Mg) e com elevados teores de elementos tóxicos. A acidez natural é causada por diversos fatores, como causas naturais ou atividades agrícolas, com isso é necessária uma neutralização destes solos para uma maximização da produtividade. A calagem é adequada para melhorar as condições de baixa fertilidade e o calcário é o principal produto utilizado por questões econômicas e práticas, age neutralizando/indispondo os elementos tóxicos e fornecendo o cálcio e o magnésio para as outras culturas, tornando assim o solo mais produtivo”, destacou.
Preços em alta
Os preços do cálcario, assim como os demais fertilizantes estão em alta. No ano passado o custo médio de uma tonelada do calcário calcítico era de R$ 70,46 e hoje está cotado em média a R$ 110,00, aumento de 56%. Já o calcário dolomítico também saltou de R$ 68,55 para R$ 110, ou seja, majoração de 60%.
O aumento nos preços foi provocado pela elevação de gastos nas mineradoras. O setor alega que os reajustes foram puxados pelos altos custos de energia e combustíveis, que tiveram acréscimo considerável em valores.
“Também os maquinários e equipamentos subiram bem este ano, alta do aço. Todos estes fatores impactaram os custos muito além da inflação, por isso o ajuste de preços, segundo as mineradoras”, acrescentou Pereira.
O secretário Jaime Verruck ainda destacou que o aumento na área plantada e de recuperação de pastagens também influenciaram nos valores. “O avanço de 1,5 milhão de hectares de área cultivada na agricultura e nas reformas de pastagens para pecuária, expansão do plantio de silvicultura (eucaliptos, pinus e seringueiras) no Estado, também colaboraram para este cenário”, finalizou.
(Com assessoria. Foto: Divulgação)