Com números e mapas, o secretário Jaime Verruck (Semadesc) destacou em transmissão via internet nesta quinta-feira (4), as ações de combate aos incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul. A live, realizada uma vez por semana, faz parte das medidas anunciadas recentemente pelo governador Eduardo Riedel para dar ainda mais transparência no enfrentamento ao fogo.
Já foram empregados mais de R$ 50 milhões em recursos estaduais nas ações de prevenção e combate aos incêndios. O secretário destacou a ação conjunta desenvolvida com o Governo Federal. “Isso está muito organizado, estruturado. Esperamos que consigamos manter toda essa estrutura de apoio ao longo dos meses mais críticos que anda estão por vir, exatamente agosto e setembro”, declarou.
Desde 2 de abril de 2024, atuaram na Operação Pantanal 446 bombeiros militares. O reforço da Força Nacional, no momento, representa 82 militares. Outros 233 brigadistas do Ibama reforçam o combate.
Ao todo 11 aeronaves são usadas no combate ao fogo, incluindo Air Tractors, helicópteros e o cargueiro KC-390 dos Governos Estadual e Federal. A estrutura ainda conta com 39 veículos, entre caminhonetes, caminhões e lanchas.
No monitoramento feito pelos bombeiros aparece um ponto de combate na região do Rio Negro que acaba de ser controlado e outros cinco ativos: ao norte de Corumbá, nas regiões do Porto Sucuri e do Paraguai Mirim, e a sudeste, nas regiões do Buraco das Piranhas, do Rio Abobral e do Rio Taquari.
A explicação deste acompanhamento via satélite veio da tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, responsável pelo monitoramento e ações de combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul. Ela foi convidada a participar da live trazendo detalhes do monitoramento a partir do Sistema de Comando de Incidentes.
Desde o começo do ano até 2 de julho, 566 mil hectares foram queimados no Pantanal sul-mato-grossense, o que corresponde a menos de 5% do total de 9 milhões de hectares da região pantaneira no Estado. O aumento chega a 157% em relação ao mesmo período de 2020, quando foram queimados 219 mil hectares – considerada até então, a pior temporada de incêndios. Os números são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais do Departamento de Meteorologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Os focos de calor detectados via satélite chegam a 2.879 nestes primeiros seis meses, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais). Aumento de 45% em relação ao mesmo período de 2020, quando houve 1.975 registros.
Jaime Verruck reforçou que nem todos os focos de calor se transformam em incêndios e respondeu também sobre Estatuto do Pantanal, recém aprovado pela Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal.
O secretário ressaltou que tanto Mato Grosso do Sul quanto o vizinho Mato Grosso já tem leis próprias e isso já cria possibilidades legais de atuação. “Caso [a Lei Federal] venha a ter restrições adicionais a que nós temos aqui, valerá obviamente a federal. É um mecanismo importante para a proteção do Pantanal, mas entendendo que os dois Estados já estabeleceram um mecanismo relevante que garante a proteção do Pantanal”, disse.
Responsabilização – De janeiro de 2020 a junho de 2024 foram aplicados 94 autos de infração que somam R$ 54 milhões. Respondendo a uma pergunta encaminhada previamente pela imprensa, o secretário explicou como funciona o processo. Destacou que a primeira fase é a identificação, depois é preciso saber qual fato gerou o incêndio, se foi natural ou colocado por terceiros. “Já emitíamos 94 autos de infração e destacando, deste valor total você tem todo o processo administrativo de responsabilização, de defesa. Até o momento nada desses 54 milhões entrou no caixa do governo. No momento em que qualquer multa ambiental dessa ordem entra será usada pela própria estrutura do Imasul em apoio às ações de prevenção, combate e toda a estrutura ambiental do Estado”, explicou Jaime Verruck.
Previsão do tempo – De acordo com o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima de Mato Grosso do Sul), até 6 de julho a meteorologia indica tempo seco aliado aos calor acima da média. A partir daí uma frente fria tende a deixar as temperaturas mais amenas, com baixa probabilidade de chuva, principalmente na região pantaneira. Há uma possibilidade de chuva em torno do dia 10 de julho. Depois as temperaturas estarão em gradativa elevação nas regiões mais afetadas pelos incêndios florestais porém, devem permanecer abaixo dos 30°C até a primeira quinzena de julho.
Medidas tomadas pelo Governo do Estado para o combate aos incêndios: Projeto de Lei 146/2024 encaminhado à Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) para permitir a contratação de “bombeiros militares temporários”; Programa de monitoramento via satélite; Liberação para aumento de aceiros (contrafogo); Decreto estadual situação emergência (cidades); Portaria que suspende queima controlada; Assinatura do Pacto Federativo junto ao Governo Federal; Decreto situação de emergência ambiental em MS por 180 dias (prevendo queima prescrita); Treze bases avançadas no meio do Pantanal instaladas desde abril de 2024, quando o Estado decretou situação de emergência. Pela necessidade de serviço, hoje há mais duas instaladas, totalizando 15 bases avançadas no momento; Lei do Pantanal aprovada em dezembro de 2023.
Os focos de incêndio na região do Alto Pantanal, próximo a Escola Municipal Rural de Educação Integral Polo São Lourenço, foram controlados após ação das equipes do Corpo de Bombeiros, que contaram com o auxílio da chuva que caiu na região nos últimos dias. O local segue sendo monitorado pelos profissionais que ficam na base avançada da Serra do Amolar.
Segundo o Corpo de Bombeiros, as imagens de satélite que mostravam vários focos de calor na região nos últimos dias, contam com outro cenário no momento (sem foco), no entanto duas equipes estão no local fazendo o serviço de monitoramento e captação de imagens (drones) para avaliar a situação.
A base do Corpo de Bombeiros na Serra do Amolar fica a 9 km da Escola do Polo São Lourenço, tendo 8 militares disponíveis para combate a incêndios, quando for necessário.
A região do Pantanal Sul-Mato-Grossense continua com condições climáticas adversas, devido altas temperaturas e variações constantes nos ventos, o que favorecem os incêndios florestais. Nos últimos dias houve chuvas pontuais na região, que contribuíram de forma momentânea, mas não extinguiram todos os focos.
Segue o combate aos incêndios no Parque Estadual Pantanal do Rio Negro, que fica próximo aos municípios de Miranda e Corumbá. Duas equipes chegaram ao local com apoio do helicóptero da Força Aérea Brasileira, por se tratar de local de difícil acesso. Através das ações foi possível confinar as chamas que se concentram entre a BR-262 e o Rio Miranda.
Também tem equipes na região do Passo do Lontra, onde a preocupação é em relação a proximidade (incêndios) com residências da comunidade local. Os focos tinham sido controlados no final de semana, mas houve reignição, por isso os trabalhos continuam no local.
Continua o monitoramento das regiões do Paiaguás, Serra do Amolar, Nhecolândia (a oeste do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro) e Abobral. Atualmente a Operação Pantanal possui um efetivo de 132 militares do Corpo de Bombeiros Militar.
Com quatro focos ativos de incêndios florestais no Pantanal sul-mato-grossense, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, com o apoio das demais forças de segurança nacionais e estaduais empenhadas na Operação Pantanal 2024 há 198 dias, mantém ações de combate ao fogo nas regiões do Paiaguás e Abobral (Passo do Lontra).
Um dos principais focos está na divisa com o Mato Grosso. O incêndio já registrou, ontem, uma linha de fogo de aproximadamente 40 quilômetros de extensão. As chamas passaram para o Mato Grosso do Sul vindas do estado vizinho, iniciada no Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense.
Também estão em monitoramento focos em Corumbá (nas regiões pantaneiras do Paiaguás, Nabileque, Paraguai-Mirim, Forte Coimbra, Serra do Amolar, Albuquerque), Rio Negro (Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro), Costa Rica, Aparecida do Taboado, São Gabriel do Oeste, Dourados, Coxim, Inocência, Paranaíba, Naviraí (Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema), Miranda, Porto Murtinho, Nioaque e Aquidauana.
Um novo ciclo de trabalho na temporada de incêndios florestais teve início ontem (15), inclusive com a troca de dez bombeiros militares do Rio Grande do Sul, estado que continua a apoiar as ações de controle e extinção do fogo no Pantanal.
As ações contam com o apoio do GOA (Grupamento de Operações Aéreas), que auxiliam os militares que fazem o combate direto em solo. As equipes continuam a realizar o monitoramento nas áreas impactadas e nas localidades onde estão instaladas as 12 bases avançadas, que contribuem para uma resposta mais ágil para o início do combate, em caso de ocorrência de fogo.
As chuvas que ocorreram desde o fim de semana passada contribuíram para aliviar a situação, especialmente após o período de seca. Porém o Pantanal ainda enfrenta condições climáticas adversas, principalmente em relação as altas temperaturas e variação dos ventos, que elevam os riscos de incêndios florestais.
A situação climática no Pantanal de Mato Grosso do Sul continua extrema, com temperaturas altas, umidade relativa do ar baixa e fortes ventos, o que facilita a ocorrência de incêndios florestais. Mesmo com previsão da chegada de uma frente fria entre hoje (26) e sábado (28) – o que deve provocar chuva e queda de temperaturas – a situação não terá mudança significativa.
O Governo do Estado transmitiu as informações dos combates e também a previsão do tempo para os próximos dias, nesta quinta-feira (26), ao vivo pela internet (veja na íntegra no final do texto), no boletim semanal da Operação Pantanal 2024, que a partir de agora será realizado a cada 15 dias (o próximo está marcado para acontecer no dia 10 de outubro).
A estrutura de combate aos incêndios florestais permanece ativa em todos os biomas – Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica – e continua a receber reforços das forças de segurança nacional e dos demais estados parceiros. A situação climática interfere de maneira direta nas ações de controle e extinção dos incêndios, no Pantanal e também nos demais biomas presentes no Estado.
Regiões como Cipolândia (Aquidauana), Coxim, Inocência e Dourados concentram atualmente os combates. Já as ações de monitoramento ocorrem em Corumbá – Paiaguás, Nabileque, Paraguai Mirim, Coimbra, Serra do Amolar, Albuquerque – e nas regiões de Porto Murtinho, Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (Naviraí).
Nos municípios de Rio Negro, Aquidauana, Cassilândia, Costa Rica, Aparecida do Taboado, São Gabriel do Oeste, Brasilândia, e região do Areado, também passam por tal monitoramento, assim como as bases avançadas do Redário e Santa Mônica, onde o trabalho é dirigido a um foco próximo à divisa com o Mato Grosso.
“Mesmo com as condições atmosféricas de 2024 sendo mais severas, a gente conseguiu reduzir essa área queimada [em relação a 2020]. A gente está vendo a Bolívia com muitos focos de calor. Mesmo que a gente tenha registrado nos últimos dias uma redução desses focos, a gente não retroagiu a nossa estrutura, esse trabalho de operação presença, estar no local, também faz a diferença nos índices que a gente vê nos focos de calor. E não só no Pantanal, a gente tem a estrutura distribuída no Estado todo”, explicou a diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Tatiane Inoue.
Na terça-feira (24), mais dez bombeiros do Rio Grande do Sul chegaram ao Estado para contribuir no trabalho.
Atenção ao termômetro
A partir de domingo (29) e até quarta-feira (2 de outubro), as temperaturas devem voltar a subir, e podem atingir novamente em torno de 40°C, como foi registrado durante esta semana no Estado. Ontem (25) ocorreram recordes de temperatura no ano de 2024, com registro de 20 municípios com temperatura máxima acima de 40°C. O município de Água Clara registrou a temperatura mais alta do país com 43,1°C.
Enquanto nos próximos dois dias, caso as chuvas ocorram, a umidade relativa do ar deverá subir para entre 40% e 60%, e as temperaturas devem variar entre 27°C e 35°C (máximas) e 19°C e 25°C (mínimas), já no início da próxima semana as condições climáticas mudam novamente.
“Então, as temperaturas devem ficar acima da média, se espera tempo quente e seco, com sol. As máximas devem ficar entre 36°C a 43°C na região pantaneira, e as mínimas entre 23°C a 31°C, a umidade relativa do ar, novamente, deverá ter uma queda significativa de 7% a 25%. A gente observa, nos próximos dias, um elevado risco de fogo, extremo, onde as condições climáticas são favoráveis, há aumento de velocidade de propagação do fogo, difícil combate até por vias aéreas. Toda essa condição, mesmo com a entrada da frente fria, não deve se reverter na região da Bacia do Alto Paraguai”, explicou a meteorologista e coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento do Templo e do Clima), Valesca Fernandes.
O prognóstico para o trimestre – dos meses de outubro, novembro e dezembro –, mostrou pela primeira vez, em aproximadamente dez meses, que as chuvas no período podem ficar dentro da média histórica.
“Nas condições de tempo quente e seco, as temperaturas acima da média, baixos valores de umidade relativa, as condições são propícias para ocorrência de incêndios florestais, afetando também a qualidade do ar. Como a gente viu hoje em Campo Grande, estamos embaixo de fumaça”, disse a meteorologista.
Condições adversas e esperança
Em meio às condições adversas, a tenente-coronel Tatiane Inoue relata que estava no Pantanal, onde até ontem o termômetro da viatura em que estava registrada 46°C.
“Continua muito seco, a gente vê os animais disputando pequenas poças de água, pequenas lagoas, então a situação ali é ainda muito crítica. E várias pessoas também vivenciam essas condições e estão muito preocupados com essa fumaça. Mesmo com todo esse aparato de combate que temos, essa condição no bioma Pantanal, não só do lado do Brasil e Mato Grosso do Sul, persiste. O nosso Estado está muito tomado por essa fumaça, de situações que estão acontecendo em outros países, em outros estados”, explicou.
Contudo, a esperança de melhora continua e motiva o trabalho dos Bombeiros, ainda mais sabendo a capacidade do bioma em se renovar. Essa resiliência do Pantanal também foi registrada, com uma imagem.
“Eu fiz questão de trazer essa foto, que tirei ontem na região de Miranda, nas margens da rodovia BR-262, onde a gente teve um incêndio no começo do mês de agosto, muito grave. E aí a gente vê como é a resiliência do bioma Pantanal. A gente observa aqui as árvores, a vegetação queimada, as cinzas. Estou com o cheiro das cinzas no meu EPI, mas a gente vê o lírio brotando, a vegetação ali insistindo em viver. Então é por isso que a gente trabalha tanto e se dedica para continuarmos vendo esse milagre acontecendo aqui”, finaliza Inoue.