Rota Bioceânica: obra da ponte binacional já passa da metade e população vive expectativa do crescimento
A projeção é de um cenário de oportunidades, onde desde já comerciantes, empresários e a população em geral vivem a expectativa de uma nova realidade para toda região.
Cravada dentro do Pantanal Sul-mato-grossense, a porta de entrada da Rota Bioceânica avança sobre o rio Paraguai. A obra da ponte binacional, entre Porto Murtinho e a paraguaia Carmelo Peralta, segue a pleno vapor, com 60% dos trabalhos concluídos. A projeção é de um cenário de oportunidades, onde desde já comerciantes, empresários e a população em geral vivem a expectativa de uma nova realidade para toda região.
Atualmente o canteiro de obras conta com mais de 400 trabalhadores, com atividades dos lados brasileiro e paraguaio do rio. Os viadutos já foram finalizados e os pilares estão sendo implantados – 68% do lado do Paraguai e 59% do lado brasileiro. A expectativa é que a obra fique pronta no primeiro trimestre de 2026.
A equipe de reportagem da Superintendência de Jornalismo do Governo de Mato Grosso do Sul foi até ao local para conferir como estão as obras e a expectativa da população para o desenvolvimento que se avizinha.
Todo o material produzido está disponibilizado à imprensa nos links abaixo, contando com fotos e vídeos da ponte, do trabalho realizado nela, de personagens entrevistados e da cidade, tudo pré-editado para livre uso da imprensa. As entrevistas estão disponibilizadas também em texto, com dados mais detalhados da mesma.
O avanço da conclusão da Rota Bioceânica, que vai ligar o Brasil ao Paraguai, por meio das cidades de Porto Murtinho e Carmelo Peralta – diminuindo a distância para conexões comerciais dos dois países, e também Argentina e Chile, via Oceano Pacífico –, também desperta o interesse de outras cidades e regiões, que podem ser integradas ao corredor.
Para tratar da questão, o governador, Eduardo Riedel, participou de uma reunião na manhã desta segunda-feira (29), com a delegação paraguaia formada por representantes dos ministérios de Obras Públicas e de Relações Exteriores, além de deputados, vereadores e das regiões de San Lázaro Vallemi e Concepción, e ainda membros de organizações comerciais.
“O Mato Grosso do Sul tem inúmeras conexões com o Paraguai, não apenas devido a fronteira, mas devido a relação histórica, e a infraestrutura vem para consolidar isso. Em 2025 a ponte deverá estar pronta e em 2026 o acesso, que é uma obra ainda maior”, disse Riedel.
O grupo solicitou que seja feita a ligação com o Brasil por meio de uma ponte sobre o Rio Apa, que percorre aproximadamente 500 quilômetros da fronteira com o Paraguai.
“Vallemi tem 27 indústrias. A conexão com o Brasil é importante para o desenvolvimento econômico, industrial, turístico, cultural e também educativo e do esporte. Nós temos muitas pessoas que vivem no Brasil, que são do Paraguai e muitos brasileiros que trabalham no distrito. Hoje o transporte ocorre por barco”, disse a prefeita de Vallemi, Joaquina Azuaga Ramírez, sobre a importância da conexão da região à Rota.
No lado brasileiro, o Governo do Estado já realiza projeto para pavimentação da rodovia MS-195, que vai contribuir com a ligação entre a região conhecida como Ingazeiro – por onde ocorre o acesso do Paraguai para o Brasil –, até Porto Murtinho.
“Estamos evoluindo de maneira acelerada. Já nos comprometemos de asfaltar a estrada, que vai ligar a região. E agora vamos atuar para viabilizar a ponte junto aos governos do Brasil e do Paraguai”, afirmou o governador.
O trecho em estudo compreende 60 quilômetros, que vai desde o Rio Apa até o encontro com a BR-267, ligando Porto Murtinho a San Lázaro, Departamento de Concepción, no Paraguai. A estrada vicinal é uma das principais vias de escoamento da produção agropecuária da região e o tráfego deve ser intensificado em função da Rota Bioceânica, que está em vias de conclusão.
“Está aproximando o momento de finalizar a obra da Rota. O governo paraguaio já liberou o recurso e o governo brasileiro vai fazer o acesso, que é o asfalto. Agora depende do governo dos dois países para a conclusão. Esta comitiva veio pedir a ponte sobre o Rio Apa, para serem inseridos na Rota. Assim, Vallemi pode ser ligada a Porto Murtinho”, explicou o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra.
Também participaram do encontro o senador Nelson Trad Filho e os deputados estaduais, Vander Loubet e Geraldo Resende.
Rota
A ponte da Rota Bioceânica, que liga o município de Porto Murtinho a Carmelo Peralta, no Paraguai, estava com 52% das obras concluídas e com previsão de finalização em novembro de 2025 – até o último balanço divulgado no dia 5 de julho.
O Consórcio Pybra – responsável pela construção da ponte -, destacou que a obra envolve mais de 150 trabalhadores diretos e 450 indiretos. A obra do acesso que liga a BR-267 até a ponte internacional com aproximadamente R$ 472 milhões em investimentos já está licitada e a previsão é de que tenha início no mês de agosto.
A ponte da Rota Bioceânica, que liga o município de Porto Murtinho a Carmelo Peralta, no Paraguai, está com 52% das obras concluídas e com previsão de finalização em novembro de 2025.
As informações foram repassadas ao secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e ao o assessor de logística Lúcio Lagemann, em reunião virtual do Subgrupo de Trabalho Nº 14 (GT-14) Infraestrutura Física, na segunda-feira (3).
O GT-14 reúne autoridades do Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina e coordena os projetos de infraestrutura prioritários para a integração física e ao impulso de obras que promovam a integração produtiva e logística no Mercosul. No âmbito brasileiro, o GT é coordenador pelo ministro João Carlos Parkinson, que também participou do encontro.
Na reunião de segunda-feira, realizada a partir de Assunção, no Paraguai, foram debatidos temas como a Ponte Bioceânica, a Ponte da Integração sobre o rio Paraná – entre Presidente Franco (Paraguai) e Foz de Iguaçu (Brasil) – e o Corredor Bioceânico Viário (CBV).
“A primeira discussão foi em relação ao andamento das obras tanto em Foz do Iguaçu quanto em Porto Murtinho e Carmelo Peralta. Foi sinalizado que estamos com 52% das obras finalizadas na ponte de Porto Murtinho. Tem evoluído o projeto e foi divulgado que a obra tem previsão de estar concluída em 26 de novembro de 2025”, afirmou o titular da Semadesc, salientando que esta foi a data que a empresa apresentou para o término da obra.
Outro ponto importante citado pelo titular da Semadesc foi a apresentação do andamento da obra do acesso de 13 km que liga a BR-267 até a ponte. “O DNIT colocou que o acesso deve começar já no próximo mês. Aí depois eles poderão dar uma sincronização de cronograma para 2026 para se ter uma rota consolidada”, acrescentou.
O Paraguai também trouxe um debate pontual que está disposto a fazer a ponte sobre o Rio Picomail, entre Pozo Hondo e Mission de La Paz. “O Paraguai se dispõs a fazer isso com recursos próprios. Isso foi apresentado aos argentinos e devem fazer um acordo sobre isso”, enfatizou o secretário.
As obras rodoviárias e da ponte do lado paraguaio também avançaram e foram apresentadas na reunião. Verruck complementa dizendo que foram abordados ainda temas como projeto de construção de um gasoduto através do Corredor Bioceânico.
“É uma proposta unilateral ainda do Paraguai para passar gás natural que viria da Argentina e fazendo um novo gasoduto que se conectaria com o gasoduto Brasil Bolívia. O assunto foi colocado na mesa para se debater entre os ministérios”, afirmou o secretário.
A questão da conectividade digital, as dificuldades do transporte aéreo e as potencialidades da hidrovia Paraguai e Paraná também foram colocadas em pauta.
Com empenho e articulação do Governo do Estado, foi assinada a ordem de serviço para início da obra que vai dar acesso à ponte sobre o Rio Paraguai, em Porto Murtinho. A nova alça é essencial para viabilizar o projeto da rota bioceânica e assim encurtar o caminho de Mato Grosso do Sul para o Oceano Pacífico.
Este grande passo foi dado em solenidade com a participação do governador Eduardo Riedel, do ministro interino dos Transportes, George Santoro e da ministra Simone Tebet (Planejamento). O evento ocorreu no auditório do Bioparque Pantanal, em Campo Grande.
“Final de 2023 histórico que estamos vivendo no Mato Grosso do Sul. A ponte sendo construída, o que faltava era o acesso à ponte com suas estruturas alfandegárias. Os ministros vieram aqui assinar a ordem de serviço deste último trecho e ainda tem a restauração da BR-267. Temos que agradecer porque não deixaram para o ano que vem, o que já pode começar agora”, afirmou o governador.
A obra será viabilizada pela União e terá o investimento de R$ 472,4 milhões, prevista para um prazo de 26 meses. Será pavimentado um trecho de 13 km ligando a BR-267, em um contorno rodoviário em Porto Murtinho até a cidade de Carmelo Peralta, onde está sendo construída a ponte sobre o Rio Paraguai. Ainda está previsto a construção de um centro aduaneiro e um trabalho de terraplanagem, para um acesso elevado à ponte.
Durante o evento o ministro George Santoro também assinou a ordem de serviço para restauração de 101 km da rodovia BR-267, que segue do subtrecho da MS-472 (Bela Vista) até o acesso a Porto Murtinho, no km 577 até o km 678. O investimento federal será de R$ 239,2 milhões nesta obra.
“Ao todo são R$ 711 milhões que serão investidos no Estado. A rota bioceânica significa um novo caminho para os mercados do Mato Grosso do Sul e do Brasil. Com acesso aos mercados asiáticos, China, Japão, Coréia do Sul, Índia, entre outros. Este acesso saindo pelo (Oceano) Pacífico se torna mais perto e assim novos produtos serão mais competitivos. Além da integração com os povos da América do Sul”, descreveu Riedel.
O ministro interino dos Transportes, George Santoro, registrou durante o evento que Mato Grosso do Sul terminou novembro com o seu melhor índice de conservação de rodovias dos últimos 10 anos.
“Este ano nós já pagamos cerca de 560 milhões de reais. Vamos terminar o ano com 600 milhões em investimentos na área de transportes aqui no Mato Grosso do Sul. É quase três vezes do que foi pago no ano passado. É uma mudança. Uma delas não estava nem prevista na solenidade, a gente conseguiu incluir ela hoje, que é a reforma e reconstrução dos 101 km da BR 267, que interconecta com o acesso à rota bioceânica e isso vai permitir investimento somado de 711 milhões de reais, investimento muito robusto”, completou.
Economia e integração
Aproveitando a solenidade, a ministra Simone Tebet fez uma apresentação sobre as rotas de integração do Brasil com os países da América do Sul, que vão receber obras e investimentos do Governo Federal. Entre elas os empreendimentos de Mato Grosso do Sul, como a nova alça que dará a cesso a ponte binacional. A expectativa é que os projetos estejam prontos até 2027.
Ela disse que a Rota Bioceânica será a primeira a ser entregue de cinco corredores internacionais previstos para ligar os estados brasileiros a países sul-americanos e ao mercado asiático. Além do corredor no Estado, já existem planos e recursos para três rotas ligando os estados da região norte do País a Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Venezuela, Colômbia, Peru e Equador. E no sul, a Rota Porto Alegre-Coquimbo, integrando à Argentina, Uruguai e Chile.
“A rota de Mato Grosso do Sul, por exemplo, também beneficia Paraná e Santa Catarina. Nossos produtos vão chegar no mercado asiático são 7 mil km a menos de distância e mais ou menos 20 dias a menos para chegar. Os produtos do Centro-Oeste brasileiro serão muito mais competitivos e poderão chegar muito mais baratos a estes mercados”.
O prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, declarou que o município vai representar boa parte da população brasileira. “Porto Murtinho é o portal da rota bioceânica e é uma cidade de 15 mil cidadãos, mas muito importante no cenário sul-mato-grossense e para o Brasil. O investimentos do PAC do corredor bioceânico vai impactar na vida de 150 milhões de brasileiros”, afirmou o prefeito.
Ferrovias
Durante a solenidade o governador assinou o decreto que regulamenta o sistema ferroviário em Mato Grosso do Sul. O documento servirá de base para eventuais pedidos e solicitações de empresas que desejam construir ramais ferroviários dentro do Estado.
“O governador pediu que a Seilog e a Semadesc estudassem uma regulamentação para construção de ferrovias no Estado do Mato Grosso do Sul. Qualquer empresa ou entidade hoje terá uma regulamentação, que após solicitação vi ser encaminhada para secretaria, feito um estudo e depois concessão para que eles possam construir”, afirmou o secretário de Infraestrutura e Logística, Hélio Peluffo.
Ele destacou que agora o Estado está preparado para receber estas solicitações. “Já recebemos inclusive um pedido da Arauco solicitando a construção de uma ferrovia da fábrica deles até Inocência, será feito um estudo para autorização. Além disto já esperando mais dois pedidos na região de Corumbá e Três Lagoas. É o Governo do Estado inovando na questão das ferrovias”.