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Verde / Sustentável

Reflorestamento na nascente do córrego Joaquim Português já apresenta resultados expressivos

Atualmente, a área restaurada apresenta sinais claros de revitalização, com diversas árvores plantadas começando a florescer pela primeira vez.

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Após décadas de degradação, a nascente do córrego Joaquim Português, localizada no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, sofreu um intenso processo de erosão que comprometeu tanto a área da nascente quanto o Lago Maior, um dos principais pontos turísticos da cidade.

A erosão e o escoamento de sedimentos prejudicaram gravemente a fauna e flora locais, agravando o problema de assoreamento do lago, que fica cerca de dois quilômetros abaixo da nascente. Contudo, o projeto de reflorestamento conduzido pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) tem gerado resultados impressionantes.

Atualmente, a área restaurada apresenta sinais claros de revitalização, com diversas árvores plantadas começando a florescer pela primeira vez. Esse marco demonstra que as medidas de recuperação implementadas foram eficazes e que a vegetação local está retomando seu curso natural, indicando um futuro promissor para o ecossistema do local.

No projeto de reflorestamento na nascente do córrego Joaquim Português, foram plantadas espécies nativas do Cerrado, como angico branco, angico preto, ipê amarelo, ipê branco, ipê rosa, ipê roxo, jacarandá mimoso, manduvi, pindo e ingá.

Esse cuidado na escolha das espécies teve como objetivo não apenas restaurar a vegetação, mas também garantir que ela fosse compatível com as condições climáticas e do solo da região.

Algumas dessas árvores já estão florescendo, o que é um sinal claro da adaptação das plantas e do sucesso da intervenção ambiental. A floração precoce é uma evidência de que o ecossistema está voltando ao equilíbrio, pois essas árvores começam a cumprir seu papel ecológico, fornecendo sombra, abrigo e alimento para a fauna local.

O projeto de recuperação, que contou com um investimento de R$ 4.765.214,44, oriundos de compensação ambiental, foi fundamental para a reabilitação da nascente.

Entre as principais intervenções, destaca-se a reversão da tubulação de águas pluviais para uma bacia de contenção no outro lado da Avenida do Poeta, além da reconformação dos taludes que haviam sido gravemente erodidos.

Redução dos sedimentos

A quantidade de sedimentos que antes era arrastada para o Lago Maior do Parque das Nações Indígenas tem diminuído progressivamente desde o início do projeto de reflorestamento e recuperação da nascente do Córrego Joaquim Português. Essa redução é um dos indicativos mais expressivos da eficácia das medidas adotadas.

Os lagos de contenção de sedimentos, construídos estrategicamente ao longo do curso d’água, estão desempenhando um papel crucial nesse processo. Localizados abaixo da área de intervenção, esses lagos atuam como barreiras para o excesso de material que antes descia com a enxurrada.

Antes da implementação do projeto, esses reservatórios enchiam rapidamente após eventos de chuva intensa, exigindo constantes ações de limpeza e manutenção para evitar transbordamentos e novos impactos ambientais no Lago Maior.

No entanto, após as obras de contenção e a recuperação dos taludes e da vegetação, o volume de sedimentos carreados foi substancialmente reduzido. Agora, os lagos de contenção estão levando muito mais tempo para encher suas caixas de retenção, o que demonstra que a erosão na nascente foi significativamente controlada e que o solo da área recuperada está mais estável e protegido.

Essa mudança se deve em grande parte às ações de recomposição vegetal e à instalação de sistemas de drenagem e dissipadores de energia, que controlam o fluxo de água da chuva e reduzem o impacto erosivo nas encostas. Com a vegetação reestabelecida e as raízes das plantas ajudando a fixar o solo, o volume de material solto diminuiu consideravelmente, interrompendo o ciclo de degradação que vinha ocorrendo na área.

“A maior eficiência dos lagos de contenção é, portanto, um reflexo direto da assertividade das intervenções realizadas. O projeto de recuperação ambiental não apenas restaurou a nascente e estabilizou a região erodida, mas também garantiu que os efeitos da erosão fossem mitigados de maneira sustentável, preservando tanto o ecossistema do Lago Maior quanto o equilíbrio do entorno”, explicou Thais Caramori, diretora de Desenvolvimento do Imasul.

Esse controle mais eficaz dos sedimentos é um dos sinais de que a área está se recuperando de forma sólida, resultando em benefícios de longo prazo para a preservação do meio ambiente local e a qualidade das águas.

Desassoreamento e reflorestamento

Desde o início, em 2003, um processo erosivo significativo se manifestou na região, provocando mudanças drásticas na paisagem e afetando o ecossistema local por décadas. Este fenômeno erosivo teve suas raízes em uma combinação de fatores.

À medida que o tempo passou, as consequências desse processo se tornaram cada vez mais evidentes. A erosão não apenas desnudou o solo fértil, mas também alterou a topografia da região, criando ravinas e desfiladeiros que anteriormente não existiam.

A erosão, que se intensificou com o avanço da urbanização ao redor, abriu uma enorme cratera com aproximadamente 140 metros de comprimento, 40 metros de largura em alguns pontos e até 6 metros de profundidade. Uma das medidas mais significativas do projeto foi a remoção de 140 mil metros cúbicos de sedimentos acumulados no Lago Maior, obra realizada em parceria com a Prefeitura de Campo Grande.

O desassoreamento, com um custo de R$ 1,5 milhão, permitiu que o ecossistema aquático se equilibrasse, criando condições mais favoráveis para a fauna local.

Além da recuperação da nascente, foram plantadas 700 mudas de árvores nativas, como jacarandás, essenciais para a recomposição da vegetação da área erodida. As espécies foram criteriosamente escolhidas para se adaptarem ao solo e às condições climáticas da região, acelerando o processo de recuperação.

No início do projeto de reflorestamento na nascente do Córrego Joaquim Português, foram plantadas mais de 700 mudas de espécies nativas do Cerrado. Contudo, devido a fatores ambientais adversos, houve uma perda de aproximadamente 20% dessas mudas. Para compensar essa perda, foram realizadas novas plantações, incluindo 150 mudas de angicos, ipês, copaíba e cumbaru, fortalecendo o processo de recuperação da área.

Entre os desafios contínuos enfrentados na restauração está o controle de plantas invasoras, como a braquiária e o colonião, que competem por recursos e espaço com as mudas nativas. Além disso, as longas estiagens que vêm ocorrendo desde 2023 agravam a situação, dificultando o desenvolvimento saudável das plantas.

Para mitigar esses impactos, medidas estratégicas foram adotadas. Uma delas foi a manutenção de plantas pioneiras como o fedegoso gigante e a mimosa dormideira, que são essenciais para fornecer sombreamento às mudas mais jovens, protegendo-as do sol intenso e criando um ambiente mais favorável para seu crescimento.

Além disso, o uso de material orgânico, como restos de coco verde e bagaço de cana, tem sido fundamental para manter a umidade do solo, garantindo que as mudas possam se desenvolver com melhores chances de sobrevivência, mesmo em períodos de seca. Essas técnicas ajudam a conservar a água no solo e oferecem suporte adicional para a vegetação em recuperação, reforçando o sucesso a longo prazo do projeto de reflorestamento.

A restauração da nascente do Córrego Joaquim Português faz parte de um esforço contínuo para solucionar, de forma definitiva, o problema do assoreamento que há anos afeta o lago maior dentro do Parque das Nações Indígenas.

“Além da recuperação da flora, também estamos notando o retorno da fauna. Já encontramos animais como cobras, antas, quatis e várias espécies de pássaros. Estamos utilizando técnicas de nucleação para auxiliar no processo, e também aproveitando doações de bagaço de cana para ajudar na retenção de umidade nas mudas. Além disso, temos utilizado cocos secos e verdes para combater formigas, que preferem atacar a popa que fica dos cocos em vez das folhas das mudas”, explicou Adriana Damião, fiscal ambiental do Imasul.

Adriana explicou também que algumas pessoas acham que algumas plantas que estão no local, morreram, mas isso não é. “Os fedegosos gigantes, que foram pioneiros nesse processo, ajudaram a fornecer sombra para as mudas que agora estão se desenvolvendo”, conclui. A manutenção no local é realizada duas vezes na semana.

Reaproveitamento

A equipe de manutenção da área utiliza cascas de coco, recurso abundante e biodegradável que vendedores da região inutilizam, após extrair a água, que possui excelentes propriedades de retenção de água no solo.

Ao serem aplicadas na superfície, elas formam uma camada protetora que reduz a evaporação da umidade, mantendo a terra mais fresca e úmida por períodos mais longos. Além disso, as cascas de coco também contribuem para a aeração do solo, permitindo que as raízes das plantas respiram adequadamente.

O bagaço de cana, por sua vez, frequentemente também subestimado, mas que possui um valor agronômico significativo. Ao ser incorporado ao solo ou utilizado como cobertura, o bagaço de cana não só ajuda a reter a umidade, mas também melhora a estrutura do solo, aumentando sua fertilidade. A decomposição do bagaço fornece nutrientes essenciais às plantas, favorecendo seu crescimento e desenvolvimento.

Proteção ambiental e resultados duradouros

Esse projeto faz parte de uma série de ações voltadas para a revitalização e proteção do Parque do Prosa, uma unidade de conservação vital para Campo Grande. O diretor-presidente do Imasul, André Borges, enfatizou que a conclusão desse projeto é um exemplo claro do compromisso do Instituto com a sustentabilidade.

“Esse projeto não apenas resolve um grave problema ambiental, mas também reafirma nosso compromisso com a proteção e restauração das áreas verdes da cidade”, afirmou.

A iniciativa bem-sucedida demonstra como ações planejadas e coordenadas podem reverter processos de degradação ambiental, protegendo unidades de conservação dos impactos da urbanização desordenada.

O sucesso do projeto reforça a importância da integração entre o poder público e os órgãos ambientais para garantir um futuro mais sustentável e equilibrado para as próximas gerações.

(Com assessoria. Fotos: Divulgação)

Verde / Sustentável

Governo de MS lança sistema CarbonControl para gerenciamento de emissões de gases de efeito estufa

Ao final do processo, as empresas recebem um relatório completo, permitindo ajustes estratégicos para reduzir emissões e adotar práticas mais sustentáveis.

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O Governo do Estado, por meio do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), se prepara para lançar em breve o sistema CarbonControl, uma plataforma digital inovadora voltada para o gerenciamento de emissões e remoções de Gases de Efeito Estufa (GEE).

Com o objetivo de otimizar o registro de inventários de emissões e o cálculo do balanço de carbono, o CarbonControl promete oferecer mais agilidade e eficiência para empresas e indivíduos que realizam atividades com impacto ambiental.

Essa nova ferramenta surge em resposta à regulamentação da resolução da Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciencia, Tecnologia e Inovação) que estabelece diretrizes para o Registro Público Voluntário de Emissões Anuais de GEE.

Este evento contará com a presença de diretores e técnicos do Imasul e diversas autoridades locaisEstarão presentes também representantes do segmento ambiental, indústrias e da Fiems (Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso do Sul).

O CarbonControl será um instrumento fundamental para consolidar dados sobre o controle de emissões no estado, automatizando o envio de informações e facilitando a análise técnica de inventários ambientais, tanto voluntários quanto obrigatórios para o processo de licenciamento ambiental.

Quem deve utilizar o CarbonControl?

O sistema será obrigatório para todas as pessoas físicas e jurídicas cujas atividades gerem emissões ou remoções de GEE. Isso inclui registros obrigatórios, ligados ao licenciamento ambiental, e também registros voluntários para empreendimentos que buscam melhorar suas práticas sustentáveis.

As atividades monitoradas abrangem tanto operações rurais, relacionadas ao Cadastro Ambiental Rural de Mato Grosso do Sul (CARMS), quanto urbanas, não vinculadas ao CARMS.

De acordo com André Borges, diretor-presidente do Imasul, o CarbonControl representa um avanço tecnológico significativo. “Este sistema traz mais modernidade aos nossos processos e oferece mais transparência e eficiência na gestão ambiental, consolidando Mato Grosso do Sul como um estado que valoriza o desenvolvimento sustentável”.

Fontes de emissão monitoradas

O sistema CarbonControl abrange diversas fontes de emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), com foco inicial. Entre as principais categorias monitoradas estão a combustão estacionária, que gera emissões a partir da queima de combustíveis em instalações fixas, como usinas e caldeiras, com destaque para dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O).

A combustão móvel, por sua vez, refere-se às emissões provenientes de veículos em movimento, como automóveis e caminhões, devido à queima de combustíveis como gasolina e diesel. O sistema também monitora emissões fugitivas, que são vazamentos acidentais de gases, como o metano, em sistemas de refrigeração ou gasodutos.

No setor industrial, são acompanhadas emissões resultantes de reações químicas não associadas à combustão, como na produção de cimento ou fundição de metais. Já nas operações agrícolas, o foco recai sobre as emissões geradas pelo uso de fertilizantes e pela fermentação entérica em animais. Além disso, o CarbonControl monitora as emissões decorrentes de mudanças no uso do solo, como o desmatamento ou a conversão de áreas naturais para fins agrícolas.

O sistema também monitora emissões associadas ao tratamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos, como compostagem e aterros sanitários.

Integração com o Cadastro Ambiental Rural

Para as atividades ligadas ao Cadastro Ambiental Rural (CARMS), o sistema CarbonControl fará uma integração direta com os inventários reportados. Isso garante que os dados fornecidos estejam em conformidade com os padrões estabelecidos pelo GHG Protocol Brasil, utilizado amplamente no cálculo de emissões e remoções de GEE.

Existem dois tipos principais de inventários que poderão ser registrados no sistema: Vinculados ao CARMS, que abrange atividades em propriedades rurais e não vinculados ao CARMS, que  relacionam-se a atividades urbanas, fora do cadastro rural.

Balanço de carbono

O CarbonControl gera um relatório detalhado do balanço de emissões e remoções de carbono (CO2e). As remoções de carbono, entretanto, devem ser calculadas por técnicos responsáveis e posteriormente inseridas na plataforma. Os fatores de remoção utilizados devem seguir as normas publicadas pelo Imasul e pela Semadesc.

Ao final do processo, as empresas recebem um relatório completo, permitindo ajustes estratégicos para reduzir emissões e adotar práticas mais sustentáveis.

Avanços na gestão ambiental

O lançamento do CarbonControl marca um avanço significativo na gestão ambiental de Mato Grosso do Sul, consolidando o compromisso do estado no combate às mudanças climáticas. Além de aumentar a transparência no monitoramento das emissões de GEE, o sistema incentiva as empresas a adotarem práticas alinhadas com os compromissos globais de sustentabilidade.

Essa plataforma moderna e acessível fortalece a liderança do Imasul na preservação ambiental e contribui para um futuro mais sustentável, beneficiando as próximas gerações.

“O Imasul lançou um novo sistema que combina o controle GEE com o potencial de retenção de carbono no solo e na vegetação. Esse sistema valoriza as áreas preservadas, como o Pantanal e o Cerrado, além das práticas agrícolas sustentáveis no estado. Com ele, as empresas podem calcular tanto as emissões quanto as retenções de carbono, mesmo que a inclusão de retenções seja voluntária. O objetivo é equilibrar esses fatores, incentivando a redução de emissões e reforçando a meta do estado de se tornar Carbono Neutro até 2030”, comentou o técnico ambiental Romulo.

COP28

Durante a COP 28, realizada em Dubai, os representantes do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) apresentaram o inovador sistema Carbon Control. Essa ferramenta foi oficialmente lançada pelo diretor-presidente do Imasul, André Borges, juntamente com o secretário Jaime Verruck, da Semadesc. O objetivo monitorar e gerenciar (GEE), sendo uma peça-chave na estratégia do governo estadual para alcançar a meta de Estado Carbono Neutro até 2030.

O sistema usa tecnologias avançadas para fornecer uma base padronizada e confiável de dados sobre as emissões, permitindo uma gestão ambiental mais eficiente. Essa iniciativa faz parte do plano de Mato Grosso do Sul para se tornar um estado Verde, Próspero, Inclusivo e Digital, pilares do governo de Eduardo Riedel, e foi apresentada na COP 28 como um exemplo de inovação e compromisso com a sustentabilidade global.

Desmatamento

As participações do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul na COP 28, têm sido fundamentais para que o estado avance em sua meta de se tornar Carbono Neutro até 2030. No entanto, além desse compromisso, outras questões importantes também foram destacadas durante os debates, como o combate ao desmatamento ilegal.

Foi reforçado na COP que, além da redução das emissões de gases de efeito estufa, é essencial focar no controle rigoroso do desmatamento ilegal, uma questão crítica para a preservação ambiental. Nesse contexto, o Estado já lançou um sistema digital inovador para monitorar e coibir qualquer tipo de desmatamento ilegal em seu território.

Outro ponto crucial abordado foi o impacto das ações de prevenção e combate aos incêndios florestais, que também contribuem significativamente para a redução das emissões. O Estado tem obtido importantes resultados na redução das emissões, tanto por meio do combate ao desmatamento quanto pela prevenção de incêndios, reforçando seu compromisso com a sustentabilidade e a preservação da biodiversidade.

Esses esforços demonstram que, além de buscar a neutralidade de carbono, o estado está engajado em uma agenda ambiental mais ampla, envolvendo a proteção de florestas e o uso de tecnologias avançadas para garantir uma gestão ambiental eficaz.

(Com assessoria. Foto: Divulgação)

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Verde / Sustentável

Hospital Ayty, do Imasul, é esperança para mais de 60 filhotes órfãos e sob cuidados intensivos

Cada filhote que chega ao CRAS carrega consigo uma história de superação.

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No coração de Mato Grosso do Sul, o Imasul, através do CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) e do Hospital Ayty, se tornou um verdadeiro refúgio para filhotes órfãos e feridos, oferecendo a eles uma nova chance de sobreviver.

Atualmente, mais de 60 filhotes estão sob cuidados intensivos, resgatados de tragédias como o tráfico de animais, apreensões realizadas pela Polícia Militar Ambiental, Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap) e o Ibama, e, em muitos casos, vítimas das queimadas devastadoras que destroem seus habitats.

Cada filhote que chega ao CRAS carrega consigo uma história de superação. Ao atravessarem os portões do Hospital Ayty, são imediatamente recebidos por uma equipe comprometida de biólogos, veterinários e zootecnistas, que, com atenção e precisão, os conduzem ao ambulatório.

Nesse espaço, suas condições de saúde são avaliadas de forma minuciosa, e o processo de reabilitação começa, marcado pela esperança de devolver esses animais à vida que foi cruelmente interrompida.

O setor de filhotes é o local onde essa jornada de recuperação realmente começa. Mamíferos recém-nascidos, muitas vezes órfãos ou gravemente feridos por incêndios, chegam completamente dependentes do cuidado humano. Alimentados com mamadeiras, esses pequenos precisam de semanas de atenção ininterrupta, até que possam se alimentar de forma independente.

Durante esse período, são constantemente monitorados, e seu desenvolvimento é registrado, para garantir que ganhem peso e se fortaleçam.

As aves resgatadas, igualmente frágeis, recebem alimentação especial em forma de papinhas, introduzidas em seus bicos várias vezes ao dia. Essa alimentação requer paciência, pois a equipe ajusta o volume e a frequência conforme as necessidades de cada espécie.

Além de alimentar, os profissionais também trabalham para estimular o retorno do comportamento natural de voo, criando espaços seguros para que possam exercitar as asas até que estejam prontas para voar sozinhas.

Cada filhote é único e exige um tratamento especializado. O trabalho da equipe do CRAS e do Hospital Ayty vai além dos cuidados físicos: inclui a recriação de ambientes enriquecidos que imitam o habitat natural desses animais, ajudando-os a redescobrir comportamentos essenciais para sua sobrevivência. Todo o processo é realizado com paciência, respeito e dedicação, com a meta de devolver esses filhotes à natureza quando estiverem prontos.

No entanto, nem todos os animais têm condições de retornar ao seu habitat. Alguns, por conta de ferimentos graves ou comprometimento de suas habilidades motoras e instintivas, precisam encontrar outros caminhos.

Para esses animais, existem alternativas, como a transferência para instituições de pesquisa ou criadouros conservacionistas. Nessas instituições, mesmo fora do ambiente selvagem, os animais desempenham papéis vitais na preservação de suas espécies, contribuindo para programas de reprodução e estudos sobre biologia e comportamento.

Órfãos

Atualmente, o CRAS abriga em torno de 250 animais de 20 espécies diferentes, entre eles os chamados “órfãos do fogo”, sobreviventes dos incêndios florestais que devastaram a região. Um exemplo comovente foi o resgate de um jovem veado, trazido ao CRAS pelo Ibama no início de agosto, após ser encontrado pelo Prevfogo em Campo Grande.

Sozinho, sem sua mãe, ele agora encontra segurança dos cuidadores do CRAS. Outro caso envolve dois lobinhos, resgatados pela Guarda Municipal e entregues pela PMA, após serem encontrados sozinhos em uma mata em Dourados.

Em meio a esses relatos emocionantes, destacam-se também histórias de superação como a dos gatos-palheiro, resgatados durante o combate a incêndios em Miranda, e a de uma onça-parda debilitada, encontrada em Costa Rica, possivelmente fugindo das queimadas.

Esses animais, agora recebendo cuidados intensivos no CRAS, têm uma nova chance de recuperação e, quem sabe, de retorno à vida selvagem.

Cada vida resgatada no Hospital Ayty é uma vitória, e cada filhote que sobrevive é um símbolo de esperança para a conservação da fauna silvestre. Mesmo aqueles que não podem retornar à natureza encontram novos propósitos em suas vidas, contribuindo para a preservação de suas espécies e garantindo que suas histórias ajudem a manter a biodiversidade.

Diretor-presidente do Imasul, André Borges destaca a complexidade do trabalho. “Cuidar dos filhotes de animais silvestres não é uma tarefa simples. Contamos com uma equipe altamente treinada e dedicada, que diariamente se empenha em oferecer o melhor cuidado a esses pequenos, que são extremamente sensíveis e exigem uma atenção especial. Temos uma boa infraestrutura, que é adequada para garantir o bem-estar desses animais e proporcionar o suporte necessário para sua recuperação e reabilitação”.

Além do cuidado físico, a equipe também se preocupa com a saúde emocional desses filhotes. Recintos especiais são montados para minimizar o estresse do cativeiro, com ninhos, esconderijos e outros elementos que ajudam a simular o ambiente natural. Esses detalhes fazem a diferença para que os filhotes não percam seus comportamentos instintivos e, quando for possível, tenham condições de retornar à natureza.

Gestora do CRAS, Aline Duarte ressalta a importância do trabalho realizado. “O trabalho do CRAS e do Hospital Ayty é um lembrete poderoso da importância de cada vida no ciclo da natureza. Ali, no meio da correria dos cuidados, do alimentar de filhotes e das cirurgias delicadas, brota a esperança de que esses pequenos retornem à sua verdadeira casa: a natureza. O mundo animal nos inspira e desafia, motiva a continuar lutando por cada vida que chega em nossas mãos”.

Alimentação

A equipe do hospital, planeja cardápios variados e balanceados, considerando as necessidades nutricionais específicas de cada espécie. O menu é rico em frutas frescas, carnes e outros alimentos naturais, buscando simular ao máximo a dieta dos animais em seus habitats naturais.

Para garantir a qualidade da alimentação, o hospital conta com uma cozinha especialmente equipada. Esse ambiente é paramentado com ferramentas e utensílios adequados para preparar as refeições dos pequenos animais, como aves, filhotes de mamíferos e répteis. Além disso, todos os alimentos passam por um controle rigoroso de higiene e qualidade.

Entre as espécies atendidas estão os tamanduás-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), animais que têm uma dieta altamente especializada. Para garantir a melhor nutrição possível, os tratadores do hospital vão além do preparo básico. Eles buscam cupinzeiros na natureza, fornecendo ao tamanduá um dos principais componentes de sua alimentação natural: cupins e formigas. Esse cuidado não só garante a nutrição ideal, mas também estimula o comportamento natural da espécie, essencial para a reabilitação completa e futura reintegração ao habitat.

“Nosso objetivo é não só garantir que os animais recebam os nutrientes necessários para a recuperação, mas também proporcionar uma dieta que se aproxime ao máximo da alimentação que teriam na natureza”, explica Fernanda Mayer. O cuidado com a alimentação é parte essencial do processo de reabilitação, contribuindo para a saúde física e bem-estar dos animais, que posteriormente poderão ser reintegrados ao seu ambiente natural.

Ambientes

O hospital não se destaca apenas pela excelência nos cuidados médicos e nutricionais dos animais, mas também pela adaptação dos ambientes conforme as necessidades de cada espécie. Os espaços são cuidadosamente projetados para promover conforto, estimular comportamentos naturais e facilitar a reabilitação, aumentando as chances de uma futura reintegração à natureza.

No recinto das aves, por exemplo, galhos naturais são incorporados ao ambiente, simulando árvores para que os pássaros possam pousar e se movimentar como fariam em seu habitat. Para os primatas, são instaladas cordas que imitam cipós, permitindo que os animais se locomovam de forma semelhante à que utilizariam em florestas.

Já as onças-pintadas e pardas, espécies que precisam de esconderijos e espaços para se camuflar, são acomodadas em recintos que possuem tocas, permitindo que elas mantenham seu comportamento natural.

Além disso, espécies de grande porte recebem atenção especial. Aves maiores, como as araras, têm à disposição viveiros amplos, que proporcionam a oportunidade de realizar voos mais longos e manter a musculatura ativa. Já a anta (Tapirus terrestris), o maior mamífero da fauna brasileira, desfruta de um espaço extenso com árvores e um lago, garantindo que o animal possa nadar e se refrescar, algo essencial para o seu bem-estar e recuperação.

A personalização dos recintos visa não apenas o conforto dos animais, mas também a recriação dos estímulos físicos e mentais que enfrentariam na vida selvagem.

“Cada espécie tem suas particularidades, e o ambiente onde ficam durante a reabilitação precisa refletir isso. Os animais precisam estar preparados para retornar ao seu habitat com comportamentos adequados e uma condição física compatível com a vida na natureza”, explica Allyson Favero, um dos biólogos responsáveis.

Infraestrutura

Os filhotes contam com uma das mais modernas estruturas de atendimento à fauna no Brasil, que inclui equipe plantonista, farmácia, almoxarifado e salas de controle e raio-X. A área cirúrgica é totalmente equipada para procedimentos avançados, com esterilização, antissepsia, preparação de pacientes, cirurgia e pós-operatório.

O hospital possui cinco salas de triagem e áreas de quarentena para aves, répteis e mamíferos, todas com solário e espaço ao ar livre, além de áreas de isolamento para controle de doenças e uma sala de armazenamento de amostras para pesquisas e diagnósticos.

(Com assessoria. Fotos: Divulgação)

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Com foco na preservação do Pantanal, especialistas avaliam situação das áreas úmidas de MS

Entre as 23 metas globais acordadas durante a COP15 estão: proteção de 30% da biodiversidade e das funções dos ecossistemas do Planeta;

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A Conferência da ONU para a Biodiversidade (COP15) realizada em dezembro de 2022 em Montreal, Canadá, estabeleceu 23 metas globais a serem cumpridas até 2030 e quatro objetivos que precisam ser concretizados ainda na primeira metade do século por todas as nações. O Brasil está entre os mais de 200 países que concordaram em perseguir essas metas e objetivos, com objetivo de proteger e restaurar a natureza, garantindo seu uso sustentável e estimulando uma economia global verde.

O Marco Kunming-Montreal, como é conhecido o conjunto de metas e objetivos traçados durante a COP15, foi tema de Seminário realizado pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), em parceria com a Abema (Associação Brasileira de Entidades Ambientais), nessa quinta-feira (26), em Campo Grande. Pesquisadores apresentaram estudos que mostram a situação das áreas úmidas, da biodiversidade e dos recursos hídricos de Mato Grosso do Sul e das regiões circunvizinhas, fornecendo subsídios para o desenvolvimento de medidas e políticas públicas no sentido de buscar atingir as metas e objetivos propostos na COP15.

Entre as 23 metas globais acordadas durante a COP15 estão: proteção de 30% da biodiversidade e das funções dos ecossistemas do Planeta; anular a perda de áreas de alta importância para a biodiversidade, incluindo ecossistemas de alta integridade ecológica, como é o caso do Pantanal; restauração de 30% dos ecossistemas terrestres e marinhos degradados; interrupção da extinção de espécies ameaçadas induzida pelo homem; uso, colheita e comércio de espécies silvestres sustentáveis, seguros e legais.

O cumprimento dessas metas até 2030 seria capaz de levar o Planeta a atingir pelo menos quatro objetivos globais ambiciosos, que são: manutenção, melhoria ou restauração da integridade, conectividade e resiliência de todos os ecossistemas, incluindo a interrupção da extinção induzida pelo homem e a manutenção da diversidade genética; uso sustentável da biodiversidade; compartilhamento justo e equitativo de benefícios associados ao uso de recursos da natureza e proteção do conhecimento das comunidades tradicionais e indígenas; e a garantia de que recursos financeiros, técnicos e conhecimento científico destinados à implementação de ações cheguem onde são necessários.

Seminário

O 1° Seminário Estadual sobre Áreas Úmidas no Contexto Kunming-Montreal reuniu no auditório LivingLab do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) dezenas de especialistas e interessados na temática, tendo sido também foi transmitido pelo Youtube, em que chegou a atingir 243 visualizações. O secretário executivo de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Artur Falcette, fez a abertura destacando a importância do debate para subsidiar o poder público e a sociedade na tomada de decisões assertivas e eficientes, diante do quadro de alterações graves nas condições climáticas que interferem diretamente na dinâmica dos ecossistemas das áreas úmidas.

A seguir, cinco palestrantes trouxeram suas contribuições para o tema: os professores doutores Arnildo Pott, Sylvia Torrecilha, Verônica Maioli, Fábio de Oliveira Roque e Paulo de Tarso. Pott traçou um panorama da situação das áreas úmidas presentes no Estado, citando as fitofisionomias dessas áreas e da biodiversidade que abrigam. Torrecilha detalhou os acordos firmados na COP15 e as ações que Mato Grosso do Sul já tem adotado e que estão sendo desenvolvidas nesse sentido.

Citou como exemplos a implantação do PSA (Programa de Serviços Ambientais) Usos Múltiplos Rios Cênicos, que recompensa ações de sustentabilidade adotadas por proprietários rurais estabelecidos nas bacias dos rios Prata, Formoso, Salobra e Bertione. Também o inventário climático de emissões dos GEEs (Gases causadores do Efeito Estufa) por todas as atividades econômicas e o PSA específico para o Pantanal que está em elaboração. “Mato Grosso do Sul tem papel precursor e de liderança nesse processo”, assegurou Torrecilha.

Verônica Maioli apresentou estudos que mostram as condições das áreas que concentram as cabeceiras dos principais cursos d´água que correm para o Pantanal e que revelam graus preocupantes de degradação, demandando um esforço ampliado para recuperação. Já Fábio Roque centrou-se nas potencialidades ambientais e econômicas da região e afirmou que, apesar da quantidade razoável de estudos científicos sobre o tema, ainda faltam conexões dos aspectos econômicos, sociais e da biodiversidade locais com iniciativas e políticas públicas.

O último palestrante, Paulo de Tarso, apresentou o vínculo entre água, energia e alimentos que reconhece as interconexões entre os sistemas hídrico, energético e alimentar como uma estratégia integrada que seja eficiente e sustentável, propondo que isto ocorra dentro de processos de governança. Trouxe um panorama da situação dos recursos hídricos, revelando problemas e apontando medidas capazes de mitiga-los. Tarso demonstrou estudo que revela a interconexão entre os rios e os aquíferos e a importância do manejo adequado do uso e cobertura da terra para a manutenção dos serviços ecossistêmicos providos pelas áreas úmidas.

Fazendo uma síntese das discussões, o secretário executivo Artur Falcette afirmou que o seminário forneceu subsídios técnicos e científicos para que as iniciativas e políticas públicas possam ser conduzidas de forma mais assertivas, “frente às metas ambiciosas e desafiadores no combate a perda de biodiversidade, das funções ecológicas e dos serviços ecossistêmicos”.

(Com assessoria. Fotos: Divulgação)

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