Planta nativa do Brasil, a Trema micrantha blume, encontrada em Mato Grosso do Sul, conta com a presença de canabidiol, conforme identificou pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). No Estado, a espécie também é conhecida como amora-brava, cambriúva e candiúva.
Em seis meses, começarão os processos in vitro para ser analisado se o componente tem a mesma função do canabidiol extraído da Cannabis sativa. A pesquisa conta com R$ 500 mil de recursos, obtidos por meio do edital de Ciências Agrárias, da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro), ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Governo do Estado.
O professor Marcelo Bueno, da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), campus de Mundo Novo, confirma a existência da planta no Estado, mas é difícil dizer em quais municípios ela pode ser vista. Ele também é pesquisador da pós-graduação de Recursos Naturais da Uems de Dourados e em Biologia Vegetal da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).
“Como ela é de ampla ocorrência, pode ocorrer em várias cidades, difícil realmente apontar quais cidades. É uma espécie importante, pois além de sua utilização, é uma espécie pioneira, de rápido crescimento e grande versatilidade ecológica, pode ser utilizada em programas de plantios florestais e de recuperação de áreas degradadas por mineração, por exemplo”, destacou.
Ainda de acordo com o professor, por mais que a planta seja da mesma “família” da Cannabis, não é uma regra que a substância seja encontrada. “Não é porque é um princípio ativo que ocorre numa espécie da família que vai ocorrer nas outras espécies. A chance é maior, porque o princípio ativo pode estar relacionado à família botânica ou às vezes um gênero, mas não é uma regra”, explicou.
Os cientistas encontraram a substância nos frutos e flores, mas sem estar relacionada a efeitos psicoativos, THC (tetrahidrocanabinol), presente na Cannabis sativa. Esta é proibida de ser cultivada por causar efeito alucinógeno.
Segundo o coordenador da pesquisa, Rodrigo Soares Moura Neto, que faz parte do IB (Instituto de Biologia) da UFRJ, a Trema seria uma maneira de ultrapassar as barreiras da Cannabis.
“No caso da planta brasileira, isso não seria um problema, porque não existe nada de THC nela. Também não haveria a restrição jurídica de plantio, porque ela pode ser plantada à vontade. Na verdade, ela já está espalhada pelo Brasil inteiro. Seria uma fonte mais fácil e barata de obter o canabidiol”, destacou.
O canabidiol pode ser usado para fins medicinais, mas no Brasil o uso ainda é restrito. Resolução do CFM (Conselho Federal de Medicina), do ano passado, determinou que médicos só prescrevam o CBD para tratar epilepsias na infância e na adolescência.
Ainda de acordo com coordenador da pesquisa, Rodrigo, quando se comercializa canabidiol, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) impõe restrição na fórmula, que só pode ter 0,2% de tetrahidrocanabinol.
Planta – A Trema também é encontrada no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul. A planta produz frutos pequenos de coloração avermelhada, onde estão concentrados o CBD.
Ela cresce rápido e pode se transformar em uma árvore de até 20 metros de altura, quando estiver madura.
(Fonte: CampoGrandeNews. Foto: Divulgação)