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Meio Ambiente

Planejamento e atuação eficiente garantem proteção do bioma Pantanal durante todo o ano

O trabalho foi essencial para a atuação eficiente e ainda garantir resposta rápida em caso de incêndios florestais em locais de difícil acesso.

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Para acessar as áreas atingidas pelos incêndios florestais no Pantanal sul-mato-grossense, o CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul) manteve um planejamento logístico e de atuação eficiente, que garantiu a efetividade do trabalho realizado durante todo o ano.

“Nós sabíamos desde o começo que seria um ano atípico e nos preparamos para isso e a grande inovação foram as bases avançadas. Foi muito difícil, mas foi a grande diferença para esta temporada. Saímos vitoriosos com certeza, porque as previsões eram bem piores que 2020, que foi a comparação que sempre foi feita, quanto a escassez de chuva, nível do Rio Paraguai, tivemos a pior seca da história, e mesmo assim tivemos muito menos área queimada. Vamos melhorar ainda mais a nossa logística com as bases avançadas, além da questão da segurança dos nossos militares. Tudo já está sendo planejado para o ano que vem”, explicou o coronel Adriano Rampazo, subcomandante-geral do CBMMS.

Para a próxima temporada, a instalação das bases avançadas em 13 diferentes regiões do bioma, uma das principais ações desenvolvidas na Operação Pantanal 2024, será mantida. O trabalho foi essencial para a atuação eficiente e ainda garantir resposta rápida em caso de incêndios florestais em locais de difícil acesso.

“Eu estava aqui gravando com o secretário estadual de segurança. Secretário, gostaria que o senhor falasse dessa troca de comando que muda, né, daqui pra frente de conferência. Olha, primeiro a gente usou a Tatiana num momento de crise. Ela mostrou total competência liderando, sendo um exemplo de eficiência, de dedicação. Cumpriu a missão dela e agora vai pra uma nova missão desafiadora, mas deixa um legado pra nós todos. É proteger o meio ambiente, é muito importante.

“Mato Grosso do Sul tem o bioma Pantanal e outros, como Mata Atlântica e o Cerrado, onde as mudanças climáticas têm atuado de uma forma muito contundente. E dar uma pronta resposta, uma satisfação para a população, entregar bons resultados, é essencial”, afirmou o secretário Antonio Carlos Videira (Sejusp).

Além das bases avançadas, os bombeiros acessaram áreas com incêndios florestais em lugares remotos do Pantanal, por terra, água e ar. A travessia de balsa pelo Rio Paraguai e os demais que formam o bioma, foi constante para a realização do trabalho de combate às chamas, e a equipe de comunicação do Governo do Estado acompanhou um desses deslocamentos, no dia 23 de junho. Na ocasião o grupo de bombeiros militares seguia para uma missão na área conhecida como Maracangalha, e além do trabalho em solo também recebeu reforço aéreo com o apoio de uma aeronave air tractor.

O sargento Elcio Matheus Barbosa, especialista em combate a incêndio florestal, participou da missão e falou sobre as dificuldades encontradas no dia a dia do trabalho de contenção e extinção das chamas. “A região do Pantanal, por ser bastante extensa, a gente tem uma dificuldade de locomoção muito grande. Os acessos são difíceis, principalmente por causa da vegetação, que é bastante intensa, e muitas vezes não conseguimos acesso ao fogo”.

Mesmo em meio as dificuldades do trabalho realizado no Pantanal, seis meses atrás, o sargento Matheus já pontuava sobre a motivação para atuar no combate aos incêndios. “O motivo é a sensação do dever cumprido, a sensação de proteger o meio ambiente. Além de tudo, nós somos profissionais e seres humanos. A gente vê o Pantanal rico, um bioma tão fantástico, a fauna que é a coisa mais linda. Para mim, o significado do Pantanal é vida”, disse um dos “anjos do Pantanal”, como os bombeiros são chamados pelos pantaneiros.

Na manhã desta quarta-feira (11), durante a divulgação dos dados relativos ao fechamento da Operação Pantanal e a passagem do cargo da DPA (Diretoria de Proteção Ambiental), o sargento e o cabo Luiz Carlos Muller que também esteve em diferentes regiões do bioma, avaliaram o trabalho realizado durante o ano de 2024.

“A gente sabe a dimensão que o nosso Pantanal tem. E o contato direto com o fogo, a gente requer uma certa experiência e a gente precisa de todo suporte, tanto de pessoas, quanto alimentação, lugar para ficar. Foi bastante cansativo, algumas noites nós tivemos que ficar a maior dificuldade foi essa. Mas o Corpo de Bombeiros fez um trabalho muito bom”, disse o sargento Matheus.

“Dentro da missão, nós conseguimos proteger o meio ambiente e as comunidades. A gente andou muito dentro do Pantanal, vimos comunidades totalmente isoladas. Uma família, vendo que o fogo estava chegando, e tivemos que abandonar o combate para tirar a família”, disse o cabo Muller.

A tenente-coronel Tatiane Inoue, que atuou como diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, responsável pelo monitoramento e ações de combate aos incêndios florestais no Estado, e deixou o cargo hoje (11), também pontuou sobre o sucesso da Operação Pantanal 2024.

“É uma sensação de deve cumprindo, foram muitos desafios, mas olhando tudo que a gente conseguiu evoluir em pouco espaço de tempo com a ajuda de muitos, é gratificante. Mato Grosso do Sul tem uma política bem organizada em direção ao compromisso assumido pelo Estado de neutralidade de emissão de carbono até 2030 e isso a gente vê concretamente na corporação com investimentos e capacitação do nosso pessoal. O Estado é referência pela construção de cada um, com vários órgãos trabalhando juntos”.

Para 2025, a DPA já realiza o planejamento das ações de combate. “Nosso planejamento é dar continuidade às ações que nós vimos que foram efetivas. Como um exemplo positivo, a gente viu a situação das bases no Pantanal que nós devemos manter, são diversas bases no Pantanal para que efetivamente exista a presença do Estado nos locais e que a resposta seja muito mais eficaz quando aconteceu o incidente”, afirmou o major Eduardo Teixeira, sub-diretor da DPA.

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Meio Ambiente

CRAS/Imasul acolhe filhote de macaco-prego com fratura e inicia cuidados intensivos para recuperação

O hospital não se destaca apenas pela excelência nos cuidados médicos e nutricionais dos animais, mas também pela adaptação dos ambientes conforme as necessidades de cada espécie

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O Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul – Imasul, está cuidando de uma fêmea de macaco-prego com idade estimada entre 45 e 60 dias. O animal chegou ao local com ferimentos leves provocados por um choque e uma fratura exposta na falange da mão direita. Os cuidados são intensivos, especialmente devido à fragilidade do filhote.

A equipe de veterinários do Hospital Ayty está alimentando o animal a cada três horas, incluindo durante a madrugada, por meio de mamadeiras preparadas pela equipe do CRAS. A fórmula láctea é cuidadosamente balanceada para atender às necessidades nutricionais do animal. Além disso, pequenas porções de frutas maduras já começaram a ser oferecidas, buscando estimular o instinto de mastigação e sugação.

Adaptação e comportamento

Apesar das circunstâncias, a filhote apresenta comportamento típico da espécie. Ela demonstra curiosidade pelo ambiente e reconhece a mamadeira durante a alimentação. Para reduzir a carência causada pela perda da mãe, permanece agarrada a um bichinho de pelúcia durante grande parte do dia, o que lhe proporciona conforto emocional.

Nos últimos dias, a equipe notou avanços significativos: o filhote passou a vocalizar e agora permanece acordado durante o dia, comportamento diferente do início de sua chegada, quando dormia praticamente o tempo todo.

“Cada animal resgatado representa a importância de unir esforços para a conservação de nossas espécies e de seus habitats. Nosso trabalho não termina com o resgate, mas com a devolução à vida livre, sempre que possível”, reforçou André Borges, diretor presidente do Imasul.

“Nosso compromisso é reabilitar cada animal com responsabilidade e carinho, garantindo que estejam preparados para viver novamente em liberdade”, concluiu Aline Duarte, gestora do CRAS.

Cuidados e reabilitação

Por ser muito jovem e ainda apresentar limitações, como a dificuldade em sustentar a cabeça erguida por períodos prolongados e uma locomoção mais lenta, a filhote permanece isolada de outros macacos do CRAS. A medida visa garantir sua segurança e facilitar a recuperação completa.

Os esforços da equipe do CRAS são voltados para reabilitar o filhote, proporcionando-lhe as condições necessárias para um desenvolvimento saudável. A meta, como em todos os casos atendidos pelo centro, é devolvê-lo à natureza assim que estiver plenamente recuperado e preparado para a vida em seu habitat natural.

A veterinária Jordana Toqueto, responsável pelo caso, explicou que a atenção ao bem-estar emocional é tão importante quanto os cuidados físicos. “Esse filhote chegou muito debilitado, mas tem demonstrado um progresso. Estamos cuidando para que ela recupere sua força e autonomia de forma gradual, respeitando seu tempo e suas necessidades”, ressaltou.

Cada filhote que chega ao CRAS é imediatamente recebido por uma equipe comprometida de biólogos, veterinários e zootecnistas, que, com atenção e precisão, os conduzem ao ambulatório. Nesse espaço, suas condições de saúde são avaliadas de forma minuciosa, e o processo de reabilitação começa, marcado pela esperança de devolver esses animais à vida interrompida.

“Nossos esforços demonstram que, com dedicação e carinho, é possível transformar histórias de abandono e sofrimento em histórias de superação e esperança. A recuperação desse filhote é mais uma prova de que a natureza sempre nos surpreende com sua resiliência,” destacou Fernanda Mayer, bióloga do CRAS, responsável pelo setor de filhotes.

Hospital

O Hospital Ayty, vinculado ao Imasul, recebeu este nome inspirado na língua Tupi-Guarani, significando “cuidado” e “acolhimento”. Desde sua criação, a estrutura se consolidou como o maior e mais moderno centro de reabilitação de animais silvestres das Américas, cumprindo seu compromisso de se tornar uma referência em medicina veterinária silvestre e um pilar fundamental na preservação da biodiversidade do Estado.

O hospital não se destaca apenas pela excelência nos cuidados médicos e nutricionais dos animais, mas também pela adaptação dos ambientes conforme as necessidades de cada espécie. Os espaços são cuidadosamente projetados para promover conforto, estimular comportamentos naturais e facilitar a reabilitação, aumentando as chances de uma futura reintegração à natureza.

(Com assessoria. Fotos: Divulgação)

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Meio Ambiente

Quase quatro em cada dez escolas de capitais não têm área verde

Estudo aponta vulnerabilidade climática de colégios das capitais

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Um estudo sobre as escolas de educação infantil e ensino fundamental nas capitais, divulgado nesta quarta-feira (27), apontou que seis em cada dez instituições pesquisadas (64% ) estão em locais onde a temperatura é pelo menos 1 grau Celsius (°C) maior que a média da região. Além disso, 37,4% dos locais não têm áreas verdes, 11,3% ficam em favelas e 6,7% estão em áreas de risco de desastres naturais.

A pesquisa O Acesso ao Verde e a Resiliência Climática nas Escolas das Capitais Brasileiras, promovida pelo Instituto Alana, concluiu também que 370 mil estudantes em 20.635 escolas públicas e privadas estão em áreas de risco climático. Na prática, são crianças e adolescente que podem ter a educação básica comprometida por incêndios florestais, tempestades ou deslizamentos.

“Isso pode significar semanas e semanas sem aula, como a gente viu acontecer lá em Porto Alegre, viu acontecer em outros lugares. No estado de São Paulo também, no litoral, e resulta muitas vezes em abandono escolar, porque quando as crianças ficam muito tempo sem poder frequentar as aulas, elas muitas vezes não voltam”, explica Maria Isabel Barros, especialista em criança e natureza do Instituto Alana.

De acordo com os pesquisadores do Mapbiomas, instituto que desenvolveu o estudo, no ano de 2023 em que os dados foram levantados, a região que mais concentrou escolas com temperatura acima da média do perímetro urbano onde estão inseridas, foi a Região Norte, onde os estados de Manaus (97%), Macapá (93%) e Palmas (91,5%) registraram os maiores percentuais de instituições nessa situação. A exceção foi Belém, que de todas as capitais registrou o menor percentual, 33,2% de escolas mais quentes.

“A gente também vem assistindo um impacto muito forte das ondas de calor no dia a dia das crianças nas escolas. Então, as crianças não conseguem se concentrar para aprender, e muitas vezes não tem acesso ao recreio, porque está muito, muito quente”, diz Maria Isabel. Para a especialista, esses dados estão diretamente associados à ausência de áreas verdes nas escolas.

Áreas verdes

O estudo constatou que nas escolas estudadas, apenas 26,6% na média de toda a área ocupada era de vegetação:

“Já tem muitas pesquisas que comprovam que crianças que têm pátios escolares mais verdes, mais naturalizados, desenvolvem um brincar mais ativo. Elas desenvolvem uma sociabilidade mais benéfica, brincam com mais complexidade, enfim, uma série de benefícios para o seu desenvolvimento integral e para a sua saúde”, explica a especialista.

Segundo Maria Isabel, também é importante considerar que a presença dessas áreas verdes nas escolas não significa que esses espaços tenham um aproveitamento intencional para resiliência climática e aprendizado. Quando isso ocorre, as atividades também são realizadas do lado de fora dos prédios, em salas abertas e nas áreas sombreadas pela própria vegetação:

“É uma coisa que tecnicamente se chama solução baseada na natureza. O sombreamento é uma delas, que nos ajudam a mitigar os efeitos das ondas de calor e outros eventos climáticos e a nos adaptar.”

Quando os pesquisadores observaram as áreas que cercam as escolas, também concluíram que em todo o país apenas 1,9% dos espaços de até 500 metros das instituições são praças e parques.

Capitais da região Norte também tiveram o pior desempenho neste quesito, com Porto Velho (0,6%) e Macapá (1,2%) apresentando as menores proporções de parques praças nas proximidades das escolas.

Desigualdades

Um recorte das escolas localizadas em favelas e comunidades urbanas também levam a um percentual maior que a média nacional (11,3%) nas capitais da Região Norte.

Manaus é a cidade que mais concentra instituições de ensino infantil e fundamental em favelas, onde mais da metade, 53%, ficam nessas áreas, e Belém é a segunda capital nessa situação, com 41% das instituições em favelas e comunidades.

A exceção na Região Norte é a capital Boa Vista, onde não foi identificada nenhuma escola em favela. Já no Centro-Oeste, apenas 1% das escolas fica em favelas nas capitais Goiânia e Campo Grande.

Quando o mesmo recorte é realizado para escolas em áreas de risco para desastres naturais, capitais do Nordeste apresentaram a maior concentração de instituições nessa situação. Em Salvador, 50% das escolas estão em áreas de risco, e em Vitória e Recife o número é de aproximadamente 25%.

Ao aprofundarem o recorte das escolas em áreas de risco para um olhar racial sobre a vulnerabilidade dos estudantes, os pesquisadores concluíram que 51% das escolas nessa situação têm maioria de estudantes negros, e apenas 4,7% têm maioria de estudantes brancos.

“Os dados comprovam as desigualdades territoriais, raciais e socioeconômicas que a gente já vem observando na distribuição do verde e também em relação ao risco na cidade de modo geral aqui no Brasil. As escolas reproduzem essas desigualdades que a gente enxerga nesses indicadores”, conclui a especialista.

 

(Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução)

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Meio Ambiente

Pantanal: redução da área alagada tem favorecido aumento de incêndios

Mostra pesquisa MapBiomas divulgada neste Dia Nacional do Pantanal

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No Dia Nacional do Pantanal, nesta terça-feira (12), não há o que comemorar, principalmente este ano, em que houve uma explosão de focos de incêndio que atingiu esse importante bioma brasileiro, localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Pesquisa do MapBiomas, divulgada hoje, mostra que a área alagada do Pantanal vem diminuindo nas últimas décadas. A razão é que os períodos de cheias estão cada vez menores e os de secas cada vez mais prolongados. O resultado é um maior favorecimento de ocorrência de incêndios mais intensos na maior planície alagável do mundo.

“Com 3,3 milhões de hectares de área alagada, o ano passado foi 38% mais seco que 2018, quando ocorreu a última grande cheia do bioma, que cobriu 5,4 milhões de hectares. Essa extensão, no entanto, já era 22% mais seca que a de 1988 (primeira grande cheia da série histórica do MapBiomas, que cobriu 6,8 milhões de hectares)”, diz o estudo do MapBiomas, rede colaborativa de universidades, ongs e empresa de tecnologia, voltadas para o monitoramento das transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil.

Corumbá (MS), 30/06/2024 - Imagens aéreas mostram áreas devastadas pelo fogo no Pantanal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Corumbá (MS), 30/06/2024 – Imagens aéreas mostram áreas devastadas pelo fogo no Pantanal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os dados são relativos ao período de 1985 a 2023. No Pantanal, a cheia geralmente ocorre nos meses de fevereiro a abril e os de seca de julho a outubro. O estudo indica ainda que, em 2023, a redução do volume de água foi de 61% em relação à média histórica do período analisado.

As áreas alagadas por mais de três meses no ano também apresentam tendência de redução, isto é, o bioma tem apresentado uma menor área alagada ao mesmo tempo que o alagamento apresenta menor tempo de permanência. O fenômeno tem impactado no aumento da área de savana no Pantanal. Da atual área de savana, que equivale a 2,3 milhões de hectares, 22%, cerca de 421 mil hectares vieram de locais que secaram.

Segundo o estudo, essa mudança no padrão de cheias e secas tem efeitos sobre a incidência de queimadas no bioma. No período entre 1985 e 1990, às áreas atingidas por queimadas correspondiam a áreas naturais em processo de conversão e consolidação de pastagem. Após o período da última grande cheia analisada, em 2018, houve uma recorrência de incêndios no entorno do Rio Paraguai.

“De 2019 a 2023, o fogo tem atingido locais que no início da série de mapeamento, de 1985 a 1990, eram permanentemente alagados, mas que agora estão passando por períodos prolongados de seca. O total queimado de 2019 a 2023 foi de 5,8 milhões de hectares e a região mais atingida foi justamente essas áreas que antes eram permanentemente alagadas no entorno do Rio Paraguai”, diz o estudo.

O aumento no número de queimadas também foi constatado este ano por dados da plataforma BDQueimadas, disponível no site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em junho, o Inpe apontou que os focos de incêndio no Pantanal aumentaram mais de 1.000% no primeiro semestre deste ano em relação a 2023.

O satélite do Inpe detectou 978 focos desde primeiro dia do ano até 5 de junho. No mesmo período do ano passado, foram 95. Este ano, Mato Grosso do Sul registrou 521 pontos de incêndio e Mato Grosso, 457.

Pastagens exóticas

Os dados também mostraram um aumento nas pastagens exóticas, o que evidencia a ampliação no processo de desmatamento do Pantanal, para conversão em áreas de pastagem. Isso altera a dinâmica da água, é o que explica o coordenador de mapeamento do bioma Pantanal no MapBiomas Eduardo Rosa.

“O Pantanal já experimentou períodos secos prolongados, como nas décadas de 1960 a 1970, mas atualmente outra realidade, de uso agropecuário intensivo e de substituição de vegetação natural por áreas de pastagem e agricultura, principalmente no planalto da BAP [Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai], que altera a dinâmica da água na bacia hidrográfica”, disse.

Uso antrópico

O estudo também mostra que houve um aumento do uso antrópico, que diz respeito às ações realizadas pelo ser humano, especialmente na BAP. Essa bacia integra os biomas do Cerrado e da Amazônia e desempenha um papel fundamental na hidrologia da planície pantaneira.

Em 1985, o uso antrópico das terras da BAP correspondia a 22% do total, no ano passado esse percentual já alcançava 42%. A área mais afetada foi a do planalto da BAP, que teve 83% de todo o uso antrópico da bacia hidrográfica, no período entre 1985 e 2023.

Corumbá (MS), 30/06/2024 - Imagens aéreas mostram áreas devastadas pelo fogo no Pantanal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Corumbá (MS), 30/06/2024 – Imagens aéreas mostram áreas devastadas pelo fogo no Pantanal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Composto por patamares, serras, chapadas e depressões, o planalto viu gradativamente sua vegetação ser convertida para pastagem e agricultura. Nesse período, as pastagens e a agricultura ocuparam 5,4 milhões de hectares, dos quais 2,4 milhões de hectares eram florestas e 2,6 milhões de hectares eram formações savânicas.

“O principal uso antrópico do planalto da BAP é a pastagem, que responde por 77% do total ou mais de 11,4 milhões de hectares, seguido pela agricultura e mosaico de usos, que juntos representam 20% (3,1 milhões de hectares) do uso antrópico na BAP”, diz o estudo.

Na região de planície, a perda de áreas naturais foi menos intensa e mais recente. Ao todo, foram suprimidos 1,8 milhão de hectares de vegetação natural entre 1985 e 2023, dos quais quase 859 mil hectares de formação campestre e campo alagado, 600 mil hectares de savana e 437 mil hectares de floresta.

O estudo mostra ainda que, entre 1985 e 2023, as pastagens exóticas na planície pantaneira passaram de 700 mil hectares para 2,4 milhões de hectares, aumentando justamente sobre as áreas naturais suprimidas. Mais da metade (55%) do aumento da pastagem exótica na planície ocorreram nos últimos 23 anos. Na planície pantaneira, 87% das pastagens exóticas apresentam baixo e médio vigor vegetativo.

 

(Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução)

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