Ex-alunos da rede pública estadual de ensino contam como o estudo transformou suas vidas
Ao todo, serão ofertadas 210 mil vagas disponíveis em 348 unidades escolares presentes em todos os municípios de Mato Grosso do Sul, além de 120 extensões.
Dois ex-alunos da rede pública de ensino estadual apontam que a Educação é um instrumento transformador de vidas e dão um recado importante para pais e alunos.
“Eu cresci ouvindo que temos de estudar para ser alguém na vida. Não é fácil, mas a base que tive no ensino público foi o que me colocou lá dentro da Federal”, conta o estudante de Ciências Econômicas, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Thiago Segóvia, de 26 anos.
Morador do bairro São Conrado, em Campo Grande, Thiago revela que se preparou para o Enem por meio de um projeto de simulado preparatório, desde que entrou em 2015, na Escola Estadual Maria Constança Barros Machado.
Tendo em casa o exemplo de sua mãe, o jovem batalhador, passou ainda pela Escola Estadual Joaquim Murtinho, no período noturno.
“De dia, eu fazia um estágio no IBGE, mas em seguida consegui um emprego como jovem aprendiz nas Águas Guariroba. Minha mãe foi uma grande incentivadora nos meus estudos. Depois de muito tempo, ela conseguiu se formar em Serviço Social, por meio do Fies, na Uniderp. Ela tinha um sonho de ser assistente social, e enquanto, eu cursava o ensino médio, ela terminava a faculdade. Trabalhava de dia e fazia o curso à noite. Ela diz que a universidade abriu muito a sua mente e observei muito isso nela. Eu entrei na Universidade vendo o exemplo da minha mãe”, admite o ex-estudante da rede pública de ensino.
Antes de entrar na UFMS, em 2019, Thiago prestou o serviço militar. Ele passou também para o curso de Ciência Econômicas da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais. E recentemente, foi selecionado para o mestrado em Economia, na Universidade Federal da Bahia.
“O colégio público tem um histórico muito grande de colocar alunos em universidades públicas. O que me colocou dentro da universidade foi minhas notas em Exatas, frequentando a escola pública”. Ele entrou na UFMS com mais de 700 pontos no Enem.
Emilenne Queiroz, de 18 anos, fez os três anos do ensino médio na Escola Estadual Maria Constança. Ela afirma que sempre estudou muito e tirou notas boas. “Mesmo tendo 1,80 de altura sempre gostei de sentar na frente da sala de aula. Sempre fui dedicada e me esforçei muito”.
Emilenne aconselha os pais e alunos a darem atenção à Educação e ficarem atentos ao prazo das matrículas na rede pública estadual de ensino.
“Para os pais, eu digo para motivarem seus filhos a perseguirem seus sonhos. É fácil demais fazer a matrícula. A escola dá todo apoio e orientações. Era só meu pai ir lá e assinar um termo e eu estava rematriculada. Aos alunos, eu recomendo serem protagonistas de suas próprias histórias e não coadvantes”, afirma.
A jovem está no primeiro ano do curso de Jornalismo da UFMS. Antes de entrar, ficou em dúvida entre o curso de Moda e o de Jornalismo.
Moradora do bairro Piratininga, ela revela que os pais foram os grandes incentivadores para os estudos. Filha de um mototaxista e uma professa da rede pública de ensino, a jovem é apaixonada pela antiga escola que deixou e onde foi responsável por recepcionar o governador Eduardo Riedel na entrega da reforma geral da Escola Maria Constança, no bairro Amambaí.
“Quando o Riedel foi lá eu ainda estava em dúvida, e ele me perguntou o que eu queria seguir nos estudos. Eu respondi será alguma coisa na área de linguagem. Quando o governador visitou a Escola, eu já tinha este dom de falar muito e conversar. Eu me senti amiga dele, meu ‘best'”, confidencia a jovem”.
Muito orgulhosa de ter ciceronado, em abril de 2023, o governador pelas novas instalações da EE Maria Constança, ela conta que obteve 920 pontos na redação do Enem.
“Eu ainda tenho saudades da Maria Constança, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Os professores nos incentivam a perseguir nossos sonhos. Eu gostava de estudar lá, me sentia num castelo [de conto de fadas]. A minha Escola [Maria Constança] é linda, lembra”.
“Eu dou muita importância à educação pública, ainda mais quando o aluno vem de uma classe econômica mais baixa como eu. Eu observo que o ensino público tem vários projetos, professores qualificados para ajudar os alunos a ingressarem no ensino superior e ter uma rotina de estudo”, conclui hoje, a estudante de Jornalismo da UFMS.
Matrículas
Começou na segunda-feira (11) o período de pré-matrículas da REE (Rede Estadual de Ensino) de Mato Grosso do Sul. Realizada de forma virtual, a etapa é necessária para a reserva de vagas para os interessados em ingressar nas escolas estaduais sul-mato-grossense no ano letivo de 2025.
Tradicionalmente iniciada no mês de novembro, a matrícula digital pode ser feita de três maneiras: pelo portal www.matriculadigital.ms.gov.br, pelos telefones 0800-647-0028 (fixo) e 3314-1212 (celular) ou de forma presencial na sede da Central de Matrículas, em Campo Grande, na rua Joaquim Murtinho, nº 2.612 – Itanhangá Park.
Ao todo, serão ofertadas 210 mil vagas disponíveis em 348 unidades escolares presentes em todos os municípios de Mato Grosso do Sul, além de 120 extensões. Hoje, a rede estadual é responsável por atender mais de 190 mil estudantes
Como parte do projeto pedagógico escolar ‘Educação política, o preparo do cidadão para o pleno exercício da cidadania’, os alunos do 3° ano do ensino da Escola Estadual Santiago Benites, em Paranhos, participaram de um encontro com o governador Eduardo Riedel.
“Nós temos que olhar a política sob a perspectiva de que há um espaço para construir uma sociedade melhor. Vocês são alunos de uma escola estadual, quem financia vocês é o contribuinte, as pessoas que pagam seus impostos, não é o Governo. Foi a política que conseguiu trazer muitas coisas boas”, disse o governador durante a conversa com os alunos.
O encontro, com a presença do secretário Rodrigo Perez (Segov), aconteceu na tarde desta terça-feira (19), em Campo Grande, onde os alunos também assistiram uma sessão na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul).
A professora de Sociologia Adriana Bronzim, responsável pelo projeto concluído com a visita ao governador e na Alems, explicou que a ação surgiu a partir da observação do currículo da disciplina para o terceiro trimestre.
“Trouxe muito a questão do que é Estado e do que é política. Pensando nisso eu tive a ideia de trabalhar de uma forma diversificada, mais dinâmica, em que pudesse ampliar muito mais o conhecimento dos alunos sobre a política. E também mudar a forma que eles pensam ou lidam com a política”.
Para os alunos, o projeto contribuiu de forma prática para o aprendizado na área da sociologia.
“Foi muito bom, porque explorou uma parte da política que a gente não tem contato. Enquanto jovens tudo o que a gente vê sobre política é o que os nossos pais falam e o que a gente vê na internet. Muitas vezes a gente acaba se mantendo muito presos a esses conceitos, somos influenciados a pensar na política de maneira errada, apenas como um ato que acontece a cada dois anos. Mas não é assim, porque é um processo sobre você participar ativamente enquanto cidadão”, disse a aluna Júlia Gabriella Brisqueleal, 17 anos.
Estudante do período noturno, Anny Karolainy de Oliveira, de 17 anos, acredita que a forma como o conteúdo foi conduzido ajudou muitos alunos e compreenderem melhor seus direitos e deveres.
“Eu estudo a noite, com produtores rurais, pessoas que trabalham durante o dia, indígenas. E muitos não conhecem seu poder como cidadãos, seus direitos. Tanto eu como o pessoal da minha turma, da minha escola, aprendemos sobre formas de governo, legislação e o que é verdadeira política”.
O diretor da EE Santiago Benites, Hélio José dos Santos, também pontuou sobre a importância do envolvimento dos alunos com o projeto, que será mantido no próximo ano letivo.
“Com certeza, esse projeto vai ter continuação na escola, porque a gente entende que dessa forma ampliamos o conhecimento do aluno como cidadão, para que possa correr atrás dos seus direitos e, enfim, melhorar o conhecimento e melhorar a comunidade local, onde se vive. E tornar o aluno realmente um protagonista, um cidadão consciente de que a política faz parte da nossa vida, da sociedade, e que a gente precisa ter essa consciência”.
O projeto pedagógico escolar ‘Educação política, o preparo do cidadão para o pleno exercício da cidadania’, foi desenvolvido durante o 3º bimestre do ano letivo. O tema integra a organização curricular de Mato Grosso do Sul e trabalha com os estudantes o conhecimento sobre as formas de governo, o Estado e o que é cidadania.
“Hoje, desde o momento que nós chegamos aqui (em Campo Grande), já fizemos a visita também na Assembleia, e durante as aulas que nós tivemos, pude observar essa mudança neles, na forma de pensar, de agir, de ver a política de uma forma diferente, não só aquela política partidária, mas uma política mais social, cidadã, igualitária”, explicou a professora Adriana Bronzim.
Alunos bastante inteirados sobre o Pantanal sul-mato-grossense e pais felizes pelo o que foi apresentado na Mostra Cultural da Escola Municipal Domingos Gonçalves Gomes, do bairro Pioneiros, realizada na última quinta-feira (14).
Maquetes, desenhos, esculturas, comidas típicas e até tereré foram tema da Mostra Cultural.
Alunos do 9º ano foram a fundo conhecer mais sobre os artistas de Campo Grande. Até entrevistas eles fizeram.
Foi o caso do Otávio Rodrigues, de 14 anos. “Na Mostra eu desenvolvi dois trabalhos, mas o principal foi uma pesquisa sobre a dançarina Carla Rukan. Eu a entrevistei, perguntei o nome completo dela, a data de nascimento, como ela iniciou na dança, os espetáculos que ela já participou e o que a dança influenciou na vida dela, o que a dança significa para ela”.
Antes do trabalho, o aluno não conhecia nenhum dos artistas campo-grandenses. “Foi incrível a descoberta da cultura da dança em Campo Grande, eu não sabia que tinha um forte impacto na cultura daqui”.
A aluna Maria Sophia Gonçalves dos Santos, de 15 anos, desenvolveu um quebra-cabeça sobre os principais artistas das danças urbanas da Capital. “Como a Priscila Yasmin, tem o Marco Thomas, tem o Irineu Júnior. A principal seria a Yasmin, que a gente se aprofundou mais sobre a história dela. Eu não conhecia nenhum deles, o aprendizado que fica é que muita gente vai pra fora e não vê que em Campo Grande tem boa referência na arte e na dança”.
A professora do 9º ano, Nayandre Loubet, escolheu o tema para fazer os alunos pesquisarem a fundo. “Hoje em dia é tudo muito fácil e teve um aluno que fez uma pesquisa superficial e disse que não tinha artista na cidade. Então, trabalhamos isso, de trazer esses artistas até aqui, fazer com que os alunos os conhecessem e pesquisar de verdade”.
De acordo com a diretora da escola, Patrícia dos Santos Rodrigues Corrêa, a Mostra Cultural teve um enfoque no Mato Grosso do Sul. “Quisemos trazer a história, a cultura, as comidas típicas, o relevo, a matemática envolvendo também na economia do Estado. Então, tudo o que se refere ao Mato Grosso do Sul foi trabalhado durante todo esse ano letivo e está sendo exposto agora com todo carinho pelos nossos alunos e professores”.
O aluno do 4º ano Henry Barbosa, estudou sobre o tereré e estava com o discurso na ponta da língua. “Eu aprendi sobre o Tereré, que é uma bebida típica de Portugal, que os paraguaios trouxeram para cá. A professora recentemente nos ensinou sobre as comidas típicas de Paraguai e agora a gente sabe sobre essas coisas”.
A professora do 2º ano, Simone de Oliveira Freire conta que o tema da Mostra foi desenvolvido no segundo semestre. “Estudamos sobre comidas típicas, foi tudo bem pensado e elaborado e os alunos se envolveram de verdade, pesquisaram e puderam conhecer mais sobre a nossa comida”.
Encantados
Os pais dos alunos que conseguiram se fazer presente na Mostra Cultural ficaram encantados com o capricho de como tudo foi trabalhado e exposto.
A confeitaria Beatriz Magalhães é mãe de uma aluna do 8º ano. “Achei a exposição bem bonita, bem organizado, e foi legal esse trabalho porque minha filha pesquisou bastante e conheceu coisas novas do nosso Estado”.
Rosane Piason é atendente de cantina e mãe de um aluno do 5º ano. “Meu filho estuda aqui desde o primeiro ano e sempre a Mostra Cultural nos surpreende. É cada trabalho, as ideias das crianças, elas conseguem se expressar de uma forma muito linda”.
A Rede Sesi de Educação em Mato Grosso do Sul está com processo seletivo aberto com vagas gratuitas na educação básica para o ano letivo de 2025. São ao todo 750 vagas disponíveis para educação infantil, ensino fundamental e nédio, distribuídas entre as sete unidades da rede no Estado (confira lista abaixo).
Deste total, 626 vagas destinam-se a alunos que foram contemplados com vagas de gratuidade no ano letivo de 2024 e que já passaram pelos processos seletivos anteriores. Estes possuem matrículas garantidas para 2025, desde que se encaixem nas condições de permanência. Caso os estudantes não atendam aos requisitos do edital, as vagas serão redistribuídas ao público geral. As demais 124 vagas gratuitas são destinadas a ampla concorrência.
A gratuidade é destinada a estudantes oriundos da rede pública de ensino ou dependentes de trabalhadores da indústria, cujas famílias comprovem condição de baixa renda (até meio salário mínimo por pessoa).
As inscrições no processo seletivo são gratuitas e devem ser feitas presencialmente na secretaria da Escola Sesi. O período de inscrição vai até 29 de novembro. Após análise de documentos, a divulgação dos resultados será realizada a partir de 12 de dezembro.