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Especialistas divergem sobre uso da energia nuclear no Brasil

Plano decenal prevê entrada em operação de duas novas usinas até 2031

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Na última semana, a Eletronuclear, estatal brasileira responsável pela geração de energia nuclear no país, foi multada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O motivo da autuação foi o despejo, pela usina Angra 1, de água contaminada com substâncias radioativas no mar, em setembro do ano passado.

O incidente, que virou alvo de ação civil pública do Ministério Público Federal (MPF), na última terça-feira (21), reacende o debate sobre os custos e benefícios da geração de energia elétrica por meio de termelétricas nucleares no país. A Agência Brasil ouviu especialistas favoráveis e contrários ao uso desta matriz energética no país.

As duas usinas nucleares brasileiras (Angra 1 e 2) respondem por cerca de 2% da geração de energia elétrica produzida no país. Nesta semana, a Eletronuclear, estatal responsável pela administração das usinas de Angra, no Rio de Janeiro, divulgou uma nota informando que Angra 1 havia batido seu recorde de geração de energia em um mês, atingindo 485 gigawatts-hora (GWh) em janeiro deste ano.

Em 2022, Angra 1 gerou 4.872 GWh, enquanto sua irmã Angra 2 produziu 9.686 GWh. No total, ambas geraram 14.558 GWh que, segundo a Eletronuclear, seria o suficiente para abastecer toda a região Centro-Oeste.

Há, ainda, a previsão de dobrar a produção até 2031, com a inclusão de duas novas usinas no parque gerador no país.

Usina de Angra 3
Obras para construção de Angra 3 – Eletrobras/Divulgação

Uma delas, Angra 3, com capacidade instalada de 1,4 GW, está em construção, com 65% das obras concluídas e previsão de entrada em operação em 2028. Outra usina deverá ter 1 GW de potência até 2031, segundo o Plano Decenal de Energia 2022/2031, divulgado no ano passado.

Segurança energética

Segundo o presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), o engenheiro eletricista Celso Cunha, a energia nuclear é uma fonte importante para manter a estabilidade da oferta e garantir a segurança do abastecimento.

Isso porque fontes de energias renováveis, como a hidrelétrica, eólica e solar dependem do clima para que possam abastecer o sistema elétrico nacional.

“Elas [as usinas nucleares] estão sempre ali, com capacidade de produção contínua, independentemente se chove mais ou se chove menos, se venta ou se faz sol. Elas garantem uma estabilidade do sistema”, afirma Cunha.

Segundo ele, além de garantir a estabilidade do sistema, as usinas nucleares – que são um tipo de termelétrica que usa o urânio como combustível –, também são uma fonte de energia limpa, porque não emitem gases do efeito estufa em seu processo de geração, diferente de outras térmicas como aquelas que usam carvão, óleo ou gás natural como combustíveis.

Além disso, ele aponta que as nucleares têm um fator de aproveitamento do potencial gerador melhor do que as eólicas e solares, ou seja, elas conseguem produzir mais energia em relação à capacidade nominal da usina.

Cunha também define como ponto positivo, a possibilidade de construí-las próximas aos centros consumidores de energia, evitando custos elevados com linhas de transmissão.

Angra 1 da Eletronuclear
Em 2022, Angra 1 gerou 4.872 GWh – Divulgação/ Angra 1 da Eletronuclear

Argumentos divergentes

O doutor em energética e professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Heitor Scalambrini Costa, no entanto, discorda da avaliação da Abdan. Para ele, o Brasil não precisa de usinas nucleares, pois é possível abastecer o país com fontes como energia eólica, hidrelétrica e solar.

“O Brasil, com toda sua diversidade, de água, sol, vento e biomassa, realmente não precisa de uma fonte tão polêmica. O argumento de que as energias eólica, solar e outras fontes seguem ciclos naturais, é inconsistente, do ponto de vista técnico. É possível fazer sistemas híbridos, complementares. Se, à noite, você não tem o sol para fornecer energia, aqui no Nordeste, em particular, os ventos são mais fortes durante a noite. No Sul, se você tem um período de poucas chuvas, é o período que coincide com a colheita da cana, em que você pode queimar o bagaço e produzir energia elétrica”.

Além disso, segundo ele, dizer que a energia nuclear é limpa é um mito, já que os processos de produção do combustível emitem gases do efeito estufa.

“Você tem emissão de gases do efeito estufa na mineração [do urânio], no transporte, nos processos de enriquecimento e produção das pastilhas”.

Há ainda uma questão mais grave, que é a destinação do combustível já usado, o chamado lixo nuclear, que continua emitindo radiação durante anos e apresenta um risco para os seres humanos e o meio ambiente, segundo Scalambrini.

Para Celso Cunha, no entanto, esse combustível não é lixo e pode ser reutilizado, através de um reprocessamento. Segundo ele, o Brasil decidiu não fazer uso desse material, mas poderia gerar recursos vendendo para países que fazem o reprocessamento, como a França e o Japão.

Scalambrini diz que esse resíduo é ainda mais perigoso que o combustível novo, já que contém plutônio e pode ser usado militarmente na produção de bombas atômicas sujas.

Outro ponto destacado por Scalambrini é o risco de acidentes nucleares, como aconteceu em Chernobyl e Fukushima. Para ele não há como garantir que não ocorram novos acidentes, por mais avançados que sejam a tecnologia e os protocolos de segurança.

Já Cunha afirma que os acidentes foram pontuais e explica: Chernobyl aconteceu em uma época em que os protocolos de segurança não eram tão exigentes quanto hoje e Fukushima foi vítima de uma sucessão de incidentes derivados de um terremoto e um consequente tsunami.

Angra 2
As usinas nucleares Angra 1 e 2 respondem por cerca de 2% da geração de energia elétrica produzida no país – Divulgação Eletronuclear

Custo

Scalambrini explica ainda que a geração da energia nuclear é cara, o que impacta no seu custo.

“O custo é muito mais caro. Chega a ser três a cinco vezes mais caro que a energia eólica, a solar e a que vem das hidrelétricas. E quem pagaria isso seríamos nós na conta”, afirma.

Para Cunha, no entanto, o custo deve ser analisado sob o ponto de vista de estabilidade já que, apesar de ser mais cara, a energia nuclear garantiria a oferta da energia.

“Tem um custo agregado para alguém garantir a estabilidade do sistema”, justifica o presidente da Abdan.

Pequenas usinas

A Abdan aposta que os pequenos reatores nucleares representam o futuro da geração de energia termelétrica nuclear.

“Serão reatores que você produz e homologa nas fábricas e traz direto para o site [local onde será instalado para gerar energia]. O problema de construção, que leva um tempão, reduz muito. O volume de investimentos no empreendimento é muito menor”, explica Cunha.

Os pequenos reatores também prometem resolver o problema de inflexibilidade da quantidade de energia das grandes usinas nucleares, já que eles permitem aumentar e reduzir carga mais rapidamente do que grandes reatores.

Segundo Cunha, por isso, os pequenos reatores podem ser complementares aos parques geradores eólicos e solares. “Você pode trabalhar junto com a solar e eólica e compensar a flutuação que existe”.

Scalambrini diz que esses pequenos reatores apresentam os mesmos riscos que os grandes reatores, incluindo os resíduos radioativos e a possibilidade de acidentes.

Angra 3

Sobre a construção de Angra 3, que se arrasta por quatro décadas, os dois especialistas também divergem. Cunha diz que o custo para a conclusão da obra está hoje em torno de R$ 21 bilhões. No entanto, segundo ele, suspender as obras e desmontar a estrutura já construída custaria algo em torno de R$ 15 bilhões.

“Não tem o menor sentido você paralisar aquilo. O custo daquela energia não será o custo de uma obra normal. É uma obra que já parou três vezes. Esse é o custo Brasil, da famosa ponte que você constrói mas não tem a cabeceira nem a estrada. Você precisa de continuidade: começo, meio e fim”, afirma Cunha, que defende que o governo ceda espaço à iniciativa privada na geração de energia nuclear.

“Deixa a iniciativa privada construir e operar. E a gente vai manter regulação e controle desse projeto, através da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear, que foi criada para fazer isso”.

Já Scalambrini defende a paralisação das obras de Angra 3 e que a estrutura já erguida seja desmontada. Segundo ele, isso não custará tanto, uma vez que a usina nunca entrou em operação e, por isso, não precisará ser descontaminada.

Além disso, ele defende que seja estabelecido um cronograma para que as usinas de Angra 1 e 2 sejam desativadas.

“É óbvio que não se faz isso do dia para a noite, mas que se coloque isso como uma meta. Se é para fazermos termelétricas, vamos fazer com biomassa, vamos utilizar resíduos da agricultura”.

Segundo ele, é importante que o governo envolva a sociedade na discussão sobre os rumos da matriz energética no futuro,.

Agência Brasil entrou em contato com o Ministério de Minas e Energia para saber sobre dos planos do novo governo em relação à energia nuclear, mas não obteve resposta.

 

(Fonte: Agência Brasil. Foto:Reprodução)

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Prefeitura faz mutirão de limpeza e recolhe 15 toneladas de resíduos

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Em pouco mais de 45 dias de governo, a gestão Marçal Filho está promovendo uma revolução no cuidado com Dourados. Na manhã desta segunda-feira (17) foi dada a largada para mutirão de limpeza nos bairros, programa que começou pelo Jardim Canaã I e o morador que tiver mobílias em desuso para descarte poderá colocar até sexta-feira em caçambas espalhadas pelo bairro ou em frente das residências, que caminhões da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos farão a coleta. Após a limpeza haverá serviço de tapa-buraco e pintura de meio-fio.

Em quatro horas de serviço as equipes da prefeitura recolheram cerca de 15 toneladas de materiais de descarte que estavam no terreno de residências. Foi necessário várias viagens de caminhões para recolher tantos resíduos. Trabalho graças a força-tarefa de equipe que chegou bem cedo no Canaã I.

O secretário de serviços urbanos, José Roberto Martins, o Beto, explica que será possível até fazer a troca de lâmpada nas imediações de prédios públicos. “Estamos sem licitação de serviço para realizar a troca de lâmpada em geral pela cidade, mas conseguimos algumas lâmpadas e vamos fazer trocas pontuais, com prioridade nas imediações de escolas e postos de saúde”, enfatizou o secretário”. “A gestão passada da prefeitura encerrou contrato que havia com empresa terceirada de iluminação pública e uma nova licitação está em andamento”, completou.

O prefeito Marçal Filho acompanhou os trabalhos na manhã desta segunda-feira. Foi ele quem adotou a ideia de colocar as Secretarias Municipais em conjunto nos mutirões para recolher materiais em desuso das residências. Há duas semanas Marçal viu um sofá jogado na calçada na principal avenida do bairro Novo Horizonte e resolveu implementar o mutirão pela cidade, começando pelo Canaã I.

Na rua Álvaro Brandão moradores colocaram inúmeros materiais nas calçadas. Todos foram recolhidos pela manhã encheram vários caminhões da prefeitura que fizeram a coleta. Para dar celeridade nos serviços, pás carregadeiras recolhiam os produtos e erguiam nas caçambas. “Olha aqui, tem de tudo, guarda-roupa velho, colchão, cama, máquina de lavar. É isso que queremos, fazer um verdadeiro limpa dos quintais”, mostrou Marçal Filho ao apontar para o caminhão abarrotado de inservíveis.  Além de garantir limpeza, o trabalho é um grande auxílio no combate a proliferação de animais peçonhentos e do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e o zika.

O mutirão no Canaã I seguirá até sexta-feira, dia 21, e em seguida o bairro receberá os serviços de tapa-buraco e pintura de meio-fio. Equipes da Secretaria de Serviços Urbanos também estão realizando roçada e poda de árvores nas imediações de prédios públicos. A praça do Canaã I foi uma delas.  O próximo bairro a ser beneficiado ainda está sendo definido e a prefeitura lembra que o morador não poderá colocar entulho, como restos de materiais de construção, nas caçambas e nem na frente das residências.

Com assessoria.

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Prefeitura alerta para nova chamada para o Programa de Aquisição de Alimentos

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Produtores da agricultura familiar devem ficar atentos para nova chamada do PAA no Estado. Foto: A. Frota

A Prefeitura de Dourados, através da Secretaria Municipal de Agricultura Familiar, alerta para o lançamento da nova chamada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), na modalidade Compra com Doação Simultânea (CDS), que será apresentado nesta terça-feira (18) em Mato Grosso do Sul. O evento será transmitido ao vivo pelo YouTube a partir das 14h30 e também pelo Instagram da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Criado em 2003, o PAA pode ser executado por estados e municípios com recursos do Governo Federal. As compras de alimentos são realizadas por chamadas públicas, sem necessidade de licitação. A principal modalidade, a Compra com Doação Simultânea, prioriza grupos mais vulneráveis, fornecendo produtos para presídios, restaurantes populares, cozinhas comunitárias, entre outros.

Um levantamento realizado em janeiro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que a participação de agricultores familiares em programas de compras públicas pode aumentar sua renda média em até 106%, sendo o impacto ainda maior para aqueles de menor renda.

O evento contará com a participação da Conab, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). Para acessar o mercado de compras públicas de alimentos, é necessário que os agricultores estejam registrados no Cadastro da Agricultura Familiar (CAF).

O secretário municipal de Agricultura Familiar de Dourados, Bruno Cesar Pontim, considera relevante este programa do governo federal, “pois incentiva os agricultores familiares e as associações de produtores a investirem na produção, melhorando a qualidade dos alimentos que vão à mesa das famílias”.

Com assessoria

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Em lição de cidadania, Marçal recolhe lixo das ruas e pede cuidado com a cidade

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Prefeito Marçal Filho recolhe lixo jogado nos canteiros centrais de Dourados e pede ajuda à população para deixar a cidade limpa. Foto: A. Frota

“É muito importante que as pessoas entendam a necessidade de todos colaborarem com a limpeza da cidade”. A afirmação é do prefeito Marçal Filho, feita na manhã de sábado (15), durante ação nos altos da Avenida Presidente Vargas e também na área central de Dourados. Em lição de cidadania, o próprio prefeito percorreu vários pontos da avenida recolhendo desde garrafas de vidro até embalagens de iogurte, de lanches, copos descartáveis, garrafas pets, enfim, todo tipo de lixo.

A preocupação de Marçal Filho com a limpeza da cidade foi demonstrada logo nos primeiros dias de mandato, quando o prefeito determinou a realização de uma verdadeira força-tarefa para realizar roçadas, podas de árvores, revitalização da sinalização de trânsito, pintura dos pontos de ônibus, plantio de mudas de ipês e outras espécies floridas, além dos mutirões de limpeza e revitalização dos postos de saúde.

No sábado, mais uma vez o prefeito reuniu secretários e assessores para mutirão voluntário de limpeza. Os serviços foram de roçada de grama nos canteiros centrais, varrição, coleta de lixo e poda e supressão de uma árvore que oferecia risco de queda, seguida do plantio de mudas de ipês produzidas no Viveiro Municipal, com acompanhamento de técnicos paisagistas. “O que a gente constata é que as pessoas têm o hábito de parar o carro no sinal vermelho e jogar o lixo pela janela, o que além de crime ambiental deixa nossa cidade com aspecto feio”, argumenta o prefeito.

A ação teve início no cruzamento das Avenida Presidente Vargas com a Rua Ponta Porã e atingiu as imediações. No local, o prefeito também fez o plantio de uma muda de Ipê. “Daqui um tempo, esse ipê vai florir e assim como todos os outros que estamos plantando pela cidade, fará com que Dourados apresente um aspecto acolhedor e bonito aos olhos, mas é preciso que as pessoas tenham consciência que o cuidado com a limpeza das vias públicas não deve ser apenas da prefeitura, mas, também, de todos os douradenses”, completou.

No centro, no cruzamento das avenidas Presidente Vargas e Marcelino Pires, o prefeito também fez o plantio de mudas que, após atingirem a idade de florada, vão embelezar ainda mais o coração da cidade. No final da ação, o prefeito voltou a pedir que a população colabore na manutenção da limpeza pública. “Se cada um fizer a sua parte, não jogando lixo na rua, teremos uma cidade mais bonita e acolhedora”, pediu.

Participaram da ação vários secretários, adjuntos e assessores, entre eles os titulares das secretarias de Serviços Urbanos, Beto Martins e da Saúde, Marcio Figueiredo, do Desenvolvimento Econômico e Inovação, Antônio Freire, além do diretor-presidente da Agência de Transporte e Trânsito (Agetran), Juscelino Cabral, o comandante da Guarda Municipal, Jamil Matos; e o presidente da Fundação de Esportes (Funed) Salim Raidan.

Com assessoria.

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