Uma lista de chamada, em que a ordem alfabética indicava que os presentes deveriam se levantar. Os passos da cadeira do auditório da Escola Superior da Defensoria Pública do Estado até a mesa se tornaram caminhada rumo ao pódio, e a medalha foi ter a certidão de nascimento em mãos.
O que para pessoas cisgêneros (aquelas que se identificam com o gênero associado ao sexo biológico), se trata de só mais um papel, para eles e elas é o renascimento e a garantia de cidadania.
Coordenadora do Centro Estadual de Cidadania LGBT+, Gaby Antonietta e defensora pública do Estado e coordenadora do Nudedh, Thaisa Defante. (Foto: Paula Maciulevicius/Cidadania)
A ação realizada pela Defensoria Pública do Estado, em parceira com a Secretaria de Estado da Cidadania, Anoreg, Tribunal de Justiça, Defensoria Pública da União, Ministério Público de MS, ATMS e Coordenaria Municipal de Políticas para População LGBT+, iniciou em maio e terminou na entrega das retificações no mês em que se celebra o Orgulho LGBTQIA+. Cerca de 50 pessoas trans e travestis conseguiram ser quem são nos documentos. O processo que desde dezembro do ano passado, através da Lei Estadual n.º 6.183 de 26 de dezembro de 2023 já é gratuito, foi concluído rapidamente.
A cerimônia estava marcada para 9h30, mas teve quem tenha sido levada pela ansiedade a chegar com quase 1h de antecedência. Niah Valentina, de 22 anos, estava acompanhada da mãe, Graciela Leite e da amiga Jhulya. As três chegaram cedo, depois de uma noite em claro.
“Eu estou me sentindo como se tivesse levando uma filha ao altar. Emoção lá em cima, lá no topo, porque é um desejo dela sendo realizado, e o meu também”, descreve a mãe.
Niah Valentina foi a primeira a chegar tamanha ansiedade que sentia de poder ter em mãos a certidão de nascimento. (Foto: Paula Maciulevicius/Cidadania)Junto da mãe, Graciela, filha comemorava ser quem é também nos documentos. (Foto: Paula Maciulevicius/Cidadania)
Para Niah, a partir do documento as pessoas vão passar a respeita-la. “Porque falam assim: ‘ah, você não é mulher porque sua certidão está escrito esse nome’. Então, eu ter o meu nome mesmo no papel é reafirmar para mim, cada vez mais, a minha identidade”, explica Niah Valentina.
O segundo a chegar foi Johnh Lucas Maldonado, se 27 anos. De camisa branca fechada até a gola, ele tentava conter a euforia que lhe transbordava pelos olhos.
“Ontem, quando eu recebi a mensagem que estava tudo certo, que eu podia vir buscar, acho que eu fiquei meia hora chorando. Porque eu já tô com 27 anos e é muito chato, a gente estar num ambiente e a pessoa chamar pelo nosso documento”, narra.
Além do constrangimento, ficam para trás também as nomenclaturas “de batismo” e “social”, para dar lugar ao nome.
“É a garantia da cidadania. Apesar das pessoas que estão à minha volta me respeitarem, me chamarem pelo meu nome social e tudo mais, agora acabou. É o meu nome e ponto”, resume.
Johnh Lucas aguardava a vez de ser chamado pelo nome para retirar o documento. (Foto: Paula Maciulevicius/Cidadania)
Cidadania LGBTQIA+
Coordenadora do Centro Estadual de Cidadania LGBT, Gaby Antonietta, ressaltou a grande parceria entre a Defensoria e Cidadania na garantia dos direitos da população LGBTQIA+ de Mato Grosso do Sul.
“A Secretaria de Estado de Cidadania tem se comprometido a levar acesso e cidadania a todas as pessoas, seguindo o lema do Governo do Estado, de não deixar ninguém para trás, e essa ação propicia e fomenta a dignidade da pessoa humana, o respeito. É fundamental respeitarmos todas as diferenças para a gente superar, historicamente, os processos de violência e de desigualdade a pessoas trans”.
Na mesa de autoridades, ao centro, a coordenadora Gaby Antonietta enfatiza que ação mostra o compromisso do Governo do Estado em não deixar ninguém para trás. (Foto: Paula Maciulevicius/Cidadania)
Para a defensora pública do Estado e coordenadora do Nudedh (Núcleo de Direitos Humanos), Thaisa Defante, a ação marca o compromisso de diversas instituições, cada uma dentro da sua atuação, de garantir a efetivação de direitos das pessoas.
“A gente começa com o direito da pessoa ser chamada com o nome pelo qual se identifica. Acho muito importante pontuar isso e pontuar as parcerias que foram firmadas. Esse é um momento de concretização, entendendo que todos falam a mesma língua e se direcionam na busca de uma sociedade efetivamente justa, igualitária, na busca do respeito à diversidade e livre de preconceitos”, enfatiza Thaisa.
O Estado de Mato Grosso do Sul repetiu o processo bem-sucedido de 2023, cumprindo todas as etapas necessárias em ação da Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos), Segov (Secretaria de Estado de Governo e Gestão Estratégica) e a Segem (Secretaria Executiva de Gestão Estratégica e Municipalismo), para o preenchimento do formulário e apresentação das ações realizadas em 2024.
A renovação da certificação MigraCidades reflete o compromisso do Estado com a governança migratória e a promoção dos direitos humanos.
A certificação MigraCidades, entregue no início deste mês, é uma iniciativa conjunta da OIM (Organização Internacional para as Migrações) – parte do Sistema das Nações Unidas – e da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), com o apoio da Enap (Escola Nacional de Administração Pública).
MS concluiu todas as etapas necessárias para a obtenção do certificado
Este selo reconhece o engajamento de estados e municípios brasileiros na formulação e implementação de políticas migratórias alinhadas aos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), promovendo uma migração ordenada, segura, regular e responsável.
O trabalho desenvolvido em Mato Grosso do Sul envolve ações integradas entre diversas secretarias e é coordenado pela Sead, por meio da Secretaria Executiva de Direitos Humanos. Essas ações abrangem iniciativas que promovem a integração social, cultural e econômica dos migrantes, contribuindo para a coesão social e fortalecendo a dignidade humana.
Certificação
O processo de certificação incluiu cinco etapas: inscrição, diagnóstico, priorização, certificação e monitoramento. Durante a avaliação, foram analisadas ações realizadas em 10 dimensões fundamentais para uma boa governança migratória, como participação social e cultural, acesso à educação, assistência social, proteção social e saúde. Relatórios detalhados das atividades e propostas de monitoramento também foram apresentados, consolidando o reconhecimento do Estado.
Entre as principais iniciativas desenvolvidas em prol dos migrantes estão o atendimento permanente por meio da Central de Atendimento em Direitos Humanos, apoio financeiro às OSC’s (Organizações da Sociedade Civil) que atuam com o público migrante, além de palestras e parcerias transversais entre secretarias do Governo. Estas ações reforçam o papel de Mato Grosso do Sul como um exemplo de inclusão e acolhimento no cenário nacional.
A entrega do Cepa (Certificado Estadual de Protetores de Animais) começou nesta semana, com a primeira ação realizada na sede da Suprova (Superintendência de Políticas Integradas de Proteção à Vida Animal).
A certificação, promovida pela Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), tem como objetivo reconhecer entidades e protetores independentes, além de facilitar o acesso a programas estaduais de suporte e bem-estar animal, como o ‘MS Vida Animal’.
Atualmente, Mato Grosso do Sul conta com cerca de 300 entidades de proteção animal. Para obter o certificado, é necessário enviar RG, CPF, comprovante de residência, certidão negativa criminal e a carteirinha de vacinação antirrábica dos animais – que é gratuita – para o e-mail vidaanimal@setesc.ms.gov.br.
O certificado é emitido digitalmente e tem validade de um ano, garantindo que os dados sejam atualizados periodicamente.
O secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, destaca a importância da certificação para fortalecer a rede de proteção animal no estado.
“É um certificado que representa um grande avanço na valorização do trabalho dos protetores e das entidades que atuam na causa animal. Ao oferecer suporte e acesso a programas estaduais, garantimos que mais vidas sejam cuidadas com qualidade e responsabilidade”.
De acordo com o titular da Suprova, Carlos Eduardo Rodrigues, o certificado permitirá aos protetores acessar benefícios importantes, como a Caravana da Castração, programada para começar entre março e abril.
“A Caravana vai oferecer 25 vagas de castração por campanha às entidades certificadas. Hoje, as ONGs conseguem acesso por terem CNPJ, mas muitos protetores independentes não têm. Com o certificado, vamos interligá-los à ferramenta SigPet, que organiza o cadastro para as castrações”.
Outro benefício em fase de elaboração é a doação de rações. “Estamos trabalhando em um edital para compra de ração. O certificado nos ajudará a identificar a demanda real, como a quantidade de protetores e animais atendidos. Isso permitirá uma distribuição mais eficiente desse recurso”, afirma o titular da Suprova.
Sônia Marly Palhano, do Instituto Mãe de Pets, foi a primeira a receber o certificado. O Instituto abriga atualmente 222 cães e 32 gatos.
“Nosso maior desafio é manter a qualidade de vida dos animais. Temos altos custos com ração, medicação, atendimento veterinário e até energia elétrica. Esse certificado é um benefício gigantesco, porque vai nos ajudar com castrações, rações e até na redução de custos fixos. Ser protetora é enfrentar desafios diários, mas o amor pelos animais fala mais alto”.
A iniciativa da Suprova também busca incluir os protetores independentes, que muitas vezes têm mais animais sob seus cuidados do que as ONGs.
“Não havia nada no Estado que regularizasse a atuação dessas protetoras voluntárias. O certificado é uma forma de trazê-las para dentro das políticas públicas, garantindo que tenham acesso aos mesmos benefícios das entidades formalizadas”, finaliza Carlos Eduardo.
O Governo do Estado está realizando o Mapeamento de Criativos de Mato Grosso do Sul. A iniciativa da Superintendência de Economia Criativa e Políticas Integradas, vinculada à Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), busca identificar e cadastrar agentes criativos de diversos segmentos, promover um diálogo mais próximo com a comunidade e facilitar a formulação de políticas públicas.
Titular da Setesc, Marcelo Miranda, destacou a importância da ação para o fortalecimento do setor. “A economia criativa é uma das forças que impulsionam o desenvolvimento sustentável e a valorização cultural do nosso estado. Esse mapeamento será essencial para que possamos criar políticas públicas eficientes e inclusivas, que atendam às demandas reais dos nossos criativos”.
Luciana Azambuja, superintendente estadual de Economia Criativa, reforça a relevância da iniciativa. “Sem o mapeamento, não sabemos onde estão e quem são os criativos de Mato Grosso do Sul, e não podemos fazer políticas públicas sem dados, sem estatísticas. Por isso, essa ação é fundamental para a criação do banco de dados do MS + Criativo”.
O cadastro é realizado de forma on-line, por meio de um formulário (clique aqui para acessar). A proposta inclui os segmentos de artesanato, música, artes visuais, artes cênicas, design, moda, gastronomia, cultura geek/nerd, literatura, audiovisual, entre outros.
Os dados coletados servirão como base para consultas e eventuais convites a ações realizadas pela Secretaria, sem gerar vínculos obrigatórios de contratação. “Os formulários recebidos ficarão armazenados no setor, permitindo que conheçamos as iniciativas criativas existentes em Mato Grosso do Sul e promovendo o desenvolvimento do setor”, conclui a superintendente.