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Política

Bancada feminina celebra conquistas das mulheres no primeiro semestre

Oito propostas da pauta feminina viraram leis no primeiro semestre de 2022

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As senadoras estão comemorando vitórias alcançadas pela bancada feminina na primeira metade de 2022. O semestre foi marcado pela aprovação de medidas que garantem avanços na atualização de leis de proteção e apoio às mulheres, que vão desde proposições de combate à violência doméstica e de incentivo ao empreendedorismo feminino à derrubada do veto presidencial à distribuição de absorventes para mulheres de baixa renda, em março.

A distribuição gratuita de absorventes era um dos trechos vetados do PL 4.968/2019, que originou a lei de criação do Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual (lei 14.214, de 2021). A matéria teve como relatora a senadora Zenaide Maia (Pros-RN), que falou à Agência Senado. Com a decisão do Congresso, todos os trechos vetados foram incorporados à legislação.

— Apesar de o governo federal trabalhar contra as mulheres, o Congresso Nacional conseguiu muitas vitórias nesta primeira metade do ano, como essa derrubada de veto do presidente [Jair Bolsonaro] à distribuição de absorventes para meninas e mulheres de baixa renda, constante de um projeto que eu tive a honra de relatar. Outros aprovados no Senado significam vitórias, como o PL que endurece a punição dos crimes contra a honra das mulheres [PL 3.048/2021] e o que garante autonomia na escolha dos métodos contraceptivos [PL 2.889/2021] — ponderou Zenaide, que também mencionou a lei 14.326, de 2022, oriunda do  PLS 75/2012, que proíbe uso de algemas e outros tratamentos desumanos às presas gestantes.

Na sessão do Senado que celebrou o Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, considerou ser preciso pôr fim ao costume de se concentrar a votação de projetos relacionados à pauta feminina nessa semana de celebração. Para ele, a atenção às mulheres deve estar presente na Casa o ano inteiro.

Resultados positivos

Outra matéria transformada em lei em favor das mulheres é a que incluiu a violência institucional dentre os crimes de abuso de autoridade. Originada do PL 5.091/2020, a lei 14.321/2022 prevê punição com até um ano de cadeia, além de multa, para quem submeter quaisquer vítimas de infração ou testemunhas de crimes violentos a procedimentos desnecessários, repetitivos ou invasivos, que as levem a reviver a situação de violência. A intenção é evitar que as vítimas sejam submetidas a novos graus de sofrimento.

Também resultou do esforço da Bancada Feminina no primeiro semestre a lei 14.330, de 2022, que incluiu o Plano Nacional de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher como instrumento de implementação da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS). A norma derivou do PL 4.287/2020, aprovado em maio.

Já a lei 14.324, de 2022, se refere à saúde feminina. Originada do Projeto de Lei (PL) 414/2020, a norma institui o dia 13 de março como Dia Nacional de Luta contra a Endometriose. O objetivo é sensibilizar a sociedade para os problemas da doença.

Para as senadoras, os resultados do semestre apontam o período como o mais produtivo em relação a essa pauta, quando comparado aos de anos anteriores. Procuradora da Mulher no Senado, Leila Barros (PDT-DF) destacou a atuação conjunta da Procuradoria e da Bancada Feminina na resposta a denúncias de violação de direitos, com notas e pedidos de providências públicos. Além disso, ela comemorou o fato de oito proposições terem virado leis somente no primeiro semestre de 2022, enquanto em todo o ano de 2021, esse total foi de nove.

— Um dos melhores indicadores da ação da Procuradoria Especial da Mulher no Senado é seu impacto legislativo. O fato de em seis meses a gente ter aprovado quase o mesmo número de leis do ano passado inteiro se deve muito, também, à proximidade e afinação do trabalho que desenvolvemos junto com a Liderança da Bancada Feminina. Isso fez nosso poder de pautar projetos aumentar, assim como nossa resposta a situações de violação de direitos — avaliou.

Mulher negra

A mulher negra foi homenageada pelo Senado, em sessão especial no dia 11 de julho. Por iniciativa de Leila Barros, a solenidade marcou o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, celebrado anualmente em 25 de julho. Tereza liderou por 40 anos, no século 18, um quilombo na região do Vale do Guaporé (MT). Leila disse, na cerimônia, que o Senado está vigilante quanto a todos os aspectos do racismo estrutural que ainda fere as mulheres negras no Brasil.

Leila observou também que, após décadas de luta, ainda faltam mulheres negras nos parlamentos, no Judiciário e no Ministério Público, bem como em postos de liderança de grandes empresas, por exemplo. Ela sinalizou, no entanto, que os acontecimentos no Brasil e no mundo mostram que a mudança desse quadro é questão de tempo.

— Neste ano, em que comemoramos o bicentenário da nossa Independência, é obrigatório refletir sobre estes dois fatos importantíssimos: o primeiro, de que o nosso 7 de setembro não foi coroado, naquele momento, com a abolição da escravatura, que só aconteceu 66 anos depois; o segundo, é o fato de que nossa abolição da escravatura não foi seguida de políticas públicas a favor da causa negra. Apenas 100 anos depois a Constituição Federal de 1988 criou um marco para o acolhimento de políticas públicas afirmativas, reparatórias e de proteção aos direitos da população negra — salientou.

Mais mulheres na política

O semestre também foi marcado, em maio, pela realização do Seminário Mais Mulheres na Política, promovido pelo Senado. Com a presença de autoridades como a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, o evento destacou que o modelo de democracia representativa exige igualdade, numa luta que deve ser abraçada tanto pelos homens quanto pelas mulheres.

O presidente Rodrigo Pacheco considerou a sub-representação da mulher na política não apenas um fato injusto, mas também prejudicial ao país.

“Digo isso porque acredito que a maior participação das mulheres — além de fazer avançar as pautas femininas, evidentemente — traz um novo olhar, muda o jeito de se fazer política”, falou Pacheco na ocasião.

O presidente apresentou números sobre a produção legislativa após a criação da Bancada Feminina e mencionou projeto que fortaleceu a representatividade desse colegiado. Aprovado em março — e já transformado em resolução — o PRS 36/2021 garantiu a participação de ao menos uma integrante do grupo como titular ou suplente em todas as comissões da Casa.

Além do seminário que enfatizou a importância da mulher para aumentar a qualidade da política brasileira, a líder da Bancada Feminina, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), destacou a discussão de questões como a necessidade de aumento do orçamento de programas voltados à mulher e investigações de denúncias de assédio moral e sexual contra mulheres feitas nos últimos sete meses. Em entrevista à Agência Senado, Eliziane considerou o semestre produtivo devido à qualidade da bancada que, “apesar de ser pluripartidária, tem consciência de grupo e vota de forma unida em diversos momentos”.

— Em ano eleitoral, vamos lutar por mais candidaturas de mulheres em todos os cargos eletivos, por participação massiva das mulheres nos dias das eleições, por uma vontade maior de empoderamento social e político — ressaltou.

Esforço conjunto

Mais de 15 proposições constam do pacote de matérias aprovadas pelo Senado em favor das mulheres na primeira metade de 2022. Algumas já foram convertidas em leis, enquanto outras seguiram para votação na Câmara dos Deputados. É o caso do projeto que afasta a possibilidade de a defesa do acusado usar teses da legítima defesa da honra, da defesa de valor moral ou da violenta emoção para atenuar crimes de feminicídio e de violência doméstica e familiar contra a mulher. O PL 2.325/2021 foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no dia 6 de julho.

Também aguarda votação dos deputados proposta que incentiva ações nacionais de atendimento aos homens, em especial na área da saúde mental, para prevenção da violência contra a mulher. O substitutivo foi apresentado por Leila Barros ao PL 4.147/2021, de autoria do senador Wellington Fagundes (PL-MT), e altera a Lei Maria da Penha (Lei 11.340, de 2006).

Já o PL 3.342/2020 prevê concessão de crédito de até R$ 20 mil para mulheres empreendedoras das áreas de beleza, estética, vestuário, comércio de artigos femininos e alimentação afetadas pela pandemia de covid-19. Autora do projeto, a senadora Rose de Freitas (MDB-ES) argumentou que muitas medidas adotadas para socorrer os prejudicados pela pandemia não chegam a um grande número de mulheres. Ela acredita que a proposição abre as portas para mudar esse quadro e melhorar a economia.

Ao tempo em que celebrou o alto volume de iniciativas do Senado, Zenaide Maia avaliou que essa mobilização não pode ficar restrita. Para ela, além do esforço da Casa, é fundamental que a Câmara dos Deputados também agilize a apreciação e finalize o encaminhamento das matérias aprovadas, a fim de que o segundo semestre do ano também termine com saldo favorável.

— Tivemos um balanço positivo, mas o trabalho continua. Espero que no segundo semestre a Câmara possa votar todos os projetos da pauta feminina que já passaram pelo Senado e que, em breve, nós tenhamos essas leis sancionadas — finalizou Zenaide.

Novas iniciativas

A senadora Nilda Gondim (MDB-PB) adiantou à Agência Senado que deverá apresentar novas proposições no segundo semestre que contribuam para ampliar a participação da mulher na política. O Senado conta atualmente com 15 senadoras, de um total de 81 vagas. Nilda afirmou que pretende atuar para estimular as mulheres a entrarem para a política e avaliou que, como representantes das brasileiras, as parlamentares têm olhar sensível e direcionado para as necessidades dessas cidadãs.

— Olhamos também para as meninas de hoje, mães do nosso futuro. Nos próximos meses, continuaremos imbuídas no mesmo propósito de lutar pelas conquistas femininas, pela maior participação da mulher na sociedade e na vida pública, para que tenhamos cada vez mais espaços de poder, espaço que também nos cabe — comentou Nilda.

Em pronunciamento em Plenário no dia 7 de julho, o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) defendeu a aprovação de outra matéria em favor das mulheres, recentemente apresentada por ele: O PL 1.836/2022, intitulado “Projeto Klara Castanho”, que protege o sigilo do processo envolvendo mãe ou gestante que pretende entregar o próprio filho para adoção. Segundo o texto, o responsável por tornar pública a informação sem o consentimento da parte envolvida responderá penal, cível e administrativamente.

Kajuru se inspirou no caso da atriz Klara Castanho que, após ser vítima de estupro, entregou o filho para adoção após o parto legalmente. A história se tornou pública em junho, depois que uma profissional da área de saúde supostamente repassou a informação para a imprensa.

— Minha intenção com o projeto é criar mais uma medida protetiva para as mulheres, ainda vítimas de situações inimagináveis em pleno século 21. O mundo avança, mas o preconceito contra as mulheres segue renitente, assim como a violência — pontuou o senador.

O segundo semestre de 2022 também será marcado por momentos-chave para a luta feminina: a comemoração do aniversário de 16 anos da Lei Maria da Penha, em 7 de agosto; a Campanha Outubro Rosa, de prevenção e enfrentamento ao câncer de mama; e a campanha internacional dos 16 Dias de Ativismo, que no Brasil se desdobram em 21 dias, entre 20 de novembro e 10 de dezembro.

Projetos enviados à Câmara

PL
3.946/2021
Estabelece regras e requisitos para o exercício de doula, profissionais que oferecem apoio durante a gestação e no parto
PL
2.889/2021
Proíbe planos de saúde de exigirem o consentimento do cônjuge ou do companheiro para que mulheres utilizem métodos contraceptivos
PL
3.048/2021
Aumenta em um terço as penas de crimes contra a honra (calúnia, injúria e difamação) cometidos contra mulheres
PL
3.717/2021
Determina que mães solo podem passar a ter prioridade de atendimento em políticas sociais e econômicas
PLS
47/2012
Garante às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, atendimento prioritário em delegacias, hospitais e centros de assistência social
PL
3.342/2020
Concede crédito de até R$ 20 mil para mulheres empreendedoras das áreas de beleza, estética, vestuário, comércio de artigos femininos e alimentação que foram afetadas pela pandemia de covid-19
PL
3.154/2019
Determina que todas as instituições de ensino do país terão que fazer campanhas de conscientização e prevenção da violência doméstica e familiar
PL
4.147/2021
  
Incentiva ações nacionais de atendimento aos homens, em especial na área da saúde mental, para prevenção da violência contra a mulher
PLS
75/2012
Busca assegurar a assistência humanitária para a gestante que está presa
PLC
130/2011
Estabelece multa para combater a diferença de remuneração verificada entre homens e mulheres no Brasil.

Projetos no Senado

PEC
6/2022
Altera o art. 94 da Constituição Federal, para determinar que uma em cada duas das listas sêxtuplas de indicações para os tribunais sejam constituídas exclusivamente por indicações de mulheres
PL
1.836/2022
Protege o sigilo do processo envolvendo mãe ou gestante que pretende entregar o próprio filho para adoção.

Projetos tornados lei

PL
6.554/2019
Amplia o atendimento de atenção integral à mulher pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na prevenção e no tratamento dos cânceres do colo uterino, de mama e colorretal  Lei nº 14.335, de 2022

 

PL
4.287/2020
Inclui o Plano Nacional de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher como instrumento de implementação da Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS)  Lei nº 14.330 de 2022

 

PL
5.091/2020
Inclui o crime de violência institucional na Lei de Abuso de Autoridade Lei nº 14.321 de 2022
PL
414/2020
Institui o dia 13 de março como Dia Nacional de Luta contra a Endometriose Lei nº 14.324 de 2022
PL
1.136/2019
Cria o Dia Nacional de Conscientização das Doenças Cardiovasculares na Mulher Lei nº 14.320 de 2022
PRS
36/2021
Busca garantir maior participação feminina nas comissões do Senado Resolução do Senado Federal nº 7 de 2022
PRS
54/2020
Denomina como Redação Repórter Larissa Bortoni a sala da redação da Rádio Senado Resolução do Senado Federal nº 12 de 2022

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

(Fonte: Agência Senado. Foto: Reprodução)

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Política

Congresso encerra sessões e reforça segurança após explosões no STF

Segundo Rodrigo Pacheco, a Polícia Legislativa ajuda na apuração

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As sessões plenárias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal foram encerradas na noite desta quarta-feira (13) após o registro de explosões perto do prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Segundo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a Polícia Legislativa das duas casas está ajudando na apuração das circunstâncias do fato. 

Ele também afirmou que a segurança nas duas casas está sendo reforçada. “É o momento de se aferir as circunstâncias e todos terem as cautela e as precauções devidas. É natural que, diante do acontecimento que foi noticiado, é óbvio que toda força de segurança tem que estar em alerta nesse instante”.

Pacheco lamentou o ocorrido e a morte de uma pessoa. “Lamento se tem uma pessoa morta, manifestamos toda a nossa solidariedade e lamentamos sem conhecer as circunstâncias”.

Ele também lembrou os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, quando centenas de pessoas invadiram e depredaram o prédios públicos de brasília. “Foi muito triste e relevante e mudou todos os padrões de segurança dos Três Poderes”.

O 2º vice-presidente da Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), suspendeu a sessão depois de receber as informações das explosões e da morte. “Estamos com seguranças em todos os acessos para garantir a nossa saída daqui a nossos lares”, afirmou.

Explosão

Policiais militares fazem uma varredura na Praça dos Três Poderes após duas explosões terem ocorrido na noite de hoje perto do prédio do STF. O Corpo de Bombeiros confirmou a morte de uma pessoa.

A perícia também está no local.

O acesso de pedestres e carros à Esplanada dos Ministérios foi fechado em decorrência das explosões, que ocorreram por volta das 19h30.

Em nota, o STF disse que foram “ouvidos dois fortes estrondos ao final da sessão e os ministros foram retirados do prédio com segurança”. “Os servidores e colaboradores também foram retirados por medida de cautela”, acrescenta. O público que participava da sessão que analisava ação sobre letalidade policial em favelas foi retirado às pressas. As explosões foram ouvidas após o encerramento da sessão.

 

(Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução)

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Política

PEC 6×1: cresce a pressão pela aprovação da proposta

Emenda já recebeu 134 apoios para começar a tramitação

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O movimento Vida Além do Trabalho (VAT) agitou as redes sociais e a imprensa nos últimos dias com a proposta de fim da escala de 6 dias de trabalho por 1 dia de folga, a chamada escala 6×1. O tema está entre os mais comentados da plataforma X. 

Com a pressão social, cresceu, no intervalo de uma semana, de 60 para 134 o total de deputados que assinaram a proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece a jornada de trabalho de, no máximo, 36 horas semanais e 4 dias de trabalho por semana no Brasil, acabando com a escalada de 6 por 1.

São necessárias 171 assinaturas para a PEC começar a tramitar na Câmara. E para ser aprovada, precisa do voto de 308 dos 513 parlamentares, em dois turnos de votação.

De autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), a proposta foi apresenta em 1º de maio deste ano inspirada no movimento VAT que, por meio de uma petição online, já recolheu mais de 2,3 milhões de assinaturas na internet a favor do fim da escala 6 por 1.

“[A jornada 6×1] tira do trabalhador o direito de passar tempo com sua família, de cuidar de si, de se divertir, de procurar outro emprego ou até mesmo se qualificar para um emprego melhor. A escala 6×1 é uma prisão, e é incompatível com a dignidade do trabalhador”, argumentou Erika Hilton em uma rede social.

“A carga horária abusiva imposta por essa escala de trabalho afeta negativamente a qualidade de vida dos empregados, comprometendo sua saúde, bem-estar e relações familiares”, alerta a petição online.

Outras propostas

Ao menos outras duas PEC tratam da redução de jornada no Congresso Nacional, mas não acabam com a jornada 6 por 1, que é a principal demanda do VAT.

Apresentada em 2019 pelo deputado Reginaldo Lopes (PT/MG), a PEC 221/2019 propõe uma redução, em um prazo de dez anos, de 44 horas semanais por 36 horas semanais de trabalho sem redução de salário.

A PEC aguarda a designação do relator na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ). Se a PEC da deputada Erika Hilton atingir as 171 assinaturas, ela deve ser apensada à proposta do deputado Reginaldo Lopes.

A PEC 221 inclui um novo dispositivo no artigo 7º da Constituição definindo que o trabalho normal não deve ser “superior a oito horas diárias e trinta e seis semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.

Apesar de a proposta não vetar a escala 6×1, o parlamentar tem defendido uma jornada de até 5 por 2.

“[Domingo] é o dia sagrado que o trabalhador tem livre da labuta. Mas é muito pouco. Já passou da hora de o país adotar uma redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas e esse deve ser o centro de um governo popular. O Brasil tem que adotar um modelo de 4×3 ou 5×2, sem redução de salário”, defende o parlamentar.

Outra proposta que reduz a jornada de trabalho em tramitação no Congresso Nacional é a PEC 148, de 2015, de autoria do senador Paulo Paim (PT/RS). A PEC define uma redução de 44 horas para 40 horas semanais no primeiro ano. Em seguida, a jornada seria reduzida uma hora por ano até chegar às 36 horas semanais.

Em uma rede social, Paim comemora que o tema tenha voltado ao debate. “É muito bom ver que novos parlamentares, como a deputada federal Erika Hilton, estão sintonizados com as demandas históricas dos trabalhadores. Uma luta antiga. Espero que a Câmara dos Deputados vote essa proposta e que o Senado também vote iniciativas com a mesma temática”, destacou o senador.

Sindicatos

A redução da jornada de trabalho no Brasil é uma demanda histórica de centrais sindicais. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) sempre pautou a redução da jornada de 44 horas para 40 horas semanais.

“Durante décadas, trabalhadores e entidades sindicais têm reivindicado a redução de jornadas extenuantes e o fim de escalas que desconsideram a saúde e o direito ao descanso dos trabalhadores”, defende a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), em nota apoiando o fim da jornada 6×1.

Críticas

A proposta para o fim da escala 6×1 também recebeu críticas de parlamentares e da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), entidade patronal onde atuam boa parte dos trabalhadores que trabalham na escala 6 por. 1.

“A imposição de uma redução da jornada de trabalho sem a correspondente redução de salários implicará diretamente no aumento dos custos operacionais das empresas. Esse aumento inevitável na folha de pagamento pressionará ainda mais o setor produtivo, já onerado com diversas obrigações trabalhistas e fiscais”, afirmou a CNC.

O deputado Amom Mandel (Cidadania-AM) avalia que tende a achar que o fim da escala 6×1 vai prejudicar a economia, mas que está aberto para ser convencido do contrário. “O requerimento de PEC discutido NÃO é pelo fim da escala 6×1, mas sim pelo estabelecimento de uma escala de quatro dias na semana (ou seja, a priori, nem segunda a sexta). 80% dos empregos formais do Brasil são oriundos de MICRO ou pequenas empresas, minha gente”, disse em uma rede social.

Ministro

O ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Luiz Marinho, por sua vez, defendeu que a jornada de trabalho 6×1 deve ser tratada em convenções e acordos coletivos de trabalho, quando patrão e trabalhadores negociam as regras do contrato firmado entre as partes.

“A pasta considera, contudo, que a redução da jornada para 40 horas semanais é plenamente possível e saudável, quando resulte de decisão coletiva. O MTE tem acompanhado de perto o debate e entende que esse é um tema que exige o envolvimento de todos os setores em uma discussão aprofundada e detalhada, considerando as necessidades específicas de cada área”, disse Marinho em uma rede social.

(Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução)

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Política

Proposta sobre fim da jornada 6×1 movimenta redes sociais

“Escala 6×1 é desumana”, diz deputada que apresenta PEC

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O fim da jornada de trabalho de 6 dias trabalhados por um dia de descanso ganhou destaque neste domingo (10) nas redes sociais. O debate sobre a proposta ficou em primeiro lugar nos assuntos mais discutidos pelos internautas na rede social X, antigo Twitter.

A extinção da jornada 6×1 faz parte de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) apresentada pela deputada Érica Hilton (PSOL-SP) na Câmara dos Deputados.

A parlamentar tem se engajado nas redes sociais para pressionar os deputados a assinarem o requerimento de apoio à PEC, que precisa de 171 assinaturas para ser apresentada oficialmente. Até o momento, Érica conseguiu metade dos apoiamentos necessários.

Segundo a deputada, a escala 6×1 é desumana. “Isso tira do trabalhador o direito de passar tempo com sua família, de cuidar de si, de se divertir, de procurar outro emprego ou até mesmo se qualificar para um emprego melhor. A escala 6×1 é uma prisão, e é incompatível com a dignidade do trabalhador”, disse a deputada nas redes sociais.

A proposta do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), liderado pelo vereador eleito Rick Azevedo (PSOL-RJ), recebeu o apoio da deputada para pressionar os parlamentares. O movimento já conseguiu a adesão de 1,3 milhão de assinaturas da petição online em defesa da proposta.

Pelo texto da Constituição e da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a jornada de trabalho não pode ser superior a oito horas diárias e 44 horas semanais, sendo facultada a compensão de horários e a redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

 

(Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução)

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