Quem passou pela região do Bairro Tijuca, nesta quarta-feira (27), foi surpreendido pela movimentação intensa de militares na Academia de Bombeiros. Ao lado de amigos e familiares, centenas de soldados fizeram o juramento pra fazer parte de uma das forças mais respeitadas e admiradas pela população: o Corpo de Bombeiros.
A cerimônia de formatura dos 168 novos soldados contou com a presença do governador Eduardo Riedel, que ressaltou a importância de formar a maior turma de soldados da história da corporação, com um número recorde de mulheres entre os novos integrantes.
”Parabéns às mulheres de Mato Grosso do Sul. Parabéns a todos. Não é para qualquer um, tem que ter vocação, perseverança, força de vontade, capacidade de enfrentar desafios e doação”, disse Riedel, que também citou a importância do efetivo para o combate aos incêndios no Pantanal.
“A sociedade sul-mato-grossense deposita grande esperança em vocês. Vocês irão para os mais diversos cantos do nosso estado, talvez até para uma das onze bases espalhadas pelo Pantanal, onde protegerão nosso bioma e atenderão às necessidades das poucas, mas importantes, pessoas que ali vivem”, destacou o governador.
Dos 168 alunos formados, 38 são mulheres, incluindo a soldado Alana Lubas, oradora da turma, que falou em seu discurso sobre os longos meses de treinamento intenso.
“O treinamento é o mesmo para todos; homens e mulheres realizam as mesmas atividades. Quero que as mulheres saibam que elas podem entrar na corporação, que são bem-vindas e serão acolhidas, porque as mulheres que vieram antes de nós abriram caminho para que tivéssemos melhores condições e pudéssemos concluir essa jornada”, afirmou Alana.
Um dos momentos mais emocionantes da cerimônia foi quando o Secretário de Justiça e Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, entregou o distintivo do curso para o seu filho, Carlos Augusto Batista Videira, que aos 18 anos sofreu um grave acidente de trânsito e foi socorrido por uma equipe do Corpo de Bombeiros de Fátima do Sul.
“O que fizeram comigo, quero fazer pela população. Salvar vidas para que pessoas tenham uma nova chance, assim como eu tive”, contou Videirinha como é carinhosamente chamado. Curiosamente, antes do acidente, ele já havia realizado um teste vocacional que indicou seu perfil para a carreira militar.
”Nesse período de curso eu sempre disse ao meu filho: faça pelos outros o que fizeram pra você, ao que fizeram pra mim te devolvendo a vida”, afirmou o secretário Videira, que também destacou investimentos na corporação.
Os soldados iniciaram o Curso de Formação em 15 de janeiro. Durante 10 meses, foram treinados para atuar em diversas situações, como combate a incêndios urbanos, técnicas de busca e salvamento em matas e cerrados, totalizando 1.899 horas-aula. O curso deste ano incluiu três novas disciplinas: Primeira Intervenção em Crises de Suicídio e Emergências Psiquiátricas, Operações Bombeiro Militar e Salvamento Veicular.
Comandante-geral do CBMMS, Coronel Frederico Reis Pouso Salas, destacou o empenho da turma e falou sobre o novo uniforme, que deve ser implementado em toda a corporação até 2025.
”Todos os Corpos de Bombeiros do Brasil e do mundo estão começando a utilizar o laranja. Além do novo fardamento, os militares receberam todos os equipamentos de proteção individual, garantindo ainda mais segurança nas missões”, explicou o coronel.
Os novos soldados estão prontos para atuar em diversas missões e serão distribuídos em unidades do Corpo de Bombeiros da Capital e interior do Estado. Entre eles, o João Gilberto, de 26 anos, que ficou em primeiro lugar no curso.
“O mais difícil foi ficar longe da família. Durante o curso, o tempo com eles era mínimo, só para dar um abraço rápido, enquanto ajudavam a preparar a farda para o próximo dia. Valeu a pena. Vou sentir saudades dos amigos que fiz, mas agora cada um vai para uma cidade cumprir sua missão”, contou João.
Cerca de 1.500 pessoas prestigiaram a cerimônia. Em frente ao palanque, dona Elizabeth Camargo, de 85 anos, não conseguia tirar os olhos do neto.
“Eu acho maravilhoso a pessoa dar a sua vida para salvar outra, não tem nada igual. Saber que meu neto vai fazer isso é gratificante e espero que Deus esteja com ele sempre”, diz ela, toda orgulhosa.
Gustavo Henrique Simões, de 19 anos, também não escondeu o orgulho de ver o irmão se tornar Bombeiro Militar. “É uma sensação única. Ver ele se formar é uma honra para toda a família”, disse Gustavo.
O soldado Simões refletiu sobre sua jornada. “Não foi fácil, ninguém disse que seria. Mas estou feliz. Vou voltar para a minha cidade e servir a sociedade, salvar vidas. Tem coisa melhor que isso”, ressaltou o ele que é de Coxim.
A cerimônia terminou com desfile dos novos soldados, gritos de guerra e o tradicional banho dos formandos.
Polícia Penal de MS intensifica combate à comunicação ilícita em presídios em nova fase da Operação Mute
Realizada em 27 estados e no Distrito Federal, a operação tem como principal objetivo desarticular organizações criminosas atuantes dentro dos presídios e, com isso, reduzir os índices de violência no país.
A Polícia Penal de Mato Grosso do Sul encerrou com sucesso a 6ª fase da Operação Mute, uma ação de âmbito nacional coordenada pela Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Realizada em 27 estados e no Distrito Federal, a operação tem como principal objetivo desarticular organizações criminosas atuantes dentro dos presídios e, com isso, reduzir os índices de violência no país.
Em Mato Grosso do Sul, a operação, realizada ao longo de três dias, concentrou esforços em quatro unidades prisionais de Campo Grande: o Estabelecimento Penal “Jair Ferreira de Carvalho” (Máxima), o Instituto Penal de Campo Grande, o Presídio de Trânsito e o Centro Penal Agroindustrial da Gameleira.
Ao todo, 210 policiais penais estiveram envolvidos, vistoriando 32 celas e resultando na transferência de 29 internos para outras unidades. Os resultados das apreensões serão oficialmente divulgados pela Senappen.
No estado, as ações foram coordenadas pela Gisp (Gerência de Inteligência do Sistema Penitenciário) e pela Diretoria de Operações da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), com participação de operacionais do Cope (Comando de Operações Penitenciárias) e supervisão de um representante da Senappen.
Estratégia Nacional
A Operação Mute é considerada a maior já realizada pela Senappen em número de estados participantes, policiais penais mobilizados e unidades prisionais inspecionadas.
De forma simultânea em todo o país, as equipes conduziram revistas minuciosas nos pavilhões e celas, com foco na localização de aparelhos celulares e outros meios utilizados por organizações criminosas para planejar e executar crimes além das muralhas dos presídios.
Esses dispositivos são ferramentas-chave para o avanço da violência nas ruas, alimentando delitos como tráfico de drogas, homicídios e roubos. No entanto, a operação não apenas busca apreender esses itens, mas também reforçar rotinas e procedimentos padronizados nos estabelecimentos prisionais, promovendo maior controle e segurança.
Segundo a Senappen, além das revistas, a Operação Mute atua como um marco no fortalecimento das inteligências penitenciárias estaduais e na integração com a Dipen (Diretoria de Inteligência Penitenciária). A iniciativa também contribui para reduzir crimes violentos letais intencionais, reforçando o compromisso de proteger a sociedade.
Reforço: Mato Grosso do Sul vai receber mais R$ 30 milhões para investir em segurança pública
O recurso, destinado ao eixo de Redução das Mortes Violentas Intencionais, foi confirmado com a publicação do Termo de Adesão, assinado pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo.
Mato Grosso do Sul terá um reforço de R$ 30,3 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública para auxiliar na implementação de ações de combate à violência e ao crime organizado, desenvolvidas pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).
O recurso, destinado ao eixo de Redução das Mortes Violentas Intencionais, foi confirmado com a publicação do Termo de Adesão, assinado pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo.
A quantia será utilizada para a aquisição de novos equipamentos e viaturas, além de investimentos em tecnologia da informação. A previsão é que os recursos sejam aplicados durante os anos de 2025 e 2026, conforme plano de trabalho apresentado ao Ministério da Justiça pela Sejusp.
“Investir em segurança pública, ampliando o trabalho de inteligência, recursos humanos e tecnologia, é fundamental para entregar um bom serviço e garantir o bem-estar da população. É permanente esse desafio, um combate sempre firme”, frisa o governador Eduardo Riedel.
De acordo com o termo de adesão, a maior parte dos recursos, cerca de R$ 18,4 milhões, será destinada à compra de veículos. Estão previstos ainda investimentos de de R$ 4,5 milhões em munições letais e não letais, de R$ 4,1 milhões em equipamentos táticos, de proteção individual e uniformes e outros R$ 1,7 milhão em tecnologia da informação, que inclui drones, licenças e equipamentos de áudio e vídeo.
Para o secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, este investimento é de fundamental importância para fortalecer as ações de segurança pública no estado.
“São recursos que possibilitarão a continuidade da modernização e fortalecimento da segurança pública pelo Governo do Estado, bem como uma atuação mais eficaz das nossas polícias no combate à criminalidade e à redução dos índices de violência.”
Conforme o termo de adesão do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o plano de trabalho elaborado pela Sejusp, haverá ainda investimentos da ordem de R$ 9,1 milhões em ações de custeio, que inclui entre outros, a manutenção das frotas, formação e capacitação dos servidores da segurança pública de Mato Grosso do Sul.
“Nosso objetivo é garantir a segurança da população e proporcionar um ambiente mais tranquilo para todos”, assegura Videira.
Mais investimentos
Com outros dois planos de trabalho elaborados pela Sejusp e aprovados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, Mato Grosso do Sul receberá mais R$ 7,5 milhões, além dos R$ 30,3 milhões previstos na publicação do Diário Oficial da União desta terça-feira (5). Recursos estes que serão aplicados nos anos de 2025 e 2026.
São investimentos que contemplam os eixos de enfrentamento à violência contra a mulher, que receberá R$ 3,7 milhões e, a melhoria da qualidade de vida dos profissionais de segurança pública, onde também serão investidos de serão R$ 3,7 milhões. Todos os recursos são oriundos do Fundo Nacional de Segurança Pública.
Sobre o FNSP
O Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) é um instrumento financeiro destinado a financiar políticas públicas de segurança pública, com o objetivo de reduzir a violência e fortalecer as ações de prevenção e combate à criminalidade. Os recursos do fundo são distribuídos aos estados e municípios por meio de chamadas públicas e termos de adesão.
Representando o Governo de Mato Grosso do Sul, o vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha, participou de reunião no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), para debater a segurança pública. O encontro aconteceu na quinta-feira (31) e reuniu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, governadores de estados, vice-governadores, ministros e representantes do Poder Judiciário e do Poder Legislativo, de prefeituras e municípios, além da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.
Na ocasião, foi apresentada a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da Segurança Pública. A proposta do governo tem como tripé aumentar as atribuições da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), dar status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado por lei ordinária em 2018 (Lei 13.675), e também levar para a Constituição Federal as normas do Fundo Nacional de Segurança Pública e Política Penitenciária, unificando os atuais Fundo Nacional de Segurança Pública e o Fundo Penitenciário.
A PEC ainda prevê a mudança da PRF para Polícia Ostensiva Federal, destinada ao patrulhamento de rodovias, ferrovias e hidrovias federais.
Ao fazer uso da palavra no encontro, o vice-governador sul-mato-grossense defendeu que além das mudanças de nomenclatura, é necessário fortalecer o sistema como um todo.
“Mato Grosso do Sul é localizado em uma região de fronteira, por onde ingressam drogas, armas e munições que alimentam o crime organizado dos grandes centros e só não é um caos, do ponto de vista de Segurança Pública, graças ao trabalho da nossa Polícia Estadual. Temos um Departamento de Operações de Fronteira que é referência no país, temos uma delegacia especializada de fronteira e uma profunda integração com as forças federais, mas o efetivo é diminuto. Guarnecer a nossa fronteira é um passo fundamental para cuidar do Brasil e atingir o coração do crime organizado”, avalia Barbosinha.
Sistema penitenciário
Outra questão que precisa ser notada pelo sistema nacional, de acordo com o vice-governador, diz respeito aos bloqueadores de celulares instalados nas unidades prisionais, não apenas de Mato Grosso do Sul, mas de todo o país.
“Precisamos de um sistema de bloqueios de sinal telefônico mais efetivo. É impressionante! Podemos construir um presídio no lugar mais ermo que existe, que antes de terminar já tem uma torre de sinal de celular. Se é um sistema de concessão, porque não as operadoras ficam responsáveis? São elas que modificam a tecnologia. Os estados, se colocam bloqueadores, daqui a um ano não têm mais eficácia. Então, as empresas de telefonia deveriam ser as responsáveis por bloquear esse sinal e isso ser embutido nos custos”, pontua.
Sinalizando que mais de 40% dos detentos nos presídios do Mato Grosso do Sul são condenados por tráfico de drogas, o vice-governador sugeriu que a União assuma as despesas com esses presos, que geram altos custos para as receitas estaduais. Barbosinha reconheceu que cada Estado tem a sua complexidade e defendeu a união como peça-chave no fortalecimento da segurança pública.
“Nós só iremos vencer o crime organizado, o crime transnacional com a integração de todos os estados envolvidos e, sobretudo, com a articulação e organização necessária por parte do Governo Federal. Eu compreendo que o sistema precisa de ser aprimorado e dedicada atenção especial, principalmente, aos estados fronteiriços como o Mato Grosso do Sul, que possuem características completamente diferentes dos demais que não se localizam em região de fronteira”, pondera.
Posição da União
No entendimento do ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o texto da Constituição Federal de 1988 “precisa ser aprimorado” para “dar um cunho federativo” ao combate ao crime organizado. O presidente da República também avalia que somente um pacto federativo mudará o atual cenário do crime organizado no país.
“Que a gente possa construir um processo que discuta desde o sistema prisional até o sistema do cadastro que cada Estado tem. É preciso que haja uma informação sistematizada, organizada, porque a gente não pode continuar permitindo que um criminoso no Paraná possa se esconder indo para São Paulo e tirando outra identidade ou ele comece um crime em São Paulo e vá se esconder em um Estado do Nordeste”, destaca Lula.
A PEC poderá ser modificada após as contribuições dos governadores antes de ser encaminhada ao Poder Legislativo.