Entre reflexões e alertas, Cidadania lança programação do Novembro Negro, por um MS sem Racismo
Historiadora de formação, quilombola descendente de Tia Eva, Vânia ainda reforça que 20 de novembro é a data em que Zumbi dos Palmares foi assassinado.
Entoado pelo Canto das Três Raças, eternizada na voz de Clara Nunes, a Cidadania abriu as portas para o Novembro Negro, mês de luta e celebração que desde 2019 é comemorado pelo Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.
“Negro entoouUm canto de revolta pelos aresDo Quilombo dos PalmaresOnde se refugiouFora a luta dos inconfidentesPela quebra das correntesNada adiantouE de guerra em pazDe paz em guerraTodo o povo dessa terraQuando pode cantarCanta de dorÔ, ô, ô, ô, ô, ôÔ, ô, ô, ô, ô, ô”
Nesta segunda-feira (4), a Subsecretaria de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial, pasta ligada à SEC (Secretaria de Estado da Cidadania) apresentou o calendário oficial de ações da campanha Novembro Negro.
Com o lema “MS sem Racismo”, durante os 30 dias do mês, escolas, empresas e instituições viram palco para ações e reflexões que destacam as lutas históricas da população negra, além de evidenciar a importância da Política Pública de Promoção da Igualdade Racial no Estado.
“É o mês da consciência negra, algo que nós lutamos por muitos anos para que tivéssemos o feriado de 20 de novembro, que não é um dia para ficarmos em casa, e sim para nós demarcarmos as nossas lutas enquanto pessoa negra”, reflete a subsecretária de Políticas Públicas para Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lúcia Baptista Duarte.
Historiadora de formação, quilombola descendente de Tia Eva, Vânia ainda reforça que 20 de novembro é a data em que Zumbi dos Palmares foi assassinado. “Em uma atrocidade, arrancaram o pescoço dele e colocaram ali numa praça pública, e foi dito que todos os negros olhassem para a cabeça de Zumbi e que nenhum buscasse a sua liberdade. Liberdade esta que nós, como população negra, ainda estamos buscando”, completa.
Para Vânia, o momento é de refletir, inclusive sobre as estatísticas que ora escancaram o povo negro como a maioria vítima de assassinatos, ora colocam a população no ranking de piores salários.
“Tudo isso faz parte do Novembro Negro, que não é uma campanha só de preto, só de preta, mas de toda a sociedade, e no Governo do Estado ela começou no dia 1º, com a frase ‘MS sem racismo’ até no holerite dos servidores estaduais. Porque este é o nosso sonho, nós acreditamos que é possível viver num Estado sem racismo, num País sem racismo. Se nós estamos aqui, é por nossa luta, nossa resistência, das nossas ancestralidades”, ressalta.
No hall de entrada da Secretaria da Cidadania, as cores, rostos e sabores refletiam a história de luta e celebração do povo negro. Parte do acervo é assinado pelos artistas Erika Pedraza e Juan Silva, e ainda há trabalhos de alunos da Escola Estadual Maria Eliza Bocayuva, que trabalham a temática afro-brasileira ao longo do ano.
Coordenador da Escola Estadual Joaquim Murtinho, onde também está à frente do projeto Diversidade Étnico Racial e Cultural, Izadir Francisco de Oliveira explica que como historiador vê o Novembro Negro como maneira de manifestar a cultura, mas como educador, garante que a temática é presente o ano todo.
“O trabalho tem que ser feito cotidianamente, porque a criança negra, o jovem negro, ela não está na escola só no novembro, está no ano inteiro, e é um grupo que, populacionalmente é majoritário, mas que socialmente é minoritário nas ações que o Estado oferece a ele”, enfatiza Izadir.
Para a secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, momentos como o Novembro Negro, que concentram as ações e reflexões, são essenciais para reforçar o dever de cidadania.
“Enquanto servidores de uma secretaria da cidadania, nosso dever é ainda maior, de ser antirracista e de multiplicar as ideias, o respeito, e não só no Novembro Negro. As nossas lutas, as nossas pautas são todos os dias, 365 dias por ano, 24 horas por dia, porque só assim vamos realmente garantir a cidadania, o respeito e a inclusão de todos nesse Estado”, afirma Viviane.
Novembro Negro
A celebração da luta do povo negro foi estabelecida no Estado pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011, que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a ser comemorado, anualmente, no dia 20 de novembro, data do assassinato do líder negro Zumbi dos Palmares. Posteriormente, o Governo Federal determinou o 20 de Novembro como “Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra”, e a partir deste ano, se tornou feriado nacional.
Em Mato Grosso do Sul, a primeira edição da campanha foi realizada pelo Governo em 2019, e desde então, o mês é cercado de ações de mobilização, seminário, palestras e rodas de conversas que levam a discussão do tema para os mais variados territórios.
Dia da Consciência Negra: servidoras e servidores negros refletem sobre sua posição no serviço público
O Dia da Consciência Negra, assim, não é apenas uma data de reflexão, mas também um convite à ação para que, juntos, possamos superar barreiras históricas e construir um Brasil mais justo e inclusivo.
Celebrado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra é uma oportunidade para refletir sobre a trajetória, as lutas e as contribuições da população negra na formação do Brasil. Em Mato Grosso do Sul, estado fronteiriço e marcado pela diversidade cultural, a data ganha ainda mais relevância, especialmente diante das iniciativas que buscam combater o racismo e valorizar a identidade afro-brasileira.
A Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos) tem desempenhado um papel ativo na promoção da igualdade racial, fortalecendo políticas públicas que buscam construir uma sociedade mais inclusiva. Algumas servidoras e servidores negros compartilham relatos que traduzem a resiliência e a força da comunidade negra no estado.
O secretário-executivo de Direitos Humanos da Sead, Ben-Hur Ferreira, ressalta que ser negro no serviço público vai além do aspecto profissional, sendo também um ato político e social. Para ele, a presença de pessoas negras em espaços institucionais não apenas garante representatividade, mas também inspira as novas gerações.
“Ser negro no serviço público significa garantir um espaço de representatividade. É trabalhar para que a diversidade esteja cada vez mais presente, inclusive no setor público. Isso serve de alento para que jovens negros se sintam inspirados. O Estado precisa abrir espaço para representações indígenas e negras. Só assim construiremos uma sociedade mais inclusiva e menos racista”, afirma.
Andresa Francine (foto de capa), pedagoga, servidora da SEDH (Secretaria Executiva de Direitos Humanos), também reflete sobre os desafios enfrentados como mulher negra no serviço público. Para ela, sua trajetória simboliza resistência e transformação.
“Uma servidora pública negra representa uma parcela historicamente sub-representada da população. Enfrentamos discriminação e estereótipos, mas cada conquista rompe barreiras e inspira outras pessoas a buscarem espaços no serviço público. Isso fortalece a diversidade e a inclusão. É um compromisso diário com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.”
Fábio Silva, advogado, também servidor da SEDH aborda a dificuldade enfrentada por pessoas negras para ocupar cargos de liderança, tanto no setor público quanto no privado. Apesar dos desafios, ele destaca avanços significativos, especialmente na Sead, onde a inclusão é uma pauta constante.
“Ser um homem negro no mercado de trabalho, público ou privado, é desafiador. Cargos de liderança ainda são majoritariamente ocupados por homens brancos, mas a situação da mulher negra é ainda mais difícil. Precisamos ocupar espaços historicamente negados. Na Sead, encontramos um ambiente inclusivo, com pautas voltadas à integração social e lideranças ocupadas por mulheres negras. No Dia da Consciência Negra, devemos refletir sobre esses avanços e os desafios que permanecem”.
Lucicleia Barbosa, assistente social, servidora da Secretaria Executiva de Assistência Social, também reforça a importância de sua atuação como mulher negra no serviço público. Ela acredita que ocupar esses espaços vai além de exercer uma função: ‘é um ato de resistência que pavimenta o caminho para futuras gerações’.
“Atuando com a consciência de que estamos abrindo portas para o futuro. Promover representatividade em espaços de decisão e garantir que as políticas públicas contemplem a pluralidade do povo brasileiro são formas de contribuir para a construção de uma sociedade mais igualitária. ”
O Dia da Consciência Negra, assim, não é apenas uma data de reflexão, mas também um convite à ação para que, juntos, possamos superar barreiras históricas e construir um Brasil mais justo e inclusivo.
O Mais Social chegou a uma nova etapa nesta segunda-feira (18). Além de garantir a segurança alimentar, o programa deu início a série de treinamentos para que os beneficiários possam crescer socialmente, como empreendedores ou na busca de uma colocação no mercado de trabalho.
Mãe de dois filhos, Cláudia de Oliveira Andrade não pode trabalhar fora de casa porque um deles tem necessidades especiais (paralisia cerebral epiléptica, retardamento mental grave, síndrome de Down e autismo). Ela vive em função desse filho, Wesley, de 24 anos, que necessita de atenção constante, mas encontrou no MS Qualifica a oportunidade de aprender e ter uma nova fonte de renda, sem ter que sair do lar.
Cedo, ela já estava pronta para o curso de bolo caseiro oferecido gratuitamente pela Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos), em parceria com a Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul) e o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
“Eu queria fazer todos os cursos, só que não posso porque tenho um filho muito especial, especialíssimo, então eu só consegui a pessoa pra ficar com ele hoje. Mas eu, por mim, faria todos”, conta Cláudia.
“Já que eu não posso sair para trabalhar, então por que não trazer o trabalho para dentro de casa, né? Com o dinheiro que eu recebo do Mais Social, vou poder comprar os ingredientes para fazer o bolo, essas coisas para vender. Já que vamos ao mercado, a gente já faz tudo em um pacote só”, acrescenta.
Em Campo Grande, a primeira aula do MS Qualifica foi ministrada pela consultora do Senac Fernanda Vieira, que é formada em Gastronomia. Ela ensinou uma receita clássica: a de bolo inglês. Por enquanto, os cursos também estão sendo realizados em Dourados, Três Lagoas e Ponta Porã.
Esforço e mente aberta
Rosana Aparecida Pereira também fez a aula. Com duas filhas e uma mãe de 87 anos para sustentar e sem formação profissional, ela depende do Mais Social, desde que ficou desempregada.
A ex-recepcionista sabe encarar as dificuldades da vida e encontrou na culinária uma nova fonte de renda para ajudar no sustento da família. “Eu já tento empreender, faço biscoitos, pães, algumas coisas. O Mais Social me ajuda muito nessa questão porque eu uso para comprar os produtos. A minha mãe é idosa, então, a melhor forma de trabalhar para mim hoje é em casa”.
Além da aula de bolo caseiro, ela se inscreveu nos cursos de bolo de pote e de biscoito e cookies.
“São cursos que eu já fiz on-line e nunca pude fazer presencial. Para mim é sempre bom fazer um curso, porque abre a mente. Cada professora trabalha de uma forma e, às vezes, a gente meio que fica desmotivado quando trabalha com vendas, ainda mais quando é comida. Você tem que mostrar o seu trabalho, que seu biscoito é gostoso. Não é sempre tão fácil. Eu vou fazer os cursos presenciais porque acho que vou aprender muito”.
Ela conta que não é fácil se consolidar como uma empreendedora, mas que está cada vez mais preparada. “Quando a gente empreende, encontra algumas dificuldades. Você tem que mostrar que seu produto é bom. Ainda não consigo dizer que eu vivo tranquila com as minhas vendas. Eu tenho que buscar a minha clientela. Graças a Deus, aos poucos eu estou conseguindo”.
O MS Qualifica foi criado para dar oportunidade de ascensão aos beneficiários do programa de segurança alimentar. O pré-cadastro nos cursos está sendo feito durante o recadastramento do Mais Social. A matrícula só é efetivada no dia de aula, por ordem de chegada.
Serviço
Os beneficiários que tiverem dúvidas sobre o Mais Social e os cursos de qualificação podem telefonar para (67) 3368-9000.
2° Encontro Estadual de Economia Criativa incentiva inovação e compartilhamento de ideias
Superintendente de Economia Criativa, Luciana Azambuja afirma que o Encontro é essencial para reunir diversos atores envolvidos com a economia criativa.
Nesta terça-feira (19), o Teatro Aracy Balabanian, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, em Campo Grande, recebe o 2° Encontro Estadual de Economia Criativa – MS+CRIATIVO. Promovido pela Superintendência Estadual de Economia Criativa e Políticas Integradas, vinculada à Setesc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura), o evento acontece das 13h30 às 17h30, com inscrições gratuitas (clique aqui para se inscrever).
A iniciativa tem como principal objetivo fomentar a troca de ideias e experiências entre gestores e criativos de diversos setores, como turismo, esporte, cultura, educação, meio ambiente, gastronomia, moda e tecnologia. Estão convidados secretários municipais, artistas, empreendedores, designers, professores, produtores culturais, entre outros profissionais que atuam nas áreas criativas de Mato Grosso do Sul.
Para o secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, o evento é uma grande oportunidade de impulsionar a economia criativa como motor de transformação social e desenvolvimento. Ele salienta a relevância do movimento para o futuro do estado.
“A economia criativa é uma poderosa ferramenta de transformação social e desenvolvimento econômico. Com o MS+CRIATIVO, estamos construindo pontes entre cultura, empreendedorismo e inovação, valorizando a essência de Mato Grosso do Sul e preparando o estado para um futuro mais inclusivo, sustentável e conectado às nossas raízes”, enfatiza Miranda.
Superintendente de Economia Criativa, Luciana Azambuja afirma que o Encontro é essencial para reunir diversos atores envolvidos com a economia criativa. Ela explicou que a principal expectativa é ouvir criativos, empreendedores culturais e gestores públicos sobre a implementação do plano de economia criativa em Mato Grosso do Sul.
“A principal expectativa da superintendência com o encontro é que a gente consiga reunir criativos, empreendedores culturais, expositores de feiras criativas e também gestores públicos que atuam nas áreas relacionadas à economia criativa nos municípios e no estado, para que a gente possa ouvir esses atores criativos, esses atores que formam essa rede tão múltipla e tão plural sobre a implementação do plano de economia criativa que foi lançado e que está em implementação pela Setesc”, explica Luciana Azambuja.
A superintendente também enfatiza o potencial da economia criativa para impulsionar o desenvolvimento do estado em diversas áreas. “A gente acredita no potencial da economia criativa para impulsionar o desenvolvimento econômico, social e humano de Mato Grosso do Sul, atuando a economia criativa em quatro dimensões: sustentabilidade econômica, social, ambiental e cultural. Então, é sobre isso que a gente vai falar no evento e, principalmente, a gente quer ouvir as pessoas, a sociedade civil que atua com criatividade, com inovação, sobre a melhor forma da gente fazer a implementação dos eixos do plano de economia criativa”.
Serviço
2° Encontro Estadual de Economia Criativa – MS+CRIATIVO
Data: terça-feira, 19 de novembro de 2024
Horário: 13h30 às 17h30
Local: Teatro Aracy Balabanian – Centro Cultural José Octávio Guizzo – R. 26 de Agosto, 453 – Centro, Campo Grande (MS)