Os incêndios florestais no Pantanal, em Mato Grosso do Sul, retornaram com intensidade desde o fim de semana, devido a piora geral das condições climáticas, com aumento das temperaturas, baixa umidade relativa do ar, além da velocidade dos ventos, um dos principais fatores de propagação dos focos no bioma.
Atualmente são seis focos ativos de incêndios nas regiões do Rabicho, Porto da Manga, Paiaguás, Maracangalha, além de outros nos municípios de Bodoquena e Bonito. Outros pontos são monitorados na estrada Parque de Piraputanga e próximo ao município de Coxim.
As ações para controle e extinção das chamas, como parte da temporada de incêndios florestais 2024, completou 112 dias nesta segunda-feira (22), com trabalho realizado por terra, ar e água. Além do CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul), a atuação no Pantanal conta com o apoio de equipes da Força Nacional e Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), e ainda agendes do Ibama, ICMBio e brigadistas do PrevFogo.
“Este momento é de troca de guarnições, e a gente precisa se preocupar com tudo. Na parte de logística, devido à dificuldade de acesso no terreno, a gente providencia alimentação, água, material de higiene, para que os militares tenham condições de trabalho nos locais. Principalmente nas bases avançadas, pois as dificuldades são extremas. A gente organiza os matérias enviados aos locais onde as guarnições ficam preparadas para combater os incêndios”, explicou a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, responsável pelo monitoramento e ações de combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul.
O início da semana foi marcado por condições climáticas extremas no Pantanal, o que eleva o risco de incêndios e a rapidez da propagação das chamas. A ausência de chuva aliada a baixa umidade relativa do ar, que ontem ficou em apenas 19%, além da temperatura com picos acima de 33°C e rajadas de vento que chegam a 24 km/h.
As operações de combate aos incêndios florestais foram intensificadas, com continuidade de serviços iniciados no fim de semana e com foco no monitoramento e rescaldo das áreas já queimadas. Com as condições climáticas adversas, o trabalho de combate tem esforço concentrando no controle das chamas em áreas remanescentes e prevenção de novas ocorrências.
Na região do Rabicho, próximo ao Rio Paraguai, o enfrentamento ao fogo é realizado a mais de 120 horas. No início da noite de ontem, as equipes recuaram para avaliar a situação, após encontrarem dificuldades de progressão na área, que foi comprometida devido à baixa visibilidade e rápida propagação das chamas.
Na estrada Parque de Piraputanga, a rápida atuação da equipe do Corpo de Bombeiros em vários princípios de incêndios, conseguiu impedir a propagação das chamas no entorno da via. Com isso a área efetivamente atingida é de apenas poucos metros quadrados.
Esta semana, o trabalho terá reforço de aproximadamente 40 bombeiros militares de Goiás, Paraná e São Paulo, que chegam ao Estado a partir de hoje (23). Também há previsão de que bombeiros dos estados da Paraíba, Sergipe, Rondônia e Pará, sejam enviados ao Mato Grosso do Sul para colaborar nas ações de combate aos incêndios no Pantanal.
Os focos de incêndio na região do Alto Pantanal, próximo a Escola Municipal Rural de Educação Integral Polo São Lourenço, foram controlados após ação das equipes do Corpo de Bombeiros, que contaram com o auxílio da chuva que caiu na região nos últimos dias. O local segue sendo monitorado pelos profissionais que ficam na base avançada da Serra do Amolar.
Segundo o Corpo de Bombeiros, as imagens de satélite que mostravam vários focos de calor na região nos últimos dias, contam com outro cenário no momento (sem foco), no entanto duas equipes estão no local fazendo o serviço de monitoramento e captação de imagens (drones) para avaliar a situação.
A base do Corpo de Bombeiros na Serra do Amolar fica a 9 km da Escola do Polo São Lourenço, tendo 8 militares disponíveis para combate a incêndios, quando for necessário.
A região do Pantanal Sul-Mato-Grossense continua com condições climáticas adversas, devido altas temperaturas e variações constantes nos ventos, o que favorecem os incêndios florestais. Nos últimos dias houve chuvas pontuais na região, que contribuíram de forma momentânea, mas não extinguiram todos os focos.
Segue o combate aos incêndios no Parque Estadual Pantanal do Rio Negro, que fica próximo aos municípios de Miranda e Corumbá. Duas equipes chegaram ao local com apoio do helicóptero da Força Aérea Brasileira, por se tratar de local de difícil acesso. Através das ações foi possível confinar as chamas que se concentram entre a BR-262 e o Rio Miranda.
Também tem equipes na região do Passo do Lontra, onde a preocupação é em relação a proximidade (incêndios) com residências da comunidade local. Os focos tinham sido controlados no final de semana, mas houve reignição, por isso os trabalhos continuam no local.
Continua o monitoramento das regiões do Paiaguás, Serra do Amolar, Nhecolândia (a oeste do Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro) e Abobral. Atualmente a Operação Pantanal possui um efetivo de 132 militares do Corpo de Bombeiros Militar.
Com quatro focos ativos de incêndios florestais no Pantanal sul-mato-grossense, o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, com o apoio das demais forças de segurança nacionais e estaduais empenhadas na Operação Pantanal 2024 há 198 dias, mantém ações de combate ao fogo nas regiões do Paiaguás e Abobral (Passo do Lontra).
Um dos principais focos está na divisa com o Mato Grosso. O incêndio já registrou, ontem, uma linha de fogo de aproximadamente 40 quilômetros de extensão. As chamas passaram para o Mato Grosso do Sul vindas do estado vizinho, iniciada no Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense.
Também estão em monitoramento focos em Corumbá (nas regiões pantaneiras do Paiaguás, Nabileque, Paraguai-Mirim, Forte Coimbra, Serra do Amolar, Albuquerque), Rio Negro (Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro), Costa Rica, Aparecida do Taboado, São Gabriel do Oeste, Dourados, Coxim, Inocência, Paranaíba, Naviraí (Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema), Miranda, Porto Murtinho, Nioaque e Aquidauana.
Um novo ciclo de trabalho na temporada de incêndios florestais teve início ontem (15), inclusive com a troca de dez bombeiros militares do Rio Grande do Sul, estado que continua a apoiar as ações de controle e extinção do fogo no Pantanal.
As ações contam com o apoio do GOA (Grupamento de Operações Aéreas), que auxiliam os militares que fazem o combate direto em solo. As equipes continuam a realizar o monitoramento nas áreas impactadas e nas localidades onde estão instaladas as 12 bases avançadas, que contribuem para uma resposta mais ágil para o início do combate, em caso de ocorrência de fogo.
As chuvas que ocorreram desde o fim de semana passada contribuíram para aliviar a situação, especialmente após o período de seca. Porém o Pantanal ainda enfrenta condições climáticas adversas, principalmente em relação as altas temperaturas e variação dos ventos, que elevam os riscos de incêndios florestais.
A situação climática no Pantanal de Mato Grosso do Sul continua extrema, com temperaturas altas, umidade relativa do ar baixa e fortes ventos, o que facilita a ocorrência de incêndios florestais. Mesmo com previsão da chegada de uma frente fria entre hoje (26) e sábado (28) – o que deve provocar chuva e queda de temperaturas – a situação não terá mudança significativa.
O Governo do Estado transmitiu as informações dos combates e também a previsão do tempo para os próximos dias, nesta quinta-feira (26), ao vivo pela internet (veja na íntegra no final do texto), no boletim semanal da Operação Pantanal 2024, que a partir de agora será realizado a cada 15 dias (o próximo está marcado para acontecer no dia 10 de outubro).
A estrutura de combate aos incêndios florestais permanece ativa em todos os biomas – Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica – e continua a receber reforços das forças de segurança nacional e dos demais estados parceiros. A situação climática interfere de maneira direta nas ações de controle e extinção dos incêndios, no Pantanal e também nos demais biomas presentes no Estado.
Regiões como Cipolândia (Aquidauana), Coxim, Inocência e Dourados concentram atualmente os combates. Já as ações de monitoramento ocorrem em Corumbá – Paiaguás, Nabileque, Paraguai Mirim, Coimbra, Serra do Amolar, Albuquerque – e nas regiões de Porto Murtinho, Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema (Naviraí).
Nos municípios de Rio Negro, Aquidauana, Cassilândia, Costa Rica, Aparecida do Taboado, São Gabriel do Oeste, Brasilândia, e região do Areado, também passam por tal monitoramento, assim como as bases avançadas do Redário e Santa Mônica, onde o trabalho é dirigido a um foco próximo à divisa com o Mato Grosso.
“Mesmo com as condições atmosféricas de 2024 sendo mais severas, a gente conseguiu reduzir essa área queimada [em relação a 2020]. A gente está vendo a Bolívia com muitos focos de calor. Mesmo que a gente tenha registrado nos últimos dias uma redução desses focos, a gente não retroagiu a nossa estrutura, esse trabalho de operação presença, estar no local, também faz a diferença nos índices que a gente vê nos focos de calor. E não só no Pantanal, a gente tem a estrutura distribuída no Estado todo”, explicou a diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel Tatiane Inoue.
Na terça-feira (24), mais dez bombeiros do Rio Grande do Sul chegaram ao Estado para contribuir no trabalho.
Atenção ao termômetro
A partir de domingo (29) e até quarta-feira (2 de outubro), as temperaturas devem voltar a subir, e podem atingir novamente em torno de 40°C, como foi registrado durante esta semana no Estado. Ontem (25) ocorreram recordes de temperatura no ano de 2024, com registro de 20 municípios com temperatura máxima acima de 40°C. O município de Água Clara registrou a temperatura mais alta do país com 43,1°C.
Enquanto nos próximos dois dias, caso as chuvas ocorram, a umidade relativa do ar deverá subir para entre 40% e 60%, e as temperaturas devem variar entre 27°C e 35°C (máximas) e 19°C e 25°C (mínimas), já no início da próxima semana as condições climáticas mudam novamente.
“Então, as temperaturas devem ficar acima da média, se espera tempo quente e seco, com sol. As máximas devem ficar entre 36°C a 43°C na região pantaneira, e as mínimas entre 23°C a 31°C, a umidade relativa do ar, novamente, deverá ter uma queda significativa de 7% a 25%. A gente observa, nos próximos dias, um elevado risco de fogo, extremo, onde as condições climáticas são favoráveis, há aumento de velocidade de propagação do fogo, difícil combate até por vias aéreas. Toda essa condição, mesmo com a entrada da frente fria, não deve se reverter na região da Bacia do Alto Paraguai”, explicou a meteorologista e coordenadora do Cemtec (Centro de Monitoramento do Templo e do Clima), Valesca Fernandes.
O prognóstico para o trimestre – dos meses de outubro, novembro e dezembro –, mostrou pela primeira vez, em aproximadamente dez meses, que as chuvas no período podem ficar dentro da média histórica.
“Nas condições de tempo quente e seco, as temperaturas acima da média, baixos valores de umidade relativa, as condições são propícias para ocorrência de incêndios florestais, afetando também a qualidade do ar. Como a gente viu hoje em Campo Grande, estamos embaixo de fumaça”, disse a meteorologista.
Condições adversas e esperança
Em meio às condições adversas, a tenente-coronel Tatiane Inoue relata que estava no Pantanal, onde até ontem o termômetro da viatura em que estava registrada 46°C.
“Continua muito seco, a gente vê os animais disputando pequenas poças de água, pequenas lagoas, então a situação ali é ainda muito crítica. E várias pessoas também vivenciam essas condições e estão muito preocupados com essa fumaça. Mesmo com todo esse aparato de combate que temos, essa condição no bioma Pantanal, não só do lado do Brasil e Mato Grosso do Sul, persiste. O nosso Estado está muito tomado por essa fumaça, de situações que estão acontecendo em outros países, em outros estados”, explicou.
Contudo, a esperança de melhora continua e motiva o trabalho dos Bombeiros, ainda mais sabendo a capacidade do bioma em se renovar. Essa resiliência do Pantanal também foi registrada, com uma imagem.
“Eu fiz questão de trazer essa foto, que tirei ontem na região de Miranda, nas margens da rodovia BR-262, onde a gente teve um incêndio no começo do mês de agosto, muito grave. E aí a gente vê como é a resiliência do bioma Pantanal. A gente observa aqui as árvores, a vegetação queimada, as cinzas. Estou com o cheiro das cinzas no meu EPI, mas a gente vê o lírio brotando, a vegetação ali insistindo em viver. Então é por isso que a gente trabalha tanto e se dedica para continuarmos vendo esse milagre acontecendo aqui”, finaliza Inoue.