Referência em políticas públicas de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher, Mato Grosso do Sul recebe, nesta semana, a comitiva técnica do Amapá para apresentar os equipamentos do Governo do Estado voltados a atender mulheres, adolescentes e crianças inseridas no contexto de violência doméstica.
Composta por representantes da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Amapá, a comitiva foi até o Ceamca (Centro Especializado de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Adolescente em Situação de Violência), na quarta-feira (19).
Comitiva foi recebida pela secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza e pelo superintendente de Segurança Pública, Tiago Macedo dos Santos. (Foto: Matheus Carvalho)
Recebida pela secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza e pelo superintendente de Segurança Pública da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), Tiago Macedo dos Santos, a equipe observou de perto como funciona desde o atendimento no Ceamca, ao site Não se Cale e também o papel do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher.
Assessora técnica da área do Fundo Estadual de Segurança Pública do Amapá, Sara Faria Souza explica que a gestão chegou até MS enquanto implantava o programa de enfrentamento à violência no Estado.
“Pensamos em buscar exemplos de boas experiências para a gente não partir do zero, e aprender com os acertos e também com os erros. Quando fizemos uma pesquisa, o Estado que mais apareceu para a gente e se destacou nas boas práticas foi Mato Grosso do Sul”, conta.
Assessora técnica do Amapá, Sara Souza conhecendo a sala que presta atendimento a crianças e adolescentes em contexto de violência. (Foto: Paula Maciulevicius)
A equipe compartilha que tem aprendido com a rede tanto a nível de segurança pública como no âmbito da Cidadania. “Ficamos encantadas com o trabalho de vocês, com a experiência da Sala Lilás, aqui com o Ceamca, o Não se Cale. Vamos levar o que de melhor a gente pode aprender aqui com vocês, nessa troca de experiência é legal ter a percepção de tudo aquilo que a gente conseguiu sentir através das nossas pesquisas, de fato, funciona”, completa.
Secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, parabenizou a iniciativa do Estado do Amapá em percorrer Mato Grosso do Sul, distante cerca de 2,4 mil quilômetros para conhecer as políticas públicas que são referência para o País.
“Na antropologia se fala que se quiser conhecer a sua cultura, saia dela. Só assim a gente vai aprender o que nós temos, e vocês saírem do ambiente e entrar em outro, que pode ser convergente ou não, traz sempre à reflexão”, comentou.
Na apresentação da estrutura das políticas públicas, Viviane Luiza começou dizendo que MS tem a primeira secretaria de dedicação exclusiva à pauta da Cidadania, onde está a subsecretaria para as Mulheres e equipamentos de enfrentamento à violência.
Para o superintendente de Segurança Pública, Tiago Macedo dos Santos, receber a delegação do Amapá é gratificante.
“Ao mesmo tempo em que a equipe busca conhecer as boas práticas, Mato Grosso do Sul pode compartilhar e trocar experiências e fortalecer os laços entre ambos estados, permitindo também uma integração na segurança pública regional. A visita técnica revelou que estamos dotados de equipamentos públicos eficientes que ressaltam a capacidade e o compromisso que MS tem para com a defesa e proteção à mulher sul-mato-grossense”, frisou o superintendente.
Secretária Viviane apresentando a estrutura da Cidadania de MS, com os recortes sociais, e as políticas de referência no enfrentamento à violência contra a mulher. (Foto: Paula Maciulevicius)
Não se Cale
Referência para o País, o site Não se Cale foi criado pelo Governo do Estado de MS em abril de 2020, quando a pandemia da covid-19 trazia as primeiras implicações: distanciamento social, isolamento de casos suspeitos, suspensão de aulas e teletrabalho.
Com a presença do agressor, da mulher e dos filhos por mais tempo dentro de casa, o contexto de violência poderia se agravar. E foi pensando na proteção destas mulheres que o Governo criou a plataforma digital com um nome que já resume tudo: “não se cale”.
“Naquele momento de lockdown, o Governo do Estado entendeu a necessidade de estar dentro das casas das mulheres, já que as escolas estavam fechando, os comércios, os trabalhos. Então, se viu a necessidade de estar na proteção e na garantia de direitos dessas mulheres vítimas de violência, porque elas estavam ali junto com o seu possível agressor ou agressor”, resume Viviane.
A ideia foi proporcionar um instrumento virtual para alcançar todas as mulheres em suas casas com informações, orientações e encaminhamentos. Para que de modo silencioso, de dentro de casa, pelo celular ou computador, nenhuma mulher se sentisse desamparada.
Em constante atualização para oferecer assistência humanizada e qualificada a todas as mulheres, hoje o Não se Cale está passando por uma reformulação de layout e identidade, para seguir a reestruturação proposta pelo atual governo, de modernizar, agilizar, e tornar mais simples todo o processo.
Ceamca
Equipe do Amapá durante visita às salas de atendimento do Ceamca. (Foto: Paula Maciulevicius)
Criado em 1999, o Ceamca passou por reestruturações até chegar ao que oferece hoje: atendimento psicossocial às mulheres que sofreram violência, incluindo psicoterapia, em local adequado para acolhimento, equipe capacitada e sensibilizada sobre a questão da violência de gênero, e agora ampliando para crianças e adolescentes – filhos destas vítimas.
Importante equipamento do Governo do Estado na prevenção à violência e na proteção às mulheres cujos direitos foram violados. Para serem atendidas, as mulheres não precisam ter registrado boletim de ocorrência. Também não há um recorte de renda, sendo aberto para todas.
Coordenadora do Ceamca, Cristiane Duarte ressaltou a história que vem sendo construída pelo Centro na vida das mulheres de Mato Grosso do Sul.
“Trabalhamos em 20 mulheres aqui neste lugar, pensando diariamente como a gente pode proporcionar mais dignidade, mais acolhimento a essas mulheres que chegam aqui com tantas dores, na alma, no corpo, com marcas em todos os lugares da vida delas, e aqui estamos para acolher, dizer que elas não estão sozinhas, que com nossa equipe técnica multidisciplinar aqui, vamos conseguir juntas dizer que mesmo após uma situação tão traumática, uma situação de violência, há possibilidade de vida”, descreve.
Conselho Estadual dos Direitos da Mulher
Instituído em janeiro de 1979, apenas 1 ano e três meses depois da criação de MS, o Conselho é vinculado à Secretaria de Estado da Cidadania, e funciona como um órgão colegiado de deliberação coletiva, composto pelo Governo e a sociedade civil organizada, que tem a finalidade de propor e fiscalizar as políticas para as mulheres em âmbito estadual.
Cabe ao Conselho colaborar e contribuir para a efetivação de ações do Governo do Estado, fazendo a interlocução com os movimentos sociais.
Subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Manuela Nicodemos Bailosa pontuou as ações que a pasta vem desenvolvendo, sobretudo nos territórios.
Subsecretária Manuela Nicodemos ao lado da tenente Valdenice, comandante da Patrulha Maria da Penha do Amapá. (Foto: Paula Maciulevicius)
“Estamos indo até os grupos de mulheres mais distantes, aquelas que têm mais dificuldade de acessar as políticas públicas, como indígenas, ribeirinhas. A gente vai para o território, faz a escuta, e atualiza a nossa política. Esta é uma estratégia para ter capilaridade, para impactar e garantir a cidadania de todas as mulheres sul-mato-grossenses”.
Manuela também descreveu os principais eixos trabalhados como a prevenção e o enfrentamento à violência, e que as ações envolvem a intersetorialidade por meio de parcerias com outras áreas, principalmente da segurança pública, e o fortalecimento da rede de atendimento nos municípios.
Experiências
Para a coordenadora da patrulha da Maria da Penha no Estado do Amapá, tenente Valdenice Nogueira dos Santos, o que vai na mala de volta para o Norte do País são as experiências exitosas de Mato Grosso do Sul.
“Queremos trabalhar em cima dos acertos do Estado de MS, dos trabalhos já executados e com bons resultados aqui para que a gente possa consiga, realmente, proteger e fortalecer essa mulher através do empoderamento do conhecimento, da capacitação. Para que ela quebre o ciclo da violência, e o Amapá consiga reduzir os índices de violência que ocorrem em nosso Estado”.
O Programa Passe Livre Intermunicipal de Mato Grosso do Sul passa por um processo de transformação que promete facilitar a vida de milhares de beneficiários em todo o Estado. A partir deste mês, o cartão físico deixará de ser emitido e a identificação passará a ser disponibilizada exclusivamente em formato digital, acessível pelo aplicativo MS Digital ou pelo site oficial do programa (https://www.passelivredigital.ms.gov.br/).
Atualmente, conforme informações da Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos), 77.645 pessoas são contempladas pelo benefício, entre elas 69.336 idosos, 5.973 pessoas com deficiência e 2.336 acompanhantes.
Tendo como foco a inclusão social de idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade econômica, o Passe Livre Intermunicipal garante gratuidade ou desconto no transporte rodoviário intermunicipal de passageiros.
Com a digitalização da carteirinha, os beneficiários ganham mais autonomia e praticidade, já que o documento poderá ser acessado diretamente pelo celular, sem a necessidade de portar o cartão físico, que muitas vezes era perdido ou danificado.
O processo de modernização teve início em 2024, quando o governo estadual promoveu uma série de reuniões técnicas, cursos de capacitação e encontros regionais para orientar os municípios sobre a nova modalidade. Testes foram realizados ao longo desse período, preparando o sistema para a substituição definitiva do modelo físico.
A iniciativa, além de facilitar o acesso, também representa um avanço em termos de sustentabilidade, ao reduzir a emissão de plástico e o uso de papel.
O benefício é destinado a idosos a partir de 60 anos, pessoas com deficiência comprovada por laudo médico do SUS e com renda per capita de até dois salários mínimos, residentes em Mato Grosso do Sul. Em alguns casos, o direito se estende a acompanhantes, desde que a necessidade seja atestada por equipe multiprofissional.
A solicitação deve ser feita nos CRAS (Centros de Referência de Assistência Social), mediante entrega de documentação pessoal e comprobatória.
A carteirinha digital do Passe Livre Intermunicipal garante mais segurança, rapidez no processo de renovação e elimina burocracias associadas ao cartão físico. Para acessar o benefício, basta que o usuário informe CPF e data de nascimento no aplicativo MS Digital. Dessa forma, Mato Grosso do Sul dá um passo importante rumo à modernização dos serviços públicos, ao mesmo tempo em que promove inclusão, acessibilidade e respeito ao cidadão.
Mais informações sobre o benefício podem ser obtidas pelos telefones (67) 3318–4145 ou 3318-4113. O e-mail: passelivre@sead.ms.gov.br também está disponível.
O Governo de Mato Grosso do Sul entregou quarta-feira (27), durante o evento “Por Elas, Proteção de Todos os Lados”, um pacote de medidas para fortalecer a rede de enfrentamento à violência contra mulheres, crianças e adolescentes. Entre as principais iniciativas está a municipalização do Centro Especializado de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Adolescente em Situação de Violência (CEAMCA), que passará a operar de forma descentralizada em 12 cidades do Estado.
Alcinópolis, Bataguassu, Brasilândia, Cassilândia, Costa Rica, Japorã, Mundo Novo, Pedro Gomes, Porto Murtinho, Selvíria, Sonora e Rio Brilhante são os municípios contemplados. O investimento é de R$ 2,3 milhões.
“O repasse aos municípios é um apoio do Governo do Estado, mas a iniciativa é de cada prefeito e prefeita. Nosso papel é oferecer o mínimo necessário para estruturar e ampliar essa rede de proteção, garantindo espaços adequados para atendimento. Assim, vamos fortalecendo a rede, que não se resume à estrutura física, mas também ao acolhimento e à proteção efetiva”, destacou o governador Eduardo Riedel.
Durante o evento também foi apresentada a plataforma VITÓRIA, uma ferramenta de inteligência artificial criada para oferecer informações rápidas, seguras e personalizadas a mulheres em situação de violência.
O sistema orienta sobre os tipos de agressão, os direitos garantidos em lei e os serviços disponíveis em cada região do Estado, permitindo que a usuária identifique a situação que enfrenta e saiba como buscar apoio. Para conversar com a Vitória, basta adicionar o telefone (67) 3348-6657.
“Nosso objetivo é que nenhuma mulher se sinta sozinha. A VITÓRIA representa mais um passo para garantir que todas tenham acesso à ajuda com dignidade, respeito e segurança”, afirmou a secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza.
Outra medida anunciada foi a assinatura do Plano de Metas Municipal, alinhado à nova legislação federal, que orienta as prefeituras a estabelecer metas específicas e orçamentos próprios para fortalecer as redes de proteção. A Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul) afirmou seu compromisso com o programa Protege, iniciativa que fortalece as ações de prevenção e enfrentamento à violência contra meninas e mulheres em todo o território estadual.
“É um orgulho saber que já ultrapassamos 80% de adesão: são 58 municípios comprometidos com o Plano de Metas de enfrentamento à violência contra a mulher. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa classe de prefeitos que, mesmo em tempos de crise e dificuldade, mantém o cuidado com os investimentos. Todos aqui entenderam a importância desse compromisso e se dispuseram a investir nessa causa tão essencial”, disse o Prefeito de Aparecida do Taboado e Tesoureiro-Geral da Assomasul, José Natan.
Durante a cerimônia, três empresas receberam o Selo Social “Empresa Amiga da Mulher”, uma iniciativa que reconhece e valoriza organizações comprometidas com a promoção da igualdade de gênero e a inclusão profissional de mulheres, especialmente daquelas que enfrentaram situações de violência doméstica.
Líderes comunitários que participaram de capacitação promovida pelo Programa Protege receberam certificados e reforçaram a importância da formação para orientar corretamente as vítimas em seus bairros.
“Como líderes comunitários, recebemos muitas denúncias e, muitas vezes, não sabíamos como orientar as mulheres. A capacitação foi de grande valia, porque agora temos a informação correta e conhecemos a rede de proteção disponível. Nosso próximo passo é compartilhar esse conhecimento com outros líderes, promover rodas de conversa e levar acolhimento a quem precisa. Essa iniciativa abriu nossos olhos: precisamos ter um olhar diferenciado para essas mulheres”, destacou José Carlos Pereira, presidente da associação de moradores do Jardim Los Angeles.
A Secretaria de Estado da Cidadania firmou ainda parceria com a Faculdade Insted para a realização de um curso de qualificação do atendimento às mulheres em situação de violência. Com investimento de R$ 173 mil, a iniciativa vai capacitar 100 profissionais que atuam na rede especializada nos municípios.
Também foi assinado um Acordo de Cooperação Técnica com a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, voltado à realização de oficinas de formação e capacitação, com o objetivo de aprimorar continuamente o atendimento às mulheres.
As boas práticas desenvolvidas pelos Grêmios Estudantis da Rede Estadual de Ensino, presentes em 337 escolas distribuídas nos 79 municípios, também foram destacadas durante o encontro. O programa oferece 40 horas formativas para fortalecer competências e estimular os jovens a desenvolverem ações concretas de promoção da equidade de gênero, da cultura de paz e do respeito nas relações.
O governo anunciou ainda a criação do Fórum das Gestoras Estaduais de Políticas Públicas para Mulheres, instância estratégica que busca consolidar uma governança colaborativa entre municípios, promover o intercâmbio de experiências e construir diretrizes conjuntas para a efetividade das políticas públicas de gênero.
Outro avanço apresentado foi o Observatório da Cidadania, que por meio do Painel de Evidências da Violência e da Rede de Atenção às Mulheres, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, reúne dados fundamentais sobre violência doméstica, estupros e feminicídios em cada município.
As informações, disponíveis em formato interativo, permitem comparações precisas entre localidades e contribuem para o planejamento de ações mais eficazes.
Todas essas medidas integram o Plano de Metas do Programa Estadual de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra as Mulheres (Protege), instituído pelo decreto de 10 de junho de 2025, reafirmando o compromisso do Estado com a construção de políticas públicas baseadas em evidências, capazes de oferecer acolhimento, proteção e novas perspectivas de futuro às mulheres sul-mato-grossenses.
Evelyn Souza, Comunicação Governo de MS Fotos: Álvaro Rezende/Secom
Dentro da política de inclusão social, pessoas em Mato Grosso do Sul com deficiência física, visual, mental severa ou profunda, síndrome de down ou autismo têm desconto de 60% no IPVA. E, a partir de agora, a Ciptea (Carteira Digital de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) substitui laudo médico para conseguir o benefício, no caso de menores de 18 anos.
Isso só é possível graças ao decreto nº 16.562/2025, publicado em fevereiro deste ano pelo Governo de Mato Grosso do Sul. Desde o lançamento da Ciptea, em abril do ano passado, a Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos) emitiu 2.034 documentos.
Além de garantir acesso a serviços e benefícios, a carteirinha oferece mais visibilidade às necessidades das pessoas com o transtorno. Para as famílias e pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista), o novo decreto facilita a vida e garante o direito de ir e vir.
Conforme o decreto, assinado pelo governador Eduardo Riedel, o desconto vale para um único veículo registrado no nome da pessoa com deficiência ou de seu representante legal, mesmo que o beneficiário não seja habilitado. Outra mudança implementada pela publicação é a dispensa da renovação anual para casos de deficiência permanente.
O pedido do desconto no IPVA pode ser feito sem sair de casa, segundo a Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda). Basta acessar o portal e-Fazenda (https://eservicos.sefaz.ms.gov.br/), clicar no módulo e-SAP, e fazer constar a documentação necessária, como laudo médico ou Ciptea e CRLV do veículo. Não há cobrança de taxa estadual.
Paulo Fernandes, Comunicação Sead *com informações da Sefaz