Farra de fim de ano dos vereadores de Dourados eleva despesa da Câmara em R$ 16,2 milhões
Enquanto a população sofre, os vereadores de Dourados elevam os próprios salários, criam verba indenizatória e ainda ampliam o número de integrantes no legislativo
Os vereadores de Dourados aprovaram três projetos polêmicos, ignorando o clamor popular por mais austeridade nos gastos com o dinheiro público e vão elevar os gastos da Câmara Municipal em R$ 16,2 milhões no próximo mandato. Eles aprovaram aumento de 37% nos próprios salários, ampliaram o número de integrantes do legislativo de 19 para 21 e ainda criaram a verba indenizatória de R$ 8,9 mil por mês após o pagamento ser anulado pela Justiça.
A farra com o dinheiro público vai custar caro ao contribuinte de Dourados. Para o advogado Daniel Ribas da Cunha, os vereadores dão às costas para a sociedade, optam por privilégios e passam a viver uma realidade paralela, alheio ao sofrimento da maior parte da população da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Comanda pelo vereador Laudir Munaretto (MDB), a Mesa Diretora não teve unanimidade para aprovar propostas polêmicas. O reajuste de 37,32% nos salários dos vereadores a partir de 2025, de R$ 12.661,13 para R$ 17.387,32, teve a maior oposição na Casa e foi rejeitada por sete parlamentares. No entanto, projeto acabou aprovado com o apoio de 12 vereadores.
Para o advogado Daniel Ribas da Cunha, autor de ações para questionar aumento de salários dos políticos de Dourados e até a suspensão do pagamento da verba indenizatória, o salário atual dos parlamentares está muito acima da realidade da população de Dourados, que recebe, em média, dois salários mínimos (R$ 2,8 mil). “É mais uma lei que só beneficia os vereadores e não contempla a população”, destacou.
Sete vereadores votaram contra o aumento acima da inflação nos próprios salários: Dr. Diogo Castilho (PSDB), Fabio Luís (Republicanos), Jânio Miguel (PTB), Juscelino Cabral (PSDB), Márcio Pudim (PSDB), Rogério Yuri (PSDB) e Tio Bubi (PSD).
Após a Justiça anular e determinar a devolução, os vereadores de Dourados aprovaram o projeto que institui a verba indenizatória mensal de R$ 8,9 mil para cada parlamentar. A medida terá impacto de R$ 2,029 milhões neste ano. A partir de 2025, o gasto anual com a nova despesa será de R$ 2,2 milhões.
A proposta foi aprovada por 13 votos a seis. Votaram contra: Dr. Diogo Castilho (PSDB), Fabio Luís (Republicanos), Jânio Miguel (PTB), Juscelino Cabral (PSDB), Márcio Pudim (PSDB) e Tio Bubi (PSD). Os demais votaram a favor do projeto, que vai onerar os cofres municipais em R$ 8,9 milhões em quatro anos (tempo de mandato).
Para Daniel Ribas, a verba indenizatória uma afronta porque nenhum trabalhador comum recebe gratificação para gastar com combustível, telefone, locação de imóveis, entre outros gastos. “(A Câmara) institui a verba indenizatória em valores elevadíssimos”, lamentou o advogado.
Na sua avaliação, a verba indenizatória deixa a situação dos vereadores de Dourados ainda mais distanciada da realidade e vai onerar muito os cofres públicos “por algo que não vai ter benefício coletivo, para a cidade, nem para o cidadão, só vai contemplar os vereadores”, criticou. Ele disse que a verba ainda vai ajudar os atuais vereadores a se manterem nos cargos e obterem a reeleição com maior facilidade.
O projeto que amplia o número de vereadores de 19 para 21 teve menos resistência. Apenas quatro votaram contra a proposta: Dr. Diogo Castilho (PSDB), Fabio Luis (Republicanos), Juscelino Cabral (PSDB) e Márcio Pudim (PSDB).
Para Ribas, o eleitor já considera muito a cidade ter 19 vereadores. “O cidadão não se vê representado pelos 19, muito menos por 21”, avaliou. Ele disse que a população é contra ampliar o número de parlamentares. “A percepção é que o vereador é distanciado dos eleitores e serve como avalista do prefeito, aprova
“Os gastos foram muito elevados. Ampliar de 19 para 21, a percepção dos vereadores é distanciada dos eleitores, o cidadão não aceita nem o número de 19, não se vê representado pelos 19, muito mais 21”, afirmou.
A maior parte da população vê o vereador como avalista do prefeito, que aprova tudo que o Poder Executivo deseja, mesmo que isso prejudique o povo, como aumento de impostos e criação de novas taxas. “A população não se sente mais representada nem mais segura, muito menos que trará mais benefício para a cidade e para o eleitor a ampliação no número de vereadores”, conclui o advogado.
No total, os gastos da Câmara de Dourados para a legislatura de 2025-2028 vão ter aumento de R$ 16,2 milhões. Enquanto isso, conforme o advogado, a população sofre com a falta de atendimento de qualidade na saúde, longas espera nas filas de UPA e para realizar consultas com especialistas.
Na educação, mães não conseguem vagas para os filhos nos centros de educação infantil, pontua Ribas. Ele lembrou que houve caso, no ano passado, que uma mãe só conseguiu vaga na escola para o filho 30 dias após o início das aulas. O advogado cita ainda o transporte coletivo, que além de precário, não atende todos os bairros. “Enquanto isso, os políticos vão muito bem, obrigado”, ironiza.
A requisição de pequeno valor (RPV), que é o pagamento que o ente público é condenado a pagar por meio de processo judicial, poderá ter como teto 40 salários mínimos em Mato Grosso do Sul. É o que estabelece o Projeto de Lei 276/2024, protocolado na Assembleia Legislativa (ALEMS) nesta terça-feira (26) pela deputada Gleice Jane (PT).
A proposta altera a Lei 2.586/2002, que define a obrigação de pequeno valor. O RPV vigente, conforme disposto nessa lei, tem o limite de 515 Unidades Fiscais de Referência de Mato Grosso do Sul (Uferms). Na redação proposta, o valor passa a ser igual ou inferior a 40 salários mínimos. A alteração, segundo justifica Gleice Jane, atende ao parágrafo terceiro do artigo 100 da Constituição Federal.
O projeto “visa garantir maior efetividade na prestação jurisdicional, ao assegurar que os créditos de menor valor, reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado, sejam pagos de forma célere e eficaz”, afirma a parlamentar. A mudança também “é necessária para atualizar os valores à realidade econômica atual, corrigindo defasagens que prejudicam os credores de menor porte e, consequentemente, a própria eficácia da Justiça”, acrescenta.
A previsão é que a proposta seja apresentada na sessão ordinária desta quarta-feira (27). Depois, fica em período de pauta para recebimento de emendas e segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR). Se o parecer quanto à constitucionalidade for favorável, continua tramitando com votações nas comissões de mérito e no Plenário.
Nos últimos anos, a falta de água potável tem se tornado um problema cada vez mais grave nas aldeias indígenas de diversas regiões do Estado. O acesso à água, recurso essencial para a saúde, é uma luta para muitas dessas comunidades e tem sido constantemente debatida pelos parlamentares da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS). Na sessão desta terça-feira (26), os parlamentares voltaram a cobrar uma solução do governo.
Pedro Kemp (PT) foi o primeiro a tratar sobre o tema, solicitando uma força-tarefa das autoridades federais e estaduais para sanar a crise hídrica nas aldeias Bororó e Jaguapiru, localizadas no município de Dourados. “Moradores têm relatado a falta de água para beber, cozinhar, lavar roupas e tomar banhos, condições que afetam o dia a dia dessas pessoas, fazendo, inclusive, com que as crianças percam aula por falta de roupa limpa.
Conforme Kemp, os reservatórios das aldeias estão vazios, as crianças estão coletando água em córregos, o que agrava ainda mais a situação diante da contaminação por agrotóxico. “Diante de toda a situação de calamidade, os índios estão bloqueando rodovias em forma de protesto. Em 2023, o Governo do Estado, através da Sanesul, elaborou um projeto para solucionar a crise hídrica nas aldeias de Dourados. Orçado em R$ 35 milhões, foi inserido no PAC [Programa de Aceleração e Crescimento], entretanto, até o presente momento ainda não há notícias de que tenha sido colocado em prática”, informou.
Lia Nogueira (PSDB) também cobrou uma ação rápida do governo. “Isso já se arrasta há mais de 20 anos. Existe projeto para que água seja levada às aldeias e outros municípios, como Paranhos e Amambai, mas não sai do papel. Não dá mais para esperar, chegou ao limite. O governo precisa intensificar os esforços para garantir o acesso à água nas comunidades indígenas”, disse a deputada.
As sessões plenárias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal foram encerradas na noite desta quarta-feira (13) após o registro de explosões perto do prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Segundo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a Polícia Legislativa das duas casas está ajudando na apuração das circunstâncias do fato.
Ele também afirmou que a segurança nas duas casas está sendo reforçada. “É o momento de se aferir as circunstâncias e todos terem as cautela e as precauções devidas. É natural que, diante do acontecimento que foi noticiado, é óbvio que toda força de segurança tem que estar em alerta nesse instante”.
Pacheco lamentou o ocorrido e a morte de uma pessoa. “Lamento se tem uma pessoa morta, manifestamos toda a nossa solidariedade e lamentamos sem conhecer as circunstâncias”.
Ele também lembrou os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, quando centenas de pessoas invadiram e depredaram o prédios públicos de brasília. “Foi muito triste e relevante e mudou todos os padrões de segurança dos Três Poderes”.
O 2º vice-presidente da Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), suspendeu a sessão depois de receber as informações das explosões e da morte. “Estamos com seguranças em todos os acessos para garantir a nossa saída daqui a nossos lares”, afirmou.
Explosão
Policiais militares fazem uma varredura na Praça dos Três Poderes após duas explosões terem ocorrido na noite de hoje perto do prédio do STF. O Corpo de Bombeiros confirmou a morte de uma pessoa.
A perícia também está no local.
O acesso de pedestres e carros à Esplanada dos Ministérios foi fechado em decorrência das explosões, que ocorreram por volta das 19h30.
Em nota, o STF disse que foram “ouvidos dois fortes estrondos ao final da sessão e os ministros foram retirados do prédio com segurança”. “Os servidores e colaboradores também foram retirados por medida de cautela”, acrescenta. O público que participava da sessão que analisava ação sobre letalidade policial em favelas foi retirado às pressas. As explosões foram ouvidas após o encerramento da sessão.