“Aroma, Sabores e Saberes” é o nome do projeto desenvolvido no Estabelecimento Penal de Aquidauana que envolve desde o plantio de hortaliças, ervas aromáticas e medicinais com mão de obra prisional e doação de parte do cultivo à comunidade local, à disponibilização de um espaço de reflexão e leitura aberto à sociedade.
Idealizada pelos policiais penais Andréia Diniz, Eliane Luz e Elvis Moreira, no começo, a iniciativa visava capacitar os internos no plantio e cultivo, em uma horta instalada ao lado do presídio, bem como utilizar o que é colhido como reforço na saúde e alimentação de custodiados, além de instituições sociais e filantrópicas da cidade.
Com o sucesso dos trabalhos, foi criada uma Banca Solidária em que a população busca verduras na horta da unidade prisional e, com essa participação e presença da sociedade, o projeto foi mais longe e hoje conta com um espaço todo decorado com pneus coloridos, um lago ornamental e uma geladeira cheia de livros e quem visita pode pegar um exemplar emprestado e também deixar mensagens para quem for até o local.
Para o diretor da unidade prisional, Claudio Reis Alviço, é um gesto que une o sistema prisional à natureza, à fé, à arte e à solidariedade. “Quem passa pela rua, consegue ver uma horta bem cuidada, organizada e colorida. São várias vertentes que esse projeto abrange e externa parte do nosso trabalho feito intramuros com os internos. É realmente inspirador”, afirma, agradecendo o trabalho integrado de toda a equipe de servidores da unidade penal.
A doação aos moradores tem sido uma forma de aproximar a comunidade das ações realizadas no presídio. “Mudamos os canteiros e colocamos pneus de descarte com pinturas artesanais feitas pelos reeducandos. O local se tornou um ‘oásis’ para incentivar a leitura e oferecer hortaliças e ervas medicinais aos moradores”, complementa a policial penal Eliane Luz.
Na Geladeira Literária são expostos diferentes livros, para troca ou doação de forma gratuita e com acesso livre a todos que têm interesse. Já na Rota da Cura Sustentável, cujo acesso é restrito, é possibilitado o contato com a natureza, ao mesmo tempo em que se pode ler mensagens bíblicas de fé, que vão conduzindo quem trafega por dentro dessa trilha e termina no lago, que recebeu o nome “Água da Vida”.
Para trazer ainda mais vida para o local, os servidores tiveram a ideia de expôr todo o trabalho que é realizado dentro do presídio, com pneus coloridos em diferentes formatos, como trator, poço, patos e outros artesanatos, tudo confeccionado pelos detentos.
Um dos participantes do projeto, o reeducando Willian dos Santos, relembrou que o espaço que estava sem uso e agora foi revitalizado, oportunizando mais esperança para quem cumpre pena, através da ocupação produtiva, e tornando o lugar mais bonito e funcional para toda população. “Trouxe uma nova vida e um novo olhar da sociedade para nós”, agradeceu.
Muito além de um espaço bonito e funcional, se transformou em uma área de refúgio e que impactou a sociedade aquidauanense. É o que garante o comerciante José, que trabalha perto da unidade penal. “É um projeto maravilhoso, que tem feito a diferença aqui e só vem a colaborar com a comunidade. Estão sempre procurando incrementar mais, isso é muito importante, tornando o ambiente variado e bem cuidado”, parabenizou.
O sucesso da iniciativa está sendo tanto que rendeu aos servidores idealizadores a indicação de uma Moção de Congratulação pela Câmara de Vereadores de Anastácio, com indicação do vereador Robson Pertille, em reconhecimento à importância e impacto social dentro e fora do presídio.
Agentes de Transformação
Com foco em demonstrar à sociedade o trabalho realizado pelo sistema prisional, também são ministradas palestras nas escolas e universidades. “Somos agentes de transformação, mesmo porque essas pessoas precisam retornar um dia ao convívio social e estamos preparando a sociedade e os internos para que isso ocorra da melhor forma possível, claro sem nunca esquecer da segurança da população”, pontua o diretor do presídio.
Conforme Alviço, tem sido muito positivo o feedback dos moradores e das instituições. “Esse reconhecimento mostra os bons frutos desse trabalho e demonstra que estamos no caminho certo”, destaca.
A Banca Solidária é realizada a cada dois meses com a distribuição das hortaliças e ervas à população da região, em um espaço instalado na frente da horta, que fica anexa à unidade penal. Quem tiver interesse em conhecer o espaço, basta ir até o local, que será recebido pelos policiais penais que ali atuam.
Além disso, são realizadas doações regularmente a projetos sociais desenvolvidos por órgãos públicos do município e das forças de segurança, como o Bombeiro do Amanhã, Pelotão Esperança (Exército Brasileiro) e Casa de Acolhimento.
Ao todo, cinco reeducandos atuam na horta diariamente. Eles foram capacitados pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). Além da ocupação produtiva e qualificação profissional, recebem remição de um dia na pena a cada três de serviços prestados.
A iniciativa é uma das frentes de ressocialização da Agepen/MS (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul).
Como forma de homenagear policiais penais, autoridades e demais pessoas que se destacaram no exercício de suas funções, prestando relevantes serviços em prol da melhoria do sistema prisional de Mato Grosso do Sul, a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) realizou, nesta terça-feira (12.11), a Solenidade de Outorga da Medalha Patrono Penitenciário “Senador Ramez Tebet”, no auditório CREA, na capital.
O evento destacou as contribuições de servidores e colaboradores no enfrentamento das dificuldades do sistema prisional e na implementação de estratégias que visam a ressocialização e segurança. Ao todo, 67 pessoas foram medalhadas.
Durante seu discurso, o diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini, ressaltou a importância do trabalho conjunto para alcançar uma gestão mais eficiente e planejada. Ele lembrou que a Agepen está prestes a completar 47 anos de atuação, enquanto a Polícia Penal celebra dois anos e meio de existência. Reforçou que as conquistas do sistema penitenciário são fruto de um trabalho constante e da dedicação de cada servidor.
Apresentando alguns números referente ao trabalho da instituição, o dirigente frisou o aumento das atividades de escoltas, que já somam mais de 21 mil nos últimos 18 meses, além de transferências intermunicipais e custódias hospitalares. E enfatizou o crescente número de capacitações promovidas pela Escola Penitenciária, com 17 CAVE (Curso de Armamento e Tiro, Vigilância e Escolta), realizados somente este ano, com mais de 700 servidores formados, além de outras capacitações.
Maiorchini também falou sobre as novas obras, como a construção de mais quatro presídios no estado, que, com recursos federais, deverão aumentar a capacidade do sistema prisional em 1.600 vagas. Além disso, destacou as obras de ampliação de vagas na Penitenciária de Dois Irmãos do Buriti, que têm como objetivo aliviar a superlotação.
O diretor-presidente aproveitou a ocasião para pedir apoio ao Governo do Estado para a aprovação da Lei de Regulamentação da Polícia Penal, que busca garantir a organização e os direitos da categoria. Também pediu a realização de um concurso público para o aumento do efetivo, destacando a necessidade de reforço nas equipes. A compra de armamento e a modernização do fardamento para os policiais também foram mencionadas como prioridades. O dirigente ainda pediu celeridade no processo de promoção dos servidores, que atualmente aguarda parecer da PGE (Procuradoria-Geral do Estado).
Representando o Governo do Estado, o secretário-adjunto da Sejusp, Ari Carlos Barbosa destacou o contexto desafiador do sistema prisional de Mato Grosso do Sul, que possui uma taxa de 700 presos por 100 mil habitantes, quase o dobro da média nacional, que é de 360 presos por 100 mil habitantes. “A quantidade de detentos no estado se aproxima da realidade dos Estados Unidos, país que mais prende, onde a taxa é de 650 presos por 100 mil habitantes”, pontuou. Apesar desse cenário, o secretário enfatizou que o estado tem alcançado avanços significativos, garantindo a pacificação do sistema, sem permitir que situações de crise se agravem.
Para a policial penal Adriana Pencela Moraes Silva, uma das homenageadas, a medalha é um símbolo de reconhecimento pelo trabalho árduo desempenhado pela categoria. “Diariamente, lidamos com situações que exigem coragem, equilíbrio e compromisso com a justiça. Esta medalha nos lembra que, apesar das adversidades, nosso propósito é maior. Ela reforça o valor da nossa profissão e nos impulsiona a buscar ser merecedores do respeito e confiança que conquistamos”, afirmou a servidora.
Durante a solenidade, também foi lançada a 2ª Edição da Revista Polícia Penal em Ação, publicação que reúne as ações, desafios e avanços do sistema penitenciário. Outra homenagem especial foi feita aos policiais penais Acir Rodrigues e Valdimir Ayala Castro, que, com mais de 46 anos de serviço, foram reconhecidos pela dedicação e contribuição ao sistema penitenciário.
A cerimônia contou com a presença de familiares dos agraciados, além de autoridades civis, militares e eclesiásticas, que reforçaram a importância da colaboração e do esforço conjunto para enfrentar os desafios do sistema prisional.
Clique aqui e confira os agraciados a partir da página 244.
As provas do Encceja PPL (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos para pessoas privadas de liberdade) acontecem nestas terça e quarta-feira, 29 e 30 de outubro, para custodiados do sistema prisional em todo o país. O exame visa aferir habilidades e saberes em nível de conclusão do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio para fins de correção do fluxo escolar.
Em Mato Grosso do Sul, 3.255 custodiados pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) realizarão o exame, em 36 presídios e cinco patronatos penitenciários. Além deles, participam do Encceja no estado internos da Penitenciária Federal e adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, cujo quantitativo não está incluso nos números informados pela agência penitenciária.
Conforme os dados apresentados pela Divisão de Assistência Educacional da Agepen, o total representa um aumento de 11,8% de inscritos, com relação ao ano passado, quando 2.910 pessoas em privação de liberdade participaram e de cerca de 61,3% no comparativo de cinco anos atrás, com 2.017 inscritos ao todo em 2019.
As provas acontecem em unidades da Agepen em Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Aquidauana, Amambai, Bataguassu, Cassilândia, Dois Irmãos do Buriti, Ponta Porã, Rio Brilhante, São Gabriel do Oeste, Jardim, Coxim, Caarapó, Ivinhema, Nova Andradina, Paranaíba e Naviraí.
O Encceja PPL visa aferir habilidades e saberes em nível de conclusão do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio para fins de correção do fluxo escolar, além de possibilitar remição de pena aos custodiados.
A participação nos exames de certificação conta com o engajamento das equipes de servidores das unidades penais, que promovem a divulgação e conscientização dos internos, e contam com o apoio da Diretoria de Assistência Penitenciária e da direção-geral da Agepen, visando o papel fundamental que a educação exerce no desenvolvimento intelectual e na formação moral da pessoa, servindo de instrumento basilar para a ressocialização.
Para o diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini, é de extrema importância incentivar a formação educacional dos reeducandos. “A educação tem sido uma ferramenta eficaz no processo de ressocialização das pessoas privadas de liberdade, além de possibilitar a construção de novos valores e mudanças de comportamentos”, ressalta.
De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do Ministério da Educação, a prova voltada às pessoas em situação de prisão segue o mesmo formato da regular, o que muda é o conteúdo das questões.
Mais de 3,2 mil custodiados em presídios de MS realizam provas do Encceja nesta semana
O Encceja PPL visa aferir habilidades e saberes em nível de conclusão do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio para fins de correção do fluxo escolar, além de possibilitar remição de pena aos custodiados.
As provas do Encceja PPL (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos para pessoas privadas de liberdade) acontecem nos dias 15 e 16 deste mês, para custodiados do sistema prisional em todo o país. O exame visa aferir habilidades e saberes em nível de conclusão do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio para fins de correção do fluxo escolar.
Em Mato Grosso do Sul, 3.255 custodiados pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) realizarão o exame, em 36 presídios e cinco patronatos penitenciários. Além deles, participam do Encceja no estado internos da Penitenciária Federal e adolescentes que cumprem medidas socioeducativas, cujo quantitativo não está incluso nos números informados pela agência penitenciária.
Conforme os dados apresentados pela Divisão de Assistência Educacional da Agepen, o total representa um aumento de 11,8% de inscritos, com relação ao ano passado, quando 2.910 pessoas em privação de liberdade participaram e de cerca de 61,3% no comparativo de cinco anos atrás, com 2.017 inscritos ao todo em 2019.
As provas acontecem em unidades da Agepen em Campo Grande, Dourados, Três Lagoas, Corumbá, Aquidauana, Amambai, Bataguassu, Cassilândia, Dois Irmãos do Buriti, Ponta Porã, Rio Brilhante, São Gabriel do Oeste, Jardim, Coxim, Caarapó, Ivinhema, Nova Andradina, Paranaíba e Naviraí.
O Encceja PPL visa aferir habilidades e saberes em nível de conclusão do Ensino Fundamental ou do Ensino Médio para fins de correção do fluxo escolar, além de possibilitar remição de pena aos custodiados.
A participação nos exames de certificação conta com o engajamento das equipes de servidores das unidades penais, que promovem a divulgação e conscientização dos internos, e contam com o apoio da Diretoria de Assistência Penitenciária e da direção-geral da Agepen, visando o papel fundamental que a educação exerce no desenvolvimento intelectual e na formação moral da pessoa, servindo de instrumento basilar para a ressocialização.
Para o diretor-presidente da Agepen, Rodrigo Rossi Maiorchini, é de extrema importância incentivar a formação educacional dos reeducandos. “A educação tem sido uma ferramenta eficaz no processo de ressocialização das pessoas privadas de liberdade, além de possibilitar a construção de novos valores e mudanças de comportamentos”, ressalta.
De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), do Ministério da Educação, a prova voltada às pessoas em situação de prisão segue o mesmo formato da regular, o que muda é o conteúdo das questões.