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Política

Agrofloresta em aldeia indígena traz esperança de unir família em torno da terra

Ele sabe que os jovens são recrutados pela necessidade de gerar renda.

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Todos os anos, o terena Arildo Cebalio assiste com o coração apertado a partida dos filhos para trabalhos agrícolas temporários. Ele sabe que os jovens são recrutados pela necessidade de gerar renda. Contudo, o agricultor familiar agora tem a esperança de que no futuro as coisas sejam diferentes.

A propriedade, que fica na aldeia Cachoeirinha, em Miranda, recebeu uma unidade experimental de SAF (Sistema Agroflorestal Biodiverso) no fim de março. Essa técnica consiste em plantar espécies vegetais medicinais, frutíferas e alimentícias e uma diversidade de árvores (semeadas e plantadas), garantindo a sustentabilidade do sistema.

Trata-se do mesmo princípio das roças ancestrais indígenas, que abriam clareiras nas matas e faziam agricultura itinerante. A diferença é que agora eles foram estudadas e sistematizados pela ciência.

Quando o SAF estiver a todo o vapor, Arildo espera que os filhos estejam tão envolvidos nos cuidados com as plantas, com a colheita e venda dos produtos que não vão mais precisar buscar empregos fora de casa.

“Meus filhos ainda vão porque precisam, mas eu não quero que eles continuem com esses trabalhos distantes. Haverá muito o que fazer aqui. Nós entendemos que hoje eles querem ir para contribuir e ajudar a família, mas ao mesmo tempo eles sabem o valor que é cuidar da própria terra”, diz Arildo.

O plantio foi coordenado pelo doutor em Desenvolvimento Rural e pesquisador do Cepaer (Centro de Pesquisa e Capacitação da Agraer) Tércio Fehlauer em parceria com o Coletivo Indígena Caianás.

A unidade experimental faz parte de um projeto financiado pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul) que pretende avaliar dinâmicas de fertilidade e teor de matéria orgânica de solos desse tipo de área.

Se voluntariaram para ajudar a também pesquisadora do Cepaer e mestre em Agroecossistemas Camila Pellizzoni, a zootecnista Jovelina Oliveira e a engenheira agrônoma Francimar Perez, todas da Agraer. O grupo ficou completo com o próprio Arildo, esposa, cunhado e filhos, mostrando que mesmo engatinhando, o estudo já une a família em torno da terra.

Árduo, mas gratificante

Os trabalhos começaram cedo com a chegada da equipe da Agraer levando parte das mudas que serão transplantadas para a área. A propriedade, chamada de Vila Kaianás (em referência ao coletivo), fica na Aldeia Cachoeirinha, em Miranda.

Arildo havia providenciado o preparo do solo com antecedência. O grupo mediu e marcou com linhas de barbante os locais onde seriam colocadas as plantas. Tércio explicou que nem todas seriam implantadas neste primeiro momento. “Algumas precisam de sombra para se desenvolverem, então é preciso aguardar as primeiras crescerem”.

Arildo, usando um maquinário comprado com recursos do projeto de pesquisa, abriu as covas no solo, que receberam adubos, calcário e, por fim, as mudas. Todo esse serviço durou o dia inteiro. O trabalho foi coroado com o verde colorindo a terra escura.

“Existe uma lógica no plantio de uma SAF. Cada espécie atua de uma maneira diferente dentro do sistema. Algumas, por exemplo, se desenvolvem logo de início e vão melhorando o solo para que as árvores mais lentas cresçam depois. Um dos pontos principais será a poda. Os resíduos gerados pelos cortes não são jogados fora, mas vão se incorporando ao solo para servir como matéria orgânica”, explica o pesquisador.

É por isso, segundo ele, que nas florestas a terra é preta, pois as árvores caem, apodrecem e melhoram a qualidade do solo. “A atuação do homem, em nosso caso, é para que esse processo seja acelerado”.

Arildo já era acostumado a plantar em sua propriedade, “mas não tinha o conhecimento técnico que eu estou ganhando aqui hoje”, pondera. Segundo ele, o indígena tem uma forma diferente de se relacionar com a terra, com uma espécie de gratidão por todos os benefícios que ela traz.

“Nós sempre ensinamos a nossos filhos que eles precisam aprender a valorizar a terra. Quando eu olho as mudas, eu não vejo simplesmente plantas. Eu vejo crianças. E vamos cuidar delas porque lá na frente, elas vão cuidar de nós fornecendo o alimento”, completa o terena.

(Com assessoria. Fotos: Divulgação)

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Política

Projeto redefine em 40 salários o teto das obrigações de pequeno valor

A previsão é que a proposta seja apresentada na sessão ordinária desta quarta-feira (27).

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A requisição de pequeno valor (RPV), que é o pagamento que o ente público é condenado a pagar por meio de processo judicial, poderá ter como teto 40 salários mínimos em Mato Grosso do Sul. É o que estabelece o Projeto de Lei 276/2024, protocolado na Assembleia Legislativa (ALEMS) nesta terça-feira (26) pela deputada Gleice Jane (PT).

A proposta altera a Lei 2.586/2002, que define a obrigação de pequeno valor. O RPV vigente, conforme disposto nessa lei, tem o limite de 515 Unidades Fiscais de Referência de Mato Grosso do Sul (Uferms). Na redação proposta, o valor passa a ser igual ou inferior a 40 salários mínimos. A alteração, segundo justifica Gleice Jane, atende ao parágrafo terceiro do artigo 100 da Constituição Federal.

O projeto “visa garantir maior efetividade na prestação jurisdicional, ao assegurar que os créditos de menor valor, reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado, sejam pagos de forma célere e eficaz”, afirma a parlamentar. A mudança também “é necessária para atualizar os valores à realidade econômica atual, corrigindo defasagens que prejudicam os credores de menor porte e, consequentemente, a própria eficácia da Justiça”, acrescenta.

A previsão é que a proposta seja apresentada na sessão ordinária desta quarta-feira (27). Depois, fica em período de pauta para recebimento de emendas e segue para análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR). Se o parecer quanto à constitucionalidade for favorável, continua tramitando com votações nas comissões de mérito e no Plenário.

(Com assessoria. Foto: Divulgação)

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Política

Deputados cobram ações urgentes para resolver crise hídrica nas aldeias indígenas

Pedro Kemp solicitou uma força-tarefa das autoridades para sanar a crise hídrica nas aldeias Bororó e Jaguapiru

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Nos últimos anos, a falta de água potável tem se tornado um problema cada vez mais grave nas aldeias indígenas de diversas regiões do Estado. O acesso à água, recurso essencial para a saúde, é uma luta para muitas dessas comunidades e tem sido constantemente debatida pelos parlamentares da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS). Na sessão desta terça-feira (26), os parlamentares voltaram a cobrar uma solução do governo.

Pedro Kemp (PT) foi o primeiro a tratar sobre o tema, solicitando uma força-tarefa das autoridades federais e estaduais para sanar a crise hídrica nas aldeias Bororó e Jaguapiru, localizadas no município de Dourados. “Moradores têm relatado a falta de água para beber, cozinhar, lavar roupas e tomar banhos, condições que afetam o dia a dia dessas pessoas, fazendo, inclusive, com que as crianças percam aula por falta de roupa limpa.

Para Lia, o governo precisa intensificar os esforços para garantir o acesso à água

Conforme Kemp, os reservatórios das aldeias estão vazios, as crianças estão coletando água em córregos, o que agrava ainda mais a situação diante da contaminação por agrotóxico. “Diante de toda a situação de calamidade, os índios estão bloqueando rodovias em forma de protesto. Em 2023, o Governo do Estado, através da Sanesul, elaborou um projeto para solucionar a crise hídrica nas aldeias de Dourados. Orçado em R$ 35 milhões, foi inserido no PAC [Programa de Aceleração e Crescimento], entretanto, até o presente momento ainda não há notícias de que tenha sido colocado em prática”, informou.

Lia Nogueira (PSDB) também cobrou uma ação rápida do governo. “Isso já se arrasta há mais de 20 anos. Existe projeto para que água seja levada às aldeias e outros municípios, como Paranhos e Amambai, mas não sai do papel. Não dá mais para esperar, chegou ao limite. O governo precisa intensificar os esforços para garantir o acesso à água nas comunidades indígenas”, disse a deputada.

 

(Com assessoria. Fotos: Divulgação)

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Política

Congresso encerra sessões e reforça segurança após explosões no STF

Segundo Rodrigo Pacheco, a Polícia Legislativa ajuda na apuração

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As sessões plenárias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal foram encerradas na noite desta quarta-feira (13) após o registro de explosões perto do prédio do Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Segundo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a Polícia Legislativa das duas casas está ajudando na apuração das circunstâncias do fato. 

Ele também afirmou que a segurança nas duas casas está sendo reforçada. “É o momento de se aferir as circunstâncias e todos terem as cautela e as precauções devidas. É natural que, diante do acontecimento que foi noticiado, é óbvio que toda força de segurança tem que estar em alerta nesse instante”.

Pacheco lamentou o ocorrido e a morte de uma pessoa. “Lamento se tem uma pessoa morta, manifestamos toda a nossa solidariedade e lamentamos sem conhecer as circunstâncias”.

Ele também lembrou os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, quando centenas de pessoas invadiram e depredaram o prédios públicos de brasília. “Foi muito triste e relevante e mudou todos os padrões de segurança dos Três Poderes”.

O 2º vice-presidente da Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), suspendeu a sessão depois de receber as informações das explosões e da morte. “Estamos com seguranças em todos os acessos para garantir a nossa saída daqui a nossos lares”, afirmou.

Explosão

Policiais militares fazem uma varredura na Praça dos Três Poderes após duas explosões terem ocorrido na noite de hoje perto do prédio do STF. O Corpo de Bombeiros confirmou a morte de uma pessoa.

A perícia também está no local.

O acesso de pedestres e carros à Esplanada dos Ministérios foi fechado em decorrência das explosões, que ocorreram por volta das 19h30.

Em nota, o STF disse que foram “ouvidos dois fortes estrondos ao final da sessão e os ministros foram retirados do prédio com segurança”. “Os servidores e colaboradores também foram retirados por medida de cautela”, acrescenta. O público que participava da sessão que analisava ação sobre letalidade policial em favelas foi retirado às pressas. As explosões foram ouvidas após o encerramento da sessão.

 

(Fonte: Agência Brasil. Foto: Reprodução)

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