Os dias de chuva não vão mais preocupar alunos e professores da Escola Estadual Profª Joelina de Almeida Xavier, localizada no Jardim Guanabara, na Capital. A 13ª escola reformada pelo projeto “Revitalizando a Educação com Liberdade” agora conta com um sistema de escoamento pluvial que vai deixar para trás os episódios de alagamentos enfrentados no local.
Realizado em parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen/MS), Tribunal de Justiça, Conselho da Comunidade e a Secretaria Estadual de Educação (SED), o projeto utiliza mão de obra e o dinheiro dos presos para a execução e o custeio da obra, já tendo garantido a economia de mais de R$ 11 milhões aos cofres públicos desde seu início, no ano de 2013, conforme cálculos da 2ª Vara de Execução Penal (2ª VEP).
Após quatro meses de reforma, foi entregue na ultima semana (5.4) a nova estrutura da escola, que funciona em regime integral e atende 215 alunos do 6º ao 9º ano. As obras também trouxeram como novidades a instalação de uma biblioteca e um refeitório para os alunos que, antes, faziam as refeições nas salas de aula, espaço que também era dividido com os livros encaixotados, segundo a diretora Rose Helena Padoa Barbosa, que revelou não ter conhecimento de uma obra de tamanha magnitude realizada anteriormente no prédio, com mais de 40 anos de existência.
De acordo com a diretora, antes da reforma, todas as atividades eram realizadas somente dentro da sala de aula, sem nenhum outro atrativo. “Agora podem explorar mais o espaço físico, que vai somar muito com o aprendizado e conhecimento de nossos alunos”, agradeceu emocionada, informando também que antes, a vasão das chuvas eram para dentro, o que alagava os pátios, impossibilitando transitar pelo local.
Os impactos positivos da melhoria do ambiente já estão sendo sentidos na rotina da escola. “Transformar a estrutura física motiva mais o aluno de estar na escola, instigando a vontade de estudar e permanecer no ambiente escolar”, afirma, reforçando que até a participação da família aumentou. “Antes, tínhamos uma média de 10 famílias participando das reuniões, e já na primeira reunião após a reforma, registramos a presença de 60 famílias”, comentou a dirigente.
Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, a iniciativa também reflete em benefício do sistema penal, pois oportuniza ocupação produtiva aos reeducandos, remição de pena e geração de renda. “Além de proporcionar uma nova profissão aos internos e alcance social com a junção do sistema penitenciário em benefício da educação”, ressaltou.
Na “Joelina de Almeida Xavier”, as obras foram executadas por 25 reeducandos em regime semiaberto, do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, sob a monitoração do policial penal Sandro Roberto dos Santos, que atua nesta função desde a reforma da primeira escola, e de uma engenheira responsável designada pela Secretaria de Estado de Educação (SED). Pelo trabalho, os apenados recebem remição de um dia na pena a cada três trabalhados e um salário mínimo pago pela SED.
Entre os trabalhadores, o reeducando Adailton da Mata Souza, 31 anos, atuou como servente de pedreiro e auxiliar de pintura, e vê a iniciativa como um meio de profissionalização e conscientização. “A gente aprende uma profissão, tem acesso a cursos, e podemos fazer a diferença, contribuindo com o futuro dessas crianças, que terão um local mais apropriado para estudar”, disse, reforçando que o projeto também é um meio de remir pena e garantir uma remuneração.
Idealizador do projeto, o juiz da 2ª VEP Albino Coimbra, destacou que o “Revitalizando a Educação com Liberdade” é resultado de um trabalho de várias mãos, “comprometidas com a educação e com a questão prisional”. O magistrado ressaltou que, além de fornecer a mão de obra para a reforma das escolas, os recursos destinados à compra dos materiais são oriundos do desconto de 10% dos presos que trabalham representando um investimento de mais de R$ 3 milhões ao longo de oito anos.
O projeto “Revitalizando a Educação com Liberdade” conta, ainda, com o apoio do o Ministério Público do Trabalho e o Senai, que oferece a formação gratuita dos presos no canteiro de obras.
(Com assessoria. Foto: Divulgação)