Com a proposta de levar humanização da pena através da arte, está sendo desenvolvido um projeto que incentiva a prática de atividades artísticas e culturais entre as reeducandas da capital.
O “Movimento Livre” é promovido no Estabelecimento Penal Feminino “Irmã Irma Zorzi”, por meio de parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur).
Com conteúdo de jazz contemporâneo e yoga, a iniciativa busca valorizar novos comportamentos através da reflexão e do autoconhecimento que a dança proporciona. Ao todo, 15 internas participam do projeto.
Ministradas pela bailarina e coreógrafa Suzana Leite, as aulas iniciaram esta semana e prosseguem até dezembro, com carga horária de 180 horas, distribuídas em aulas duas vezes por semana. “A dança desenvolve a coordenação motora, agilidade, ritmo, percepção espacial e fortalece a musculatura. Também reduz os bloqueios psicológicos, melhora a concentração, sensibilidade e a motivação”, defende Suzana Leite.
Para a diretora do EPFIIZ, Mari Jane Boleti Carrilho, ações como esta promovidas com as internas contribuem para a melhora da autoestima, da convivência e do respeito mútuo. “Através da linguagem corporal, poderão resgatar as emoções mais profundas, então aproveitem ao máximo”, incentiva.
Entusiasmada com as aulas, a reeducanda F.T., de 38 anos, revela que sua expectativa é grande para aprender novas técnicas. “Já tive uma experiência com a dança no passado, é empolgante essa arte e estou muito animada para fazer esse curso, que contribuirá com a nossa ressocialização com certeza”, comemora.
Além de terminar seus estudos dentro da unidade penal, a interna conta ainda, que já participou de outras capacitações como na área da beleza e oportunidades de trabalho interno que abraçou durante o cumprimento de pena. “Tudo isso tem ocupado a minha mente, remido minha pena e o somatório disso vai me impulsionar para novas vivências lá fora”, desabafa a reeducanda, que está em regime fechado há mais de sete anos.
Presente no evento, o secretário Municipal de Cultura e Turismo, Max Antônio Freitas da Cruz, ressaltou que esse é um trabalho de construção de muitas mãos com a sensibilidade voltada à inclusão social. “A intenção é trazer um sorriso no rosto através da dança, o corpo também fala sobre o que somos e, principalmente, o que queremos ser. A cultura faz isso, ela agrega, ela soma e ela ajunta”, destaca.
Em Mato Grosso do Sul, as ações desenvolvidas dentro das unidades penais que incentivem a reinserção social dos apenados são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária. Durante a abertura do projeto “Movimento livre”, a chefe da Divisão de Assistência Educacional, Rita de Cássia de Souza Argolo Fonseca, agradeceu o apoio de todos os parceiros envolvidos na iniciativa. “Essa oportunidade é muito importante, é momento de integração, de reencontro e de amor. Desejo um excelente trabalho e que novos projetos possam surgir a partir desta parceria”, finaliza.
Na abertura do projeto, as internas puderam assistir a uma apresentação de dança oferecida pela Sectur. Também participaram a secretária-adjunta da Sectur, Clarice Benites, policiais penais e convidados.