Duas pesquisas, realizadas por uma acadêmica e um professor da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), de Campo Grande, foram aprovadas para a 20ª Conferência Anual da Associação de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola (ACBLPE). O evento terá como tema “Contactos linguísticos como continuum e continuidades epistemológicas na linguística de contacto” e acontecerá em setembro na Universidade de Augsburgo, na Alemanha.
A pesquisa da acadêmica Giulia Viana Lima, do Programa de Mestrado Acadêmico em Letras, tem como tema “Os Empréstimos Lexicais da Língua Portuguesa nos Livros de I & II Tessalónika em Tétum-Praça”, que busca analisar os empréstimos lexicais da língua portuguesa. Segundo a pesquisadora, o estudo possui caráter descritivo, e os resultados são apresentados de forma quantitativa e qualitativa, pois além de explorar os empréstimos linguísticos e quantificá-los, descreve quais são eles e a que campo semântico pertencem. “O estudo verificou e quantificou a presença de 15 campos semânticos tetumófonos afetados pelo contato do português. A partir desses resultados, conclui-se que as consequências do contato de línguas no contexto timorense e a importância que a língua portuguesa exerce no país”, explica Giulia Viana.
Já a pesquisa do professor Dr. Antonio Carlos Santana de Souza tem como tema “Africanismos e variação linguística em comunidades afro-brasileiras do Estado de Mato Grosso – Brasil”. A análise do professor fala de afrodescendentes em Comunidades Quilombolas de Mato Grosso (MT). “Neste trabalho, busquei observar a língua em uso na sincronia, em situações e localizações geográficas específicas. Os resultados da recolha de dados de caráter dialetal apresentam características que refletem o português do período colonial, como também evidências sobre o resultado do contato linguístico, para compreender a diferenciação do português falado no Brasil, na heterogeneidade de suas variantes regionais e sociais, em relação ao português falado em Mato Grosso. Tais amostras destas comunidades de fala resultaram de processos de mudanças induzidos pelo contato entre línguas, sem fazer dessa variedade linguística uma língua crioula, ou mesmo uma variedade linguística independente de sua língua-alvo, o português standard brasileiro. Os resultados obtidos nas análises das comunidades rurais, apresentaram predominância das variantes [+ afro] em uso real em ambos os sexos. Os resultados das análises na comunidade urbana, permitiu-nos identificar 110 vocábulos de origem africanas, comuns ao universo dos entrevistados”, conta o professor Antonio Carlos.
O professor ainda explica que a participação no evento gera a “visualização dos trabalhos e estudos realizados no âmbito do Laboratório Sociolinguístico de Línguas Não-Indo-europeias e Multilinguismo – LALIMU (certificado pelo CNPq) e direta pertinência do tema em relação às linhas temáticas da Conferência e da Associação (ACBLPE)”, concluiu.
(Com assessoria. Foto: Divulgação)