Brigadistas do ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) lutam há mais de 20 dias para apagar um incêndio no Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, que já chegou à divisa com Mato Grosso do Sul.
A luta diária é contra o fogo de turfa, fogo subterrâneo característico da região após as estações de seca e de cheia que criam camadas de matéria orgânica no solo, resultando em uma grande massa de combustível inflamável sob a vegetação.
O incêndio na superfície pode até parecer extinto, mas por baixo da terra o fogo tem se espalhado e avançado para uma área de difícil acesso para as equipes de combate às chamas. “É fogo para tudo quanto é lado”, disse uma fonte que não quis se identificar.
Os focos estão entre o Rio Cuiabá e o Rio Paraguai, com muitas áreas alagadas que dificultam a locomoção até o epicentro. A distância é de algo em torno de 20 km até chegar ao ponto onde o fogo de superfície aparece.
Percorrendo embaixo da terra, o satélite que monitora a situação tem dificuldades de auxiliar as equipes. Após apagar o incêndio, a fumaça some por dois ou três dias das imagens de monitoramento. Mas o fogo de turfa vai percorrendo por baixo da terra e reaparece em vários pontos diferentes nos dias posteriores.
Uma aeronave da equipe de combate ao incêndio está retornando à região de Boa Esperança. A preocupação é que o fogo de turfa consuma matéria orgânica, alastrando as chamas até a barra do São Lourenço. Até o momento nenhum animal foi encontrado morto. Estão no local 11 brigadista do ICMBIO e cinco militares do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso.
Nota oficial – Em nota, o ICMBIO confirmou que atualmente “o fogo está em duas frentes no interior do Parque: a Frente Rio Alegre, na parte norte, onde o fogo está confinado por áreas queimadas e barreiras naturais. O fogo nesta área é originado por causas naturais e não está sendo efetuado o combate, apenas monitoramento devido às dificuldades de acesso”.
“Na frente Rio Caracarzinho/Bélica, o fogo é combatido por seis brigadistas, cinco brigadistas do Parque Nacional do Pantanal e cinco bombeiros militares do estado do Mato Grosso. Por lá, os brigadistas abrem uma linha de defesa para evitar que o fogo chegue à sede e locais onde estão inscrições rupestres.”
Imagem de uma das câmeras de monitoramento do IHP (Instituto do Homem Pantaneiro) que detectam princípio de focos de incêndio já registram fumaça. (Foto: Divulgação)
Resposta – De acordo com a Defesa Civil de Mato Grosso do Sul, o IHP (Instituto do Homem Pantaneiro) emitiu um alerta sobre as chamas após detectar a fumaça no sistema de monitoramento de incêndios. “Recebi a informação do IHP e o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso está no local. Nós continuamos fazendo o monitoramento”, disse o coordenador da Cedec (Defesa Civil de Mato Grosso do Sul), coronel Fábio Catarinelli,
Já o comandante do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, Coronel Hugo Djan Leite, explicou que se o fogo retornar à região do Pantanal sul-mato-grossense, automaticamente, as equipes militares de Corumbá vão retornar ao combate. “Corumbá dá a primeira resposta e se precisar eles solicitam apoio de mais militares do Estado.”