Os fluxos migratórios permanentes para os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) diminuíram em 2020, ano de crise pandêmica, mais de 30%, para cerca de 3,7 milhões de pessoas. Foi o nível mais baixo desde 2003, informou hoje (28) a organização internacional.
Os indicadores constam na edição de 2021 do relatório International Migration Outlook, elaborado pela OCDE, que avalia o desenvolvimento recentes dos movimentos e políticas migratórias em 40 países, incluindo os 38 Estados (grande parte membros da União Europeia) que integram essa instituição fundada na década de 60.
A OCDE mostra que as alterações verificadas no campo das migrações foram impulsionadas principalmente pela pandemia de covid-19. O documento lembra que de 2020 para 2021 a maioria dos países-membros impôs restrições de viagens ou reduziu os serviços de imigração para conter a propagação do novo coronavírus.
A organização admite que “o real impacto” da pandemia de covid-19 sobre as entradas da chamada migração permanente no espaço OCDE poderá representar queda superior a 40%. Acrescenta que todas as categorias de migração permanente recuaram em 2020, com destaque para a migração familiar, que registrou declínio de mais de 35%.
“A migração laboral temporária também diminuiu drasticamente em 2020: a quantidade de trabalhadores sazonais no setor turístico caiu, em média, 58%, e as transferências entre empresas, 53%, enquanto o fluxo desses trabalhadores na agricultura diminuiu apenas 9%”, de acordo com o relatório.
Sobre a União Europeia (UE), a OCDE afirma, citando dados preliminares, que os movimentos migratórios dentro do espaço comunitário foram ligeiramente menos afetados, com diminuição de 17%.
Em relação ao número de novos pedidos de asilo apresentados a países da OCDE em 2020, o relatório revela diminuição de 31%, “a queda mais acentuada desde o fim da crise dos Balcãs no início dos anos 90”.
Pelo segundo ano consecutivo, a Venezuela foi o principal país de origem dos pedidos de asilo, seguido pelo Afeganistão e pela Síria.
O documento destaca ainda o “impacto muito forte” da crise pandêmica nos programas de recolocação e reinstalação de refugiados que, de 2010 para 2019, permitiram que mais de 1 milhão de pessoas que precisavam de proteção internacional fossem transferidas para um dos 38 países da OCDE.
“Apenas 34,4 mil refugiados foram reinstalados em 2020, dois terços a menos do que em 2019, o número mais baixo já registrado”, diz o relatório.