O Festival América do Sul chega a sua 17° edição. Neste ano, o evento será realizado entre os dias 9 e 12 de novembro, em Corumbá.
Trazendo culturas divergentes, unindo os povos e movimentando a Avenida General Rondon e o Porto Geral da Cidade Branca, o evento tornou-se um marco da região, e a expectativa de público para este ano é de 140 mil pessoas nos quatro dias.
O FAS produz ações que contribuem para a valorização da diversidade cultural e a promoção de debates de temas relativos à cidadania, meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. Além disso, é um espaço onde os artistas podem mostrar seu trabalho e expressar seus sentimentos por meio da música, poesias e artesanatos.
A exemplo disto, o festival dá espaço à cultura das ruas através da Batalha do Porto, que faz parte do evento desde 2019 com disputas de danças e rimas. A Mc La Brysa, de Dourados, foi campeã na batalha de rima em 2022 e recorda dos bons momentos que viveu em Corumbá.
“Eu amei demais o evento. Não só o evento em si, mas toda a vivência que a gente teve dentro da batalha, tanto na de MCs quanto na batalha de All Style (dança). A quantidade de mulheres e LGBTs que tinham também me deixou muito feliz. Eu nunca tinha ido a Corumbá, achei a cidade muito linda e a gente foi super bem recebido.”
La Brysa também lembra de outro momento que marcou sua passagem no FAS 2022 após vencer a Batalha do Porto. “Quando eu ganhei, veio um monte de criança me abraçar. Tinha muita criança assistindo o festival, muitas famílias também e foi muito ‘da hora’ ver a molecada crescer com isso”.
A MC reflete sobre a importância do Festival levar as batalhas para um palco tão importante. “É muito importante porque, crendo ou não, a gente ainda é muito marginalizado. A cultura já salvou muitas vidas das drogas, do crime. E levar isso para um público, de certa forma, leigo, que não entende a nossa visão, é muito importante para abranger realmente aonde a gente precisa estar”.
Na memória mais recente do festival, também participaram da edição passada a banda de reggae Rockers Sound System. Diego Manciba, um dos membros do grupo, recorda das vivências e do público que interagiu de forma surpreendente.
“Participar do Festival América do Sul foi uma experiência incrível e fundamental para nós, do Rockers Sound System. Levar a cultura do reggae para um Festival tão renomado é mais do que uma simples apresentação, é uma oportunidade de compartilhar as vibrações positivas e a mensagem de respeito, união e autenticidade que o reggae representa.”
Diego também conta que o evento proporcionou um palco significativo para difundir a paixão pelo reggae e celebrar a riqueza da cultura periférica que tanto os inspira. “O Festival foi uma etapa significativa em nossa jornada para espalhar essas mensagens positivas por meio da linguagem universal da música. E acho importante falar também que foi uma oportunidade valiosa para quebrar estereótipos e combater a marginalização muitas vezes associada ao reggae”.
Nascido e criado em Corumbá, João Gabriel Nascimento frequenta o FAS desde as primeiras edições, quando ainda tinha 14 anos de idade, e conta as experiências que viveu no evento. “Minha mãe me levava para alguns shows, oficinas, peças, na época eram dez dias de festival e eu preenchia meu tempo com todas as atividades que podia ir. Eu cheguei a ver palestras com o MV Bill, peças da Argentina, Uruguai, Bolívia, e daqui do País, Estado e cidade, cortejo do Cordel do Fogo Encantado, oficinas de malabares, audiovisual e graffiti.”
João, que gosta de participar da maioria das atividades proporcionadas pelo FASP, relata que a atmosfera da cidade se transforma quando o festival se aproxima. “Eu sinto que muda o clima da cidade porque traz para nós acesso a manifestações culturais e artísticas que fogem do nosso cotidiano. Embora Corumbá seja uma cidade essencialmente folclórica e expressiva nas suas manifestações culturais e tradicionais, quando rola um festival do porte do América do Sul é como se a gente pudesse potencializar essas manifestações mostrando para quem vem de fora, recebendo e tendo acesso às culturas que os outros países trazem para cá. Uma troca bem bacana, bem vivida eu diria porque costumo aproveitar cada atividade que é proporcionada”.