Está nas mãos do MPE (Ministério Público Estadual) a denúncia do PSOL de Mato Grosso do Sul contra o deputado estadual João Henrique Catan (PL). O documento protocolado nesta quinta-feira (9) pede a investigação do órgão após o parlamentar exibir o livro Mein Kampf, de Adolf Hitler, durante discurso na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul, na última terça-feira (7).
De acordo com a denúncia, Catan mostrou o livro de maneira “completamente demagógica e desnecessária, como forma de ilustrar seu argumento, acabou por legitimar um dos maiores símbolos da existência de uma ideologia que culminou nos horrores da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, ferindo princípios constitucionais do Estado Democrático de Direito e a dignidade do cargo”.
O PSOL ressaltou ainda que a desculpa do deputado de que a fala ocorreu fora de contexto não diminui a gravidade do ato e que ao propagar a obra o deputado fez desserviço à sociedade.
A representação ainda cita, como fator preocupante relacionado ao tema, o estudo divulgado no início de 2022, da antropóloga Adriana Dias, especialista no assunto, que identificou um crescimento de 270,6% no número de células neonazistas no Brasil entre janeiro de 2019 e maio de 2021.
Em declaração oficial, a presidente do diretório regional do PSOL, Margila Leal, afirmou que o partido seguirá na luta pela defesa da democracia e contra qualquer posição ou movimento autoritário e que pregue ideologias preconceituosas, racistas e fascistas. Que é dever de todo partido democrático e, portanto, de todas as lideranças partidárias, se manifestar contra atitudes como a do deputado.
A reportagem procurou o parlamentar para se manifestar sobre a representação, mas até o fechamento desta matéria ele não havia se posicionado. O espaço segue aberto.
Nesta quinta-feira (10), Catan afirmou que acionará mais de 50 portais de notícia que citaram seu discurso, segundo ele, de forma errônea. O parlamentar defende que fez menção à obra para comparar a apatia do posicionamento do Legislativo frente ao Executivo.
O presidente da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), Gerson Claro (PP), repudiou a manifestação e disse que a Casa de Leis irá prosseguir com o regimento interno em caso de provocação feita na corregedoria ou comissão de ética. Até o momento nenhum dos 23 deputados ou cidadão pediu a abertura da investigação no Legislativo.
Vale ressaltar que o deputado gaúcho Leonel Radde (PT-RS) acionou o MPF (Ministério Público Federal) com pedido de instauração de inquérito para apurar a conduta do mandatário sul-mato-grossense.
(Fonte: CampoGrandeNews. Foto: Divulgação)