“É gratificante para mim poder abrir a porta para mais de 44 reeducandos que trabalham registrados no Grupo Pereira, e que isso incentive outras empresas a darem oportunidades para todos aqueles que queiram mudar de vida”. Foi assim que o ex-detento Gustavo Gusmão, hoje encarregado no Fort Atacadista, encerrou sua fala durante a Cerimônia de Premiação da 7ª Edição do Prêmio “Benjamin Padoa”, no último dia 31. O prêmio celebra empresas e iniciativas que busquem reinserir reeducandos no convívio social e diminuir a reincidência no crime. O Grupo Pereira, que desde 2014 conta com um programa que já contratou mais de 400 reeducandos, foi o homenageado.
O Grupo Pereira iniciou as contratações no Bate Forte. Com a boa aceitação do projeto, incluiu também as lojas do Comper e Fort Atacadista em 2019. “Na época, fizemos sensibilização com todos os funcionários para que eles saibam como o projeto funciona e diminuir qualquer possibilidade de discriminação deste público nas nossas lojas”, lembra o diretor de Gente e Gestão, Paulo Silva. As contratações e processo de seleção são feitos pelo Conselho da Comunidade, órgão que promove a premiação, e que também é conhecido como o “RH dos reeducandos”. O Conselho leva em consideração o perfil da empresa e da atividade para escolha dos detentos e, por opção do Grupo, não se identifica o crime cometido, sendo a informação mantida em sigilo pelos órgãos competentes. “Contratar os reeducandos é mais uma forma que possuímos de trabalharmos o processo de inclusão na empresa. Assim, eles têm uma segunda oportunidade e podem sair do mundo da criminalidade, recomeçando uma nova vida”, afirma Paulo.
Para a empresa, o benefício é, além de contar com uma mão de obra trabalhadora e comprometida, a isenção de impostos. Ou seja, não são pagos tributos como 13° salário, férias, FGTS e INSS, o pagamento efetuado é do valor do salário mínimo, além da alimentação, uniforme, EPI e transporte. Já para os reeducandos há diminuição de pena, já que a cada 3 dias trabalhados é descontado um dia de pena “Mudou minha vida. Hoje estou regenerado, contratado e disposto a crescer mais e mais. Já estou no 2° semestre da faculdade de Administração”, conta Gustavo, orgulhoso.
Como parte das ações sociais com reeducandos do sistema prisional, existe ainda a Central de Manutenção de Carrinhos do Grupo Pereira. Foi inaugurada em 2021, no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira de Regime Semiaberto, em Campo Grande, o espaço com 600 metros quadrados, onde presos em regime semiaberto trabalham na manutenção dos carrinhos de compras de 20 lojas das bandeiras Fort Atacadista e Comper localizadas na cidade.
Com o apoio da Funap (Fundação de Amparo do Trabalhador Preso), o Grupo Pereira iniciou a expansão do projeto Ressocialização de Reeducandos para o Distrito Federal. Em fevereiro, seis reeducandos do sistema aberto domiciliar foram contratados para trabalhar como estoquistas e repositores, sendo três na loja Fort Atacadista em Taguatinga e três no Supermercado Comper Planaltina. A previsão é que ainda neste ano o programa seja ampliado na região com novas contratações.