Saúde

Perda de sobrinha fez condutor socorrista criar projeto para ajudar outras famílias nos primeiros socorros

Adolescente que participou de palestra conseguiu socorrer irmã mordida por cachorro

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Desafiar. No dicionário, significa propor um duelo ou combate à outra pessoa. Na vida real, a batalha, na maioria das vezes, pode ser consigo. Para Wanderson Escobar Colman, motorista de Ambulância do SOS Unimed Campo Grande, esta definição faz todo sentido.  

Foi em um dos momentos mais difíceis de sua vida que o condutor socorrista tirou forças para poder ajudar o próximo e evitar que passem pelo mesmo que ele. “Há um ano perdemos uma sobrinha de apenas quatro meses, ela engasgou ao se alimentar. A mãe dela não tinha noção nenhuma do que fazer. Quando a minha sobrinha faleceu, fiquei muito abalado, porque eu poderia ter ensinado a família a ter esses primeiros cuidados”, lembra o profissional.  

O incômodo pela perda deixou de ser apenas um sentimento e fez com que Wanderson tornasse palpável algo que sempre esteve em seu DNA: transmitir seus conhecimentos. Mesmo com poucos incentivos, e até mesmo algumas críticas, elaborou um projeto voluntário que tem o intuito de levar para dentro dos lares, de maneira simples e eficaz, o primeiro socorro. Não é à toa que o nome de seu programa é “Como se fosse um dos nossos. Primeiros socorros em ambiente familiar”

“A ideia é essa, levar para as famílias onde o filho vai saber o que fazer caso encontre o pai desacordado ou uma mãe saber o que fazer caso seu filho esteja engasgado. Abordo os temas mais comuns, como manter a calma, chamar o recurso correto e necessário, curativos, imobilizações, o que fazer em casos de desmaios, massagem cardíaca (identificação e procedimento) e desengasgo (manobras em lactentes, crianças, adolescentes e adultos)”, explica.  

Sobre suas aulas terem ensinamentos simples e precisos, Wanderson enfatiza que durante o primeiro socorro o que temos em casa pode salvar vidas. “Uso materiais que temos em casa para poder fazer de maneira simples e precisa. Uso revistas, pedaços de madeira, bonés, tipoia de camiseta e camisa, entre outros”.   

Por ser um projeto voluntário, o condutor socorrista relata que é difícil encontrar pessoas que o ajudem, e brinca dizendo que no programa que criou ele assume tudo, da logística à ação. “A palestra dura uma hora e meia e a ofereci no centro comunitário, que me recebeu. O que me segura um pouco de fazer mais palestras é o tempo, porque trabalho em dois empregos. Já a divulgação, eu faço por contra própria”, completa.  

Em vigor há apenas dois meses, o projeto de Wanderson já teve um grande feito, que, com certeza, tornou-se combustível para seguir em frente, levando para tantas outras famílias o conhecimento do primeiro socorro.  

“Uma família que participou da palestra contou que dois adolescentes estavam sozinhos em casa, os pais haviam ido ao mercado. Por um descuido, durante uma brincadeira, o cachorro da família mordeu o rosto da menina de 15 anos, fazendo um corte de média proporção, porém com bastante sangramento. O filho, de 12 anos, prontamente seguiu alguns pontos cruciais para o primeiro socorro: chamou ajuda de imediato e estancou o sangramento com um tecido, fazendo a compressão direta no local. Foi maravilhoso ouvir aquilo”.   

Por fim, Wanderson conta que criar e fazer parte deste projeto é inspirador. “Sinto-me vivo. E para mim, viver é ajudar as pessoas a viverem”.  

(Com assessoria. Foto: Divulgação)

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