A redução dos focos de calor e da área queimada no Pantanal este ano, em relação a 2020, é resultado do planejamento prévio de prevenção e combate aos desastres naturais no bioma pelo Governo de Mato Grosso do Sul, em uma ação articulada com os proprietários rurais. Este é o posicionamento do Sindicato Rural de Corumbá, maior município pantaneiro e com segundo maior rebanho bovino do País, totalizando mais de 1900 imóveis rurais.
“No ano passado não estávamos preparados, seja o estado, os proprietários ou organizações ambientais, pra enfrentar um incêndio de tamanha proporção em razão da seca extrema. Mas este ano, o Governo do Estado criou uma infraestrutura, investiu em equipamentos e nunca tivemos apoio como agora. O treinamento dos nossos funcionários está sendo fundamental na prevenção ao fogo”, afirma Luciano Leite, presidente da entidade ruralista.
No Pantanal de Corumbá, mais de 40 fazendas sediaram o treinamento dos trabalhadores rurais para a formação de brigadas realizado por duas guarnições do Corpo de Bombeiros. O sindicato rural do município estima que mais de 200 peões foram capacitados com aulas teóricas e práticas de campo, entre maio e julho, incluindo também noções de primeiros socorros. A ação incluiu levantamento dos acessos (estradas e pistas de pouso).
Uma operação de guerra
“É uma iniciativa inédita do governo, cujos efeito podemos observar no controle de incêndios este ano”, disse Luciano Leite. “A formada dessas brigadas nos dá um pouco mais de tranquilidade, sabendo que podemos combater o fogo com conhecimento e eficiência, não dependendo apenas dos bombeiros, os quais, muitas vezes, não conseguem chegar no foco. Hoje todas as fazendas estão unidas e equipadas para enfrentar os efeitos da seca”, frisou.
O dirigente ruralista destacou, ainda, que hoje o produtor rural tem assento aos organismos controladores dos focos de calor, como a Sala de Situação criada pela secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), e cumpre as metas preconizadas pelo Ministério Público. “O Estado se aparelhou e não está medindo esforços para controlar o fogo com uma base permanente em Corumbá”, pontuou.
A movimentação de aeronaves e guarnições de bombeiros na cidade pantaneira, segundo Luciano, é uma demonstração clara da ação efetiva do Governo do Estado na defesa do Pantanal e sua gente. “É uma operação de guerra, envolvendo também a Marinha e o Exército na parte logística. Sem esse apoio teríamos sérios problemas, pois a seca persiste e grande parte da região do Taquari secou e concentra uma massa combustível sem precedentes”, frisou.
Combate aéreo é ampliado
A Operação Hefesto, que completa 84 dias de combate e prevenção aos incêndios florestais no Pantanal, envolvendo mais de 600 bombeiros, recebeu o reforço de mais 100 homens e duas aeronaves Air Trators, totalizando agora cinco equipamentos de combate aéreo operando na base de Corumbá. No domingo (26), a operação enfrentou várias situações extremas de fogo com 173 homens na linha de frente, 17 veículos e 707 equipamentos diversos.
No comando da Hefesto até o dia 9 de outubro, o tenente-coronel Vandner Valdivino Meirelles relatou momentos de tensão e também de emoções nos combates realizados nas últimas 48 horas. No sábado, uma extensa linha de fogo surgiu na região do Bracinho, margeando o Rio Paraguai-Mirim, ao Norte de Ladário. O incêndio foi controlado no domingo por 30 bombeiros, que caminharam mais de uma hora em meio à vegetação para chegar aos pontos de combate.
“Passamos a noite de sábado para domingo no combate direto, não tivemos o apoio aéreo no domingo devido às condições de visibilidade devido a fumaça, porém logramos êxito e mantivemos 25 bombeiros na região em trabalho de monitoramento”, adiantou o comandante.
Outro incêndio debelado foi na escola Jatobazinho, margem do Rio Paraguai, ao Norte de Corumbá, onde a chegada dos bombeiros, no sábado, foi providencial para impedir que o fogo atingisse a propriedade, que abriga 60 crianças das comunidades ribeirinhas em regime de internato. Durante combate ao fogo na Baía Vermelha (Serra do Amolar), um redemoinho surpreendeu os bombeiros e colocou a ação em risco devido a velocidade do fogo.