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Motorista de 79 anos é o mais idoso do Estado a ter a primeira habilitação em Dourados

Antônio Bezerra da Silva é o homem com a idade mais avançada a tirar a primeira habilitação

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Antônio Bezerra da Silva, 79 anos, não pisava em uma sala de aula há pelo menos 73, já que sua breve vida de estudante durou apenas até a segunda série, quando tinha por volta de seis anos de idade. Mas no início do ano passado, o idoso de opinião forte, já tinha “botado na cabeça”, que precisava tirar a habilitação. Isso depois de passar a vida dirigindo nas estradas rurais da região de Dourados, onde foi criado e formou família. Ele é o homem com a idade mais avançada a tirar a primeira habilitação em Mato Grosso do Sul.

Reconhecendo esse esforço e uma história que merece ser contada como exemplo de força de vontade e para celebrar o Dia Nacional do Idoso, comemorado neste 1º de outubro, a assessoria de comunicação do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), acompanhada da diretora de Habilitação, Lina Issa Zeinab, partiu rumo a Dourados para ouvir de perto essa conversa.

E foi na casa do seo Bezerra,  acompanhado da esposa, dona Gercelina Senna da Silva, 74 anos, rodeado pela filha e alguns netos, que a história começou a ser contada, provavelmente pela centésima vez, levando em conta que seo Bezerra se tornou muito popular junto ao CFC (Centro de Formação de Condutores) que o atendeu e as pessoas próximas.

“Eu já dirigia, minha filha. Aprendi sozinho! Já puxei muita tora com aqueles ‘caminhão’ velho, sabe?”, contava o recém habilitado. Acontece que ele passou anos trabalhando em fazendas e “naquela época”, as coisas eram “muito diferentes”, como ele diz. E com o passar do tempo, ele mesmo viu sentido naquele velho ditado: “Antes tarde do que nunca”.

“Pensei: eu tenho carro, vou dar um jeito de tirar essa habilitação, mesmo que eu sofra um pouco mais”, contou animado!

Só que o processo foi longo e cheio de desafios para um senhor que, apesar da boa saúde física e mental, já possui as dificuldades naturais da idade. Para ele, a sala de aula foi a pior parte. Reprovou duas vezes antes de conseguir passar. “A gente tem que ‘moringar’ muito. Na segunda vez, quando me falaram que eu tinha reprovado de novo, deu vontade de desistir, fiquei até nervoso”, reclamou. “Mas depois voltei atrás e falei que iria até o fim. Acho que Deus me ajudou”.

Depois começaram as aulas práticas e ele já se sentia o mestre da baliza. “Dois, três minutos”, ele garante que era esse o tempo que gastava para passar por elas. Mas aí, no percurso, ele acabava se dando mal. A própria diretora de Habilitação lembra que esse é um grande problema para os candidatos a habilitação que já sabiam dirigir antes do teste. “Eles chegam cheios de vícios e apesar da confiança, erram em detalhes importantes”, afirmou Lina.

Esse foi o caso do seo Bezerra. A primeira prova, esqueceu do cinto e acabou reprovado. Na segunda, não deu seta para virar. Apenas na terceira avaliação de percurso é que ele não esqueceu nada e foi aprovado. “Passei em primeiro lugar. Todo mundo ficou tão feliz que quis tirar até foto comigo lá na autoescola”.

Dono de um olhar azul incrivelmente feliz, seo Bezerra diz que o apoio da família foi muito importante para essa conquista. Dona Gercelina conta que ele chegava em casa nervoso, mas não desistia. “Eu tinha medo era que ele tivesse um treco no coração. Fazia até chazinho pra ele se acalmar”, desabafou entre uma gargalhada e outra. “Minha filha, você acredita que eu tenho aqui em casa dois netos que estão tentando tirar a habilitação há muitos meses e não conseguem? E meu velho conseguiu!”, contou cheia de orgulho. Mesmo com as dificuldades, o apoio da família sempre esteve presente e ele lembra que foi o mais importante para conseguir vencer.

No término daquele bate papo descontraído, que começou na calçada e terminou em uma mesa típica do interior com bolo e refrigerante, uma sessão de fotos ao lado do guerreiro, seu Gol Branco 1993. “Andei fazendo uns reparos e tá tudo certinho aqui. Dirijo sempre com cuidado e nunca me envolvi em acidente. O pior tipo de motorista é aquele desatento e sem consciência, mas eu não sou assim”, concluiu.

Para a diretora de Habilitação, Lina, essa é uma daquelas histórias que enchem o coração de fé na humanidade. “Deixamos a casa do Seo Bezerra com uma alegria muito grande no coração. É bom saber que existem exemplos como esse para os demais. Eu digo que o processo de habilitação não é difícil, ele apenas exige atenção, foco e entrega, além de muita responsabilidade, pois é isso que o trânsito precisa”,concluiu.

(Com assessoria. Foto: Divulgação)

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