O Julho das Pretas em 2023 chegou carregado de energias de resistência, lutas e conquistas. Trazendo o lema “Eu, Mulher Preta”, a campanha perpassa pelas instituições públicas e movimentos sociais.
E como forma de resgatar a história e o protagonismo da professora Raimunda Luzia de Brito, a Subsecretaria de Estado de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial homenageou na segunda-feira (10) a ativista sul-mato-grossense que abriu caminho para muitas meninas negras no campo da educação, contribuindo para o enfrentamento ao racismo, aos preconceitos e a todas as formas de violação de direitos.
Na abertura do evento, a subsecretária de Estado de Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial, Vânia Lúcia Baptista Duarte, relembrou a trajetória da professora Raimunda, que através dos projetos sociais na comunidade Tia Eva mudou a vida de muitas com crianças e adolescentes.
“Ela sempre nos falava, vocês tem que estudar, vocês tem que ir para universidade. A professora Raimunda foi a primeira mulher negra que nós tínhamos ali dentro da comunidade Tia Eva, com ensino superior. Que nos mostrava além da realidade da nossa comunidade, nos levando para dentro do Movimento Negro e para as causas da luta racial. Então trazendo essa responsabilidade que nós temos enquanto pessoa negra, enquanto mulher negra e a nossa contribuição para a sociedade. Ela foi muito importante na minha formação, assim como foi importante na vida de muitas pessoas”, ressaltou a subsecretária.
Raimunda Luzia de Brito é assistente social, advogada, mestre em serviço social e doutora em ciências da educação. Participa do movimento negro desde 1982, já sofreu muita discriminação por ser preta, mas não se intimidou e foi à luta. Foi coordenadora especial de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial de Mato Grosso do Sul e integrante da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra. É uma referência nacional na luta pela igualdade racial. E aos 83 anos de idade, traz em sua bagagem de vida muitos ensinamentos.
“Esse momento aqui, a força de vocês é que faz com que eu permaneça viva. Estou muito feliz em estar aqui hoje. Isso aqui é muito importante para cada um de nós, pois quando a gente está planejando, falando, a gente tem que pensar que o papai do céu está lá em cima nos dando força para seguir em frente. Acho importante quando a gente transmite para o outro o que aprendemos. O estudo, a persistência e a perseverança é muito importante. Não podemos baixar a cabeça”, afirmou em meio a emoção a ativista e homenageada.
“Eu sou também uma mulher negra, nordestina e conheci Raimunda aqui. O Julho das Pretas representa a construção e a força da mulher negra no Estado de Mato Grosso do Sul. E a trajetória da Raimunda, com quase um século de luta, nos faz refletir. É uma luta constante, mas também um novo tempo que nós esperamos. Que cada criança negra, que cada empregada doméstica que hoje não pôde estar aqui, que eu também fui, possam ter mais esperança, igualdade e direitos conquistados. Porque a cada segundo, a cada minuto, a gente vê a raça negra sendo morta, sendo agredida, sendo violada em todos os seus direitos. Esse é um momento de reconstrução, de esperança sobre a questão racial”, ressalta Maria do Socorro.
O evento contou com a presença do secretário da Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), Marcelo Miranda; secretária adjunta da Setescc, Viviane Luiza; subsecretária de Estado de Políticas Públicas para Mulheres, Cristiane Sant’anna; subsecretária de Estado de Políticas Públicas para Pessoas Idosas, Zirleide Barboza; subsecretário de Estado de Políticas Públicas para Juventude, Juan de Paula Nazareth; secretário executivo da Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos), Ben-Hur Ferreira; representantes do Coletivo de Mulheres Negras Raimunda Luzia de Brito; e ativistas do movimento negro, jovens do Programa Cidadania Viva e servidores da Setescc.