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Iniciativa desenvolvida em escolas estaduais estimula autonomia e protagonismo dos alunos

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As paredes coloridas da biblioteca e do laboratório de ciências emolduram os sonhos dos alunos da Escola Estadual 26 de Agosto, em Campo Grande.

“Bernardo”, o ‘menino árvore’ do poeta Manoel de Barros, “bateu assas e avoou” para realizar o seu maior sonho de “ser um arãquã para compor o amanhecer” do cerrado. É este poema que inspirou os alunos do projeto “Estudantes no Controle” – da CGE (Controladoria-Geral do Estado) em parceria com a SED (Secretaria de Estado de Educação) – e foi escolhido para fazer parte da nova área de leitura do espaço, que foi totalmente revitalizado.

“Eu acho essencial, porque aqui na escola, ainda mais na biblioteca, o pessoal não tinha muito contato com os livros, nem com a história. A gente escreveu textos de Manoel de Barros, que é daqui do Estado, e do Machado de Assis. Então eu acho muito importante a gente revitalizar os espaços, porque assim o pessoal tem mais acesso e tem mais vontade de conhecer esses lugares”, disse a aluna Thaisa Aparecida, 17 anos, do 3° ano do ensino médio.

Ela é uma das estudantes que fazem parte do projeto e contribuiu para que todo o planejamento fosse concretizado ao longo do ano.

O projeto fomenta a cidadania fiscal através da percepção do meio, identificação dos desafios e apresentação de propostas que promovam soluções, com o objetivo de incentivar e propiciar – de maneira lúdica e pedagógica -, a participação efetiva e direta dos estudantes na organização das políticas públicas.

“Eu amo muito o projeto porque eu me senti participando mais da escola e a gente deixa uma marca. É uma satisfação, uma alegria, porque o pessoal não ficava, então agora eles vêm, sentam, leem um livro. Antes eu não vinha aqui, aí depois disso eu venho, sento, converso, tem mais contato”, disse Thaisa.

Em meio ao cuidado do espaço e a leitura, a agente de biblioteca Dalgiva Kruki, afirma que a revitalização trouxe vida ao local e proximidade dos alunos com os livros. “Agora a gente tem movimento o tempo todo, os professores fazem as aulas aqui e os alunos frequentam, parecem que ficaram com mais vontade de ler”.

Com 185 alunos do 6° ano do ensino fundamental ao 3° ano do ensino médio, outro espaço revitalizado foi o laboratório de ciências, que também proporcionou melhorias para a rotina da escola. O local recebeu o nome de “Laboratório Neiva Maria Robaldo Guedes”, em homenagem a bióloga que atua em Mato Grosso do Sul e é responsável pelo projeto “Arara Azul”.

“Os alunos pesquisaram, leram a história dela e o trabalho que ela tem para preservar o Pantanal. E quando o espaço foi batizado a Neiva esteve na escola, conheceu os alunos, foi emocionante”, explicou a professora e coordenadora de Ciências da Natureza, Angelina Libório. “Os que participaram do projeto, gostaram bastante, principalmente porque eles não só pintaram as paredes, eles organizaram aqui dentro, a parte dos vidros utilizados e passaram a conhecer. Eles se envolveram, pintaram e descobriram bastante coisa aqui dentro”, finalizou a coordenadora.

Toda a ação que inspirou os alunos foi organizada pela professora de matemática e coordenadora do projeto, Soraya Maria da Silva, que resolveu contribuir para que os alunos se envolvessem e pudessem sair vencedores, após dois anos participando da premiação. “No primeiro ano que a escola participou, houve uma intervenção na cozinha, no ano passado a quadra de esportes passou por revitalização e agora conseguimos fazer a biblioteca, o laboratório de ciências e também reparos estéticos nos banheiros. O grupo de alunos do projeto participa, mas também envolvem todos os estudantes, que se sentem parte integrante”, disse a professora.

“Ajudei a pintar, fazer decoração de alguns armários, arrumar os móveis, catalogar livros. Eu quis participar, no ano passado vi outros alunos e me inspirei, pensei que é uma maneira de ajudar a escola”, afirmou o aluno Vinícius Souza, 18 anos.

A validação das ações pelos alunos contribuiu para o pertencimento de cada um em relação ao ambiente escolar. “O pensamento deles muda, têm mais preocupação em cuidar da escola. E isso faz eles se engajarem mais, tenham mais interesse em estar neste lugar. E autonomia, eles escolhem as áreas, os projetos que eles querem que melhorem a escola. Isso, é a escolha deles, então por ser a escolha deles, eles tendem a cuidar mais. E isso eu acho que é o principal resultado”, afirmou a coordenadora do projeto Soraya Silva.

Em outra unidade, na Escola Estadual Eduardo Perez, em Terenos, o projeto “Estudantes no Controle” também contribuiu para que os alunos se tornasse protagonistas das decisões que envolvem a escola. “O projeto trouxe para os estudantes uma visão muito ampla da importância deles como protagonistas, na tentativa de trazer mudanças do controle social na escola. Com essas ações que foram desenvolvidas ao longo do projeto eles conseguiram perceber a importância que eles têm enquanto cidadãos. Conduzir, orientar estudantes para promover ações que vai mudar o seu cotidiano, isso torna algo muito significativo”, afirmou o orientador do projeto, Claudeir Calvis.

“Ter essa acessibilidade de lazer, de favorecer o aluno no ambiente onde ele está pode ajudar no desenvolvimento educacional”, opinou o aluno Gabriel Alves.

E com a participação dos estudantes, algumas prioridades foram estabelecidas. “A horta é acessível, colocamos piso tátil feito pelos próprios estudantes, além da pintura da escadaria do acesso a biblioteca. Tivemos também vários espaços de socialização, é muito importante, pois a nossa escola é de tempo integral e na hora do almoço há uma necessidade muito grande desses espaços para que eles possam desfrutar”, disse Calvis.

“A melhoria não é só para mim mas para todos que estão aqui, é muito bom”, disse a aluna Júlia de Matos.

(Com assessoria. Fotos: Divulgação)

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