Política

Candidatos apostam no corpo-a-corpo e nas redes sociais para seduzir indecisos

Pelo menos 70% da população não sabe em que deputado votar ou adia até o último momento a decisão

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Nulo, branco ou decisão de última hora. É assim que grande parte da população está se posicionando em relação à escolha de candidatos a deputado estadual ou federal. Os postulantes, por sua vez, dão todo o gás que podem nessa reta final, seja corpo-a-corpo ou pelas redes sociais na tentativa de garantir o voto dos indecisos.

Pesquisa recente do Datafolha – 15 de setembro – mostra que 69% dos entrevistados não tinham escolhido em quem votar para candidato federal e 70% para estadual. E parece que ainda continua assim, já que pessoas ouvidas pelo Campo Grande News vão escolher de última hora ou nem vão fazê-lo.

Miqueila Ferreira Ortiz tem 37 anos e afirma que não definiu ainda em quem votar e nem pretende. “Sempre são os mesmos e acabei não olhando as propostas, porque também são sempre a mesma coisa”, avalia, afirmando que entre os candidatos há apenas “ataques” e assim, “a gente perde o tesão pela política”. Ela afirma ainda que deve votar apenas para presidente e governador, e anular as demais vagas.

Indo votar pela primeira vez, Anny Beatriz Ferreira, de 19 anos, ainda não escolheu seus candidatos e afirma que “está pensando em votar nulo em muitas das vagas, porque prefiro não fazer parte de alguma coisa que não acredito para não sentir culpa depois”. Para ela, a decisão precisa ser tomada com cautela e não votar “por impulso”. “Hoje em dia as pessoas estão votando por questões pessoais, e não é isso. Tem que votar pelo País”, avalia.

Já o jovem Paulo Ricardo, de 21 anos, apesar de ainda não ter definido seus candidatos, pretende pesquisar e escolher até o dia da votação. “Estou vendo ainda. Vou pesquisar para ter mais conhecimento e ideia das propostas”.

Federais – os candidatos, por sua vez, nesta reta final, têm até sábado (1º) para correrem atrás dos eleitores e tentarem seduzi-los. Concorrendo a uma vaga de deputado federal, o político experiente Waldemir Moka (MDB) afirma que ainda tem reuniões até sábado e que é nelas que pretende angariar mais votos.

“É pedindo aos amigos, às pessoas que nos conhecem e acreditam e confiam em nós e na nossa trajetória de experiência que falem de nós, que repassem a seus contatos o seu voto. Minha estratégia pessoal é falar direto com as pessoas e pedir que elas repassem isso para os amigos”, afirma. Para ele, a indecisão em relação às vagas

Também conhecido e já ocupando uma cadeira no Congresso Nacional como deputado federal, Dagoberto Nogueira (PSDB) afirma que está fazendo apelo por onde passa, pedindo aos apoiadores que entreguem panfletos e as colinhas “na tentativa de diminuir esses indecisos”. “Acredito que terá um alto índice de brancos e nulos para deputados”, lamenta. Ele avalia que a polarização tirou o foco dos candidatos ao legislativo, atrapalhando a escolha dos eleitores.

Também candidata a deputada federal, Camila Jara (PT) diz que está priorizando o corpo-a-corpo e “até sábado tem muito chão, muita caminhada e a estratégia é continuar até a reta final pedindo que as pessoas se envolvam, falem da candidatura para outras pessoas também”. Sobre a razão da indecisão dos eleitores, ela avalia que é fruto “deles não terem clareza da função dos deputados, que servem para cobrar o presidente e o governador”, sustenta.

Fábio Trad (PSD), assim como Dagoberto, tenta nestas eleições, manter sua cadeira Câmara dos Deputados, e afirma que nesse momento vai “intensificar o processo de massificação das propostas através das redes sociais e de reuniões políticas com o maior número de pessoas. É o único jeito”.

Comentando sobre o alto índice de indecisos, ele diz que é “natural e até compreensível que a atenção se volte aos cargos do Executivo, sobretudo neste período de polarização. Entretanto, cabe aos candidatos à proporcional trabalharem para ressaltar a importância dos cargos no Poder Legislativo, afinal quem julga um Presidente da República por crime de responsabilidade é o Deputado  Federal”.

Do PL, Marcos Pollon tenta uma vaga de deputado federal pela primeira vez e afirma que sua estratégia é confiar na pesquisa do eleitor e em seus anos de trabalho “sólido e concreto” junto ao presidente Jair Bolsonaro (mesmo partido). “Acredito na posição do eleitor em pesquisar e ver que temos muito trabalho realizado e isso por convencê-lo”.

Além disso, cita que a indecisão do eleitor se deve à espera por saber os apoios da família Bolsonaro nos Estados. “MS apoia maciçamente o presidente Bolsonaro e ontem ele mostrou seu apoio ao capitão Contar. E Eduardo Bolsonaro, em live que fez comigo, mostrou que confia no meu trabalho”.

Estaduais – o Campo Grande News também ouviu candidatos a deputado estadual. Paulo Duarte (PSB) disse ser “normal” o eleitor focar mais nos cargos executivos quando vão fazer suas escolhas e que talvez isso seja desconhecimento quanto à atuação do legislativo, “que é onde, de fato, as coisas são decididas”.

Também comentou que o objetivo nesses últimos dias é “andar, conversar muito, participar junto das pessoas e fazer campanha, literalmente, até o último minuto” e que vai aproveitar para ter contato pessoal com a população, mas também fazer campanha nas redes sociais.

José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, é candidato a uma cadeira no legislativo estadual e para ele o importante é fazer campanha corpo-a-corpo. “Faço muito esse trabalho de rua, entregando panfleto. Acho as redes sociais importantes, mas nada substitui o contato, o olho no olho”, sustenta.

Já ocupante de uma cadeira na Assembleia Legislativa, Carlos Alberto David dos Santos, o coronel David (PP), afirma que sua estratégia é “pedir voto até o último momento permitido pela legislação” e que “a demora acontece por duas razões, no meu entendimento: a polarização da eleição nacional e porque os eleitores estão mais atentos na escolha de seus candidatos. Querem saber quem são, o que já fizeram e o que estão propondo para a população”.

(Fonte: CampoGrandeNews. Foto: Divulgação)

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