A 15ª ostra Boca de Cena – Semana do Teatro e Circo de Mato Grosso do Sul, foi aberta oficialmente na noite desta segunda-feira (13.05) no Teatro Aracy Balabanian, com vários espetáculos e noite de homenagens aos trabalhadores do teatro e circo que se destacaram ao longo de sua trajetória.
As apresentações tiveram início às 18 horas, com a Performance: “Querô – Índia Mendiga”, na Sala Rubens Corrêa do Centro Cultural José Octávio Guizzo, com a atriz Alessandra Tavares. Alessandra explicou um pouquinho a inspiração para a sua performance.
“Plínio Marcos é sempre marcante, infelizmente sempre atual, ele sempre aborda essa questão dos excluídos, que são os menores abandonados, as prostitutas, os indígenas, que foi feita essa adaptação, porque na minha cidade [Amambai] não tem moradores de rua, as pessoas que vivem ali na rua são indígenas que têm problemas muitas vezes com álcool, então eu adaptei esse texto do Plínio Marcos para a minha realidade, sendo então a Querô, que é o texto original, e índia mendiga, que é essa adaptação desta indígena que mora na rua. Foi extremamente importante, fiquei feliz com o pessoal vir, assistir, embora a abertura oficial ainda ia demorar, achei super importante, uma oportunidade muito bacana para nós, artistas do interior, e assim, estar abrindo aqui a Mostra foi fantástico, passar a mensagem para o pessoal foi muito bacana”.
Logo depois, às 18h20, na calçada do Centro Cultural, foi a vez do teatro de rua com o Espetáculo Teatral “Tekoha – Ritual de Vida e Morte do Deus Pequeno”, do Teatro Imaginário Maracangalha. O ator Fernando Cruz, que também foi um dos homenageados da noite, falou sobre a emoção de abrir a mostra com a peça.
“Para nós foi uma emoção porque a gente conta a história de um lutador, e a nosso teatro é de luta, de resistência, como toda a arte ao longo da história da humanidade e retomar o teatro hoje reformado, bonito, com um ambiente agradável para receber o público e uma calçada dedicada à arte de rua em homenagem à Bia Marques. Foi um dia emocionante, esta parceria, circo, com a lona, a calçada para o teatro de rua, o palco para o teatro de palco, e a parceria com o Colegiado Setorial do Teatro e a Secretaria de Estado de Cultura, usando investimento público para a arte e ouvindo a categoria. Isso abre caminhos, é uma perspectiva positiva para a cultura e para a arte sul-mato-grossense e para o teatro e circo de Mato Grosso do Sul”.
Às 19h30, foi a vez da cerimônia oficial de abertura, no Teatro Aracy Balabanian. Anderson Lima, da Comissão Organizadora da Mostra Boca de Cena, falou sobre a importância de se ter uma organização plural para o evento.
“É até injusto a gente subir aqui representando a Comissão Organizadora porque essa Comissão é tão plural, tudo que nós fizemos até aqui a gente dividiu com o Colegiado, em assembleias, tentando reproduzir o que o colegiado construía de demandas, então somos muitos, muita gente do teatro, muita gente do circo, todos sintam-se aqui representados. Esta 15ª Mostra Boca de Cena marca um momento muito especial porque para quem trabalha com circo, nós tivemos a oportunidade de fazer um edital para selecionar uma lona e ganhar um circo completo, um circo de verdade. A gente agradece a parceria instituída com a Fundação de Cultura, com a Secretaria e com o Centro Cultural, o tempo todo nos ouvindo, nos atendendo da melhor maneira, fazendo tudo sem medir esforço algum para que a gente chegasse aqui em parceria, construindo junto, tudo que a gente pegava do Colegiado a gente levava para a Fundação de Cultura e nos orientavam para que caminho seguir, para seguir um caminho de tentar fazer uma mostra bonita, sobretudo valorizando a cena sul-mato-grossense de teatro e de circo”.
Fernanda Kunzler, do Colegiado de Teatro e Circo, disse que a Mostra Boca de Cena é resultado da luta, resistência e reivindicação da classe artística.
“Nós começamos a mostra numa energia tão bonita ali na lona da Mostra, ressaltando a importância deste momento para a gente enquanto categoria, pra gente do teatro, pra gente do circo, em especial pra gente que trabalha com isso. Sempre quando a gente consegue realizar a Mostra Boca de Cena tem um sentimento de ‘conseguimos juntos’, porque conseguir junto, conseguir coletivamente uma coisa é muito difícil, é desafiador. Este ano em especial a gente conseguiu um formato diferente, esse ano isso se abriu como possibilidade de a gente gerir os recursos que a gente mesmo vai demandar para as coisas que são necessárias para a realização da Mostra, e isso tudo feito nesses diálogos com os coletivos, com os colegiados, e a partir das demandas vindas de cada setor. A Mostra Boca de Cena é nossa, é resultado da nossa luta, da nossa resistência, da nossa reivindicação, do nosso querer coletivo”.
Luciana Kreutzer, cordenadora do Centro Cultural José Octávio Guizzo, estava muito emocionada, pois o teatro e o Centro Cultural ficaram fechados por mais de 8 anos e reabriram recentemente, depois de uma grande reforma.
“Além de coordenadora do Centro Cultural José Octávio Guizzo, já há oito anos, eu sou atriz também e também sou uma trabalhadora do circo. Dediquei a minha vida inteira, 25 anos da minha vida para isso. E precisei abrir mão disso para estar deste lado. Eu estou super emocionada que o Centro Cultural chegou neste momento, que a gente está conseguindo realizar esta Mostra. O Centro Cultural é este espaço que só existe porque vocês existem, porque existe público, porque existe a produção cultural, existem produtos bons e que estão cada vez melhores, existem os artistas apaixonados, resistentes. É uma alegria gigante estar de novo neste palco com este tanto de gente, com este tanto de coisas acontecendo. Estamos de volta e é daqui para o infinito e além”.
Eduardo Mendes, diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, em sua fala ressaltou a importância do Centro Cultural José Octávio Guizzo para as artes sul-mato-grossense.
“É um prazer estar aqui no nosso Teatro Aracy Balabanian, nosso Centro Cultural José Octávio Guizzo, foram anos de muita luta para hoje estarmos aqui, nós estávamos acompanhando a obra todos os dias, conseguimos inaugurar no começo de abril, mas a grande inauguração do teatro é hoje, é tendo vocês aqui, é tendo a classe artística unida, representada. A gente sabe o quanto o nosso governador Eduardo Riedel e sua esposa Monica gostam de cultura e entendem a necessidade de termos uma cultura forte. Eu acho que o Centro Cultural José Octávio Guizzo pode ser um centro de excelência na questão das artes, e hoje aqui a gente está falando de circo e também de teatro, e a gente tem muito a desenvolver”.
Marcelo Miranda, secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, salientou que esta edição do Boca de Cena eu acho que é um grande avanço.
“Construir junto com o colegiado é a cara desta gestão do Edu [Eduardo Mendes], que ouve o Fesc [Fórum Estadual de Cultura], que ouve todos os colegiados, atendendo a uma recomendação do governador Eduardo Riedel, ele fala muito isso, quem ouve mais erra menos. Eu acho que a gente precisa, para democratizar o acesso ao recurso público, a gente se aproximar cada vez mais dos colegiados que é realmente quem está lá no chão fazendo a arte. Contem com a gente, estamos abertos a ouvir e a construir juntos este novo momento da cultura”.
Após a fala das autoridades foi realizada uma homenagem aos trabalhadores do teatro e circo que se destacaram com seu fazer artístico nestas áreas. Fernando Cruz, Lu Bigatão, Malu Morenah, Laila Pulchério receberam suas merecidas homenagens e um certificado para ficar gravado como lembrança este momento tão especial em que seus trabalhos foram reconhecidos frente ao público sul-mato-grossense.
Logo após as homenagens o público pôde conferir a peça teatral “Os Corcundas”, de Breno Moroni. Ao final da apresentação, Breno, que também é um dos apresentadores da Mostra, falou sobre a montagem da peça.
“É um orgulho muito grande fazer a abertura, de qualquer mostra, de qualquer festival, é uma honra, é um privilégio. Esta peça eu escrevi a partir de vivências, eu morei em lugares que tinham feiras medievais, eu dirigia feiras medievais, ao mesmo tempo juntando com meus estudos de mínima, pantomima, expressão corporal no geral, e aí eu fui juntando as coisas e descobri aqui o Mauro e a Aline, assim que eu cheguei em Campo Grande e eu fiz uma proposta. Montamos a peça em duas semanas, tudo, da leitura do texto, à feitura de figurinos, os objetos de cena, e eu acho que o Circo do Mato está de parabéns, porque é uma companhia de repertório, tem vários espetáculos, e este talvez seja um dos mais antigos, já tem 12 anos deste a estreia”.
A Mostra Boca de Cena continua ao longo de toda esta semana, com espetáculos de teatro e circo gratuitos para todos os públicos. Confira AQUI a programação completa e participe!