A Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados realiza audiência pública na próxima sexta-feira (10) para debater o papel das mulheres indígenas no combate às ameaças a seus povos.
O debate integra a programação da “2ª Marcha das mulheres indígenas, mulheres originárias: reflorestando mentes para cura da terra”, que ocorre de 7 a 11 de setembro, em Brasília.
“Mulheres indígenas de diferentes povos e de vários estados chegam à capital federal para a marcha”, diz o presidente da comissão, deputado Waldenor Pereira (PT-BA), que propôs a audiência. “Queremos ampliar as discussões com as populações indígenas e com a sociedade em geral sobre o desrespeito recente com essa parcela da população”, ressalta.
“Ameaçadas pelo contexto de violência em seus territórios, algumas destas
lideranças denunciam ameaças de garimpeiros, além de invasões e até queimadas ilegais, a exemplo da terra indígena Munduruku, no Pará, onde a sede da associação e também as casas da comunidade foram afetadas”, afirma o deputado.
A primeira marcha, em 2019, reuniu 2.500 mulheres de 130 povos indígenas. O documento final desse encontro dizia “não basta reconhecer nossas narrativas, é preciso reconhecer nossas narradoras. Nossos corpos e nossos espíritos têm que estar presentes nos espaços de decisão”.
“Com participação de mais de 4 mil mulheres indígenas, a segunda marcha vai dar continuidade à mobilização nacional de luta pela vida, iniciada em 22 de agosto com a participação de 6 mil indígenas no acampamento Luta Pela Vida, até o julgamento do Marco Temporal”, diz Waldenor Pereira.
Debate
A audiência na Comissão de Legislação Participativa está marcada para as 10 horas, no plenário 2. O debate foi sugerido também pelos deputados João Daniel (PT-SE), Leonardo Monteiro (PT-MG), Maria do Rosário (PT-RS) e Professora Rosa Neide (PT-MT).
Foram convidadas para a audiência:
– a vice-coordenadora da Federação dos Povos Indígena do Estado do Pará (Fepipa) e representante da Associação das Mulheres Indígenas Munduruku, Alessandra Korap Silva Munduruku;
– a representante do Movimento Unidos do Povo e Organização Indígena da Bahia (Mupoiba), Eliane Patrícia de Sousa (Patrícia Krin Si Atikum);
– a representante das mulheres indígenas Mêbêngôkre (Povo Indígena do Norte de Mato Grosso), Mayalu Txucarramae;
– a representante da Articulação dos Povos e Organizações do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Luiza Canuto (Povo indígena Tabajara);
– a jurista Deborah Duprat.
Também está prevista a participação de representantes da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab), da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga) e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia (Coica).
(Com assessoria. Fotos: Agência Brasil)